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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

sábado, 30 de outubro de 2010

Pedras que rolam


Ronnie Wood sai da sombra dos Rolling Stones em seu sétimo CD solo


THALES DE MENEZES
EDITOR-ASSISTENTE DA SÃOPAULO

Ronnie Wood é um roqueiro das antigas. Tem 63 anos, os últimos 35 com os Rolling Stones. Depois de um tempo em que mais apareceu nas revistas de fofocas com namoradas décadas mais novas do que tocando suas guitarras, ele está de volta com um disco roqueiro... das antigas.
"I Feel Like Playing", seu sétimo solo de estúdio, traz riffs acelerados, tão rasgados quanto a voz esganiçada do ótimo guitarrista e cantor razoável, e convidados especiais da pesada, como Slash (ex-Guns N' Roses) e Flea (Red Hot Chili Peppers).
O álbum serve para mostrar como a passagem do Faces para os Stones, em 1975, sepultou o talento de Wood. Quando Rod Stewart, seu parceiro desde os anos 1960 no Jeff Beck Group, trocou o Faces por sua milionária carreira solo, ele se sentiu perdido e aceitou rapidinho o convite do chapa Keith Richards.
Ser Stone era um sonho, mas o monopólio das composições de Jagger e Richards inibiu Wood, que se limitou a tocar e encher a cara (e o bolso). Jeff Beck, ferino, disse que "Ronnie pegou o melhor emprego do mundo, mas vendeu a alma ao diabo".
Faz sentido. Seu disco solo mais interessante ainda é o primeiro, "I Got My Own Álbum to Do" (1974), antes de virar Stone. O mais recente, "Not for Beginners", de 2002, derrapou no repertório fraco. "I Feel Like Playing" resgata Wood para a nova geração.
Ali tem blues, soul, baladinha, até um pouco de reggae, mas é, na essência, um disco de rock sujo, de banda de boteco. Suas 12 faixas formam uma declaração de fidelidade à estrada do rock.

I FEEL LIKE PLAYING
ARTISTA: Ronnie Wood
LANÇAMENTO: ST2
QUANTO: R$ 26, em média
AVALIAÇÃO: bom

Fonte: Folha.com - Ilustrada

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

“A paz é um valor sem fronteiras.” João Paulo II


Pastorais se unem na Caminhada da Paz


As pastorais da Comunicação e da Juventude, de Ceará-Mirim, se uniram para dinamizar a divulgação da vigésima sexta Caminhada da Paz, marcada para 29 deste mês, com o tema: “construiremos a paz em marcha contra a violência”. Uma das ações conjuntas das pastorais é o sorteio de uma camisa do evento. “Os internautas devem enviar arquivo de texto, de im gem, de áudio ou vídeo, respondendo à pergunta: como construiremos a paz em marcha contra a violência?”, explica Adriano Israel, da Pascom.
Segundo ele, a participação será exclusivamente pela Internet, através do site da paróquia de Ceará-Mirim: www.nsconceicao.com.br. Os internautas devem produzir a resposta e enviar através do site. Outra forma de divulgar o evento é a venda das camisas, ao preço de R$ 15,00, que podem ser adquiridas na secretaria paroquial. Também está sendo promovido o sorteio de três bicicletas. O bilhete do sorteio custa R$ 2,00 e pode ser adquirido com os grupos de jovens. No dia 29, a Caminhada da Paz terá a participação do Pe. Francisco de Assis e do ministério de música “Anjos de Deus”, de Ceará-Mirim. A Caminhada também terá um trio elétrico no percurso, até a chegada na Matriz, onde a Missão Franciscana Rouxinol gravará o segundo CD, ao vivo.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

De mestre para mestre


Inválido


Por Ilton Soares (colaborador)


Outro dia estava em um bar com um velho amigo de longa data, quando este me falou que em um dado documento ele estava classificado como inválido. Confesso que fiquei abobalhado. Como uma pessoa como aquela, um exemplo de vida para mim poderia ser tida como “inválida”?
Aí, desconfiei do meu português e decidi consultar o dicionário ao chegar em casa. Pasmem, segundo o Aurélio, inválido é aquele “que não vale; que perdeu o vigor; mutilado ou paralítico.” Fiquei sem entender o motivo de tal classificação, pois o meu amigo não se encaixava em nenhum dos termos citados pelo dicionário. Então por que tal denominação?
Como alguém que consegue fazer uma graduação e mestrado em universidade pública, enfrentando dificuldades e pessimismos alheios, pode ser chamada de inválida? Como uma pessoa que, muitas vezes doa a si mesmo para ajudar os mais próximos, num altruísmo que às vezes não entendo, mas respeito, pode ser tachada de inválida?
Cheguei à conclusão de que a invalidez está no preconceito ou mente limitada de alguns, e na fraqueza de outros tantos, que desistem diante do primeiro obstáculo, da primeira pedra em seu caminho. Concordo que o meu amigo tem certa limitação, mas daí a chamá-lo de inválido já é uma insanidade. A invalidez está na nossa fraqueza de espírito, na falta de fé em nós mesmos, isto sim, nos tornam seres inertes, perdidos no vácuo da curta existência terrena.
Caro amigo leitor, este texto foi escrito com a intenção de levar a uma reavaliação da impressão que temos das pessoas. As aparências realmente enganam, e cuidado, não julguem a capacidade de alguém sem a conhecê-la de verdade.
O personagem “inválido” deste texto atualmente é professor concursado de uma universidade pública. Ah! Esqueci de contar um pequeno detalhe: ele perdeu completamente a visão desde os oito anos de idade.

Ilton Soares (iltonet@yahoo.com.br)

Foto ilustrativa: internet
Crônica também publicada no Goto Seco (link ao lado)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Saindo do papel... (pra lavar a alma)

“Eu saí da estrada há muito tempo atrás
Indo atrás de uma miragem que desapareceu
Só os loucos acreditam em fantasmas
Como amor eterno que alguém prometeu
Eu dei mais do que podia e isso não bastou
Mas um dia a gente acorda e a febre já passou.
E hoje estou de volta à vida,
Aos amigos, aos sorrisos, sob o sol.
E hoje estou de volta à vida,
Pra você essa canção da despedida.”
(Canção da Despedida - Leoni)


Papel Carbono


O projeto, na verdade, não é de hoje. Há um ano, nosso amigo, o professor Ionaldo Oliveira, vem tentando fazer esse sonho acontecer. Superadas algumas frustrações, fruto das reviravoltas da caminhada musical, sua nova banda finalmente vai aparecer. Com um nome bastante sugestivo - Papel Carbono -, o grupo pretende mostrar a essa juventude cópias fiéis de sucessos de todos os tempos e consagrados pela mídia. Com isso também quer incentivar as novas gerações a formarem novas bandas e que haja uma nova opção musical além dos gêneros já bastante explorados em nossa cidade. Para que isso aconteça de verdade, é preciso que as pessoas se disponham a dar uma chance a esse novo projeto. Afastado dos palcos há mais de quatro anos, quando a extinta banda Alma de Borracha deu o seu canto do cisne num Tributo a Raul Seixas, coincidentemente onde começou a sua história, ele resolveu formar essa nova banda, depois de enfrentar inúmeras dificuldades.
Só pra se ter uma idéia, antes mesmo de estrear nos palcos, alguns componentes foram substituídos. Muitas pedras apareceram pelo caminho, mas para quem tem a alma de artista a esperança de um “começar de novo” é sempre uma fiel companheira. Enfim, ele tem superado barreiras e diz que isso é só o começo. A banda é formada por dois ex-alunos seus: Augusto (guitarra solo) e Emerson (guitarra base), além de Alexsandro (baixo) e Marinho (bateria). Portando, o rock que por aqui andava meio sumido, só aparecendo de vez em quando pela força de grandes sonhadores, ao que parece, agora vai ter o seu revival com essa nova promessa que se chama Papel Carbono. E a estréia da banda se dará no próximo dia 27 (quarta-feira), no CLUBE UNISESP, onde tocará no Halloween do Ubaldo Bezerra, a partir das 20h. Vale apena conferir!
Cartaz do Halloween

Ao professor Ionaldo, que conheço de longas datas, companheiros que fomos em outras bandas; ele que sempre desempenhou muito bem o seu papel não só de vocalista mas também, de certa forma, de padrinho-mor de todos aqueles músicos, desejo a ele muito sucesso nessa nova missão. Que a vida desse carbono seja duradoura e que dele apareçam por aí, pelo bem da nossa juventude, muitas cópias de qualidade.

Créditos:
Texto: R&C (a partir de depoimento do professor Ionaldo)
Foto 1: internet
Foto 2: cartaz do evento enviado por Enéas

domingo, 24 de outubro de 2010

30 anos de menino

Menino Maluquinho completa 30 anos e Google faz homenagem


Por Edson Rocha

No mês de setembro o desenhos dos Flintstones completou 50 anos e o Google lembrou. Hoje, dia 24 de outubro, é aniversário de 30 anos do Menino Maluquinho e o site de busca faz a mesma coisa.
Criado neste mesmo dia em 1980 por Ziraldo, o personagem é um garotinho arteiro, sonhador e muito divertido. Ele surgiu em livros, mas foi parar nos quadrinhos e até no cinema. Em 1994 surgiu o primeiro longa e Samuel Costa interpretou o personagem. Em 1997 veio a continuação e Samuel voltou ao papel principal. Atualmente há um terceiro filme em estágios iniciais de produção.
Mesmo após completar 30 anos, o Menino Maluquinho continua sendo apenas... um menininho. Infelizmente a Editora Globo não publica mais os gibis do personagem, mas ele continua por aí e volta e meia sempre aparece em vários formatos. E sempre é possível encontrar suas aventuras nas livrarias e sebos de revistas antigas.

Fonte: UOL – O CAPACITOR

sábado, 23 de outubro de 2010

Conto de areia

Clara Nunes:
Uma guerreira no reino da MPB (2ª parte)

Por José Flávio (colaborador)

Um sabiá sentou-se num dos galhos de uma árvore próxima e soltou a maviosa voz numa canção. Agradeceu a Deus por aquele agradável momento. Passou os dedos entre os belos cabelos crespos e volumosos. Voltou os pensamentos novamente ao início da carreira.
Lembrou-se do dia em que dera a cartada decisiva. Sentara-se à mesa de reuniões com os grandes da Odeon. “Quero propor uma gravação de um LP que represente uma virada na minha carreira. Algo totalmente novo que represente uma ruptura com os trabalhos anteriores”. Os diretores olharam meio desconfiados aquela moça mineira, com ar de quem diz: “essa moça deve estar ficando louca”. Entretanto compraram a idéia de loucura contida naquela proposta. Negociação vai, negociação vem, chegou-se ao nome de Adelzon Alves para produzir os discos. “Mas Adelzon??!! O cara nem produtor é. O programa de rádio que ele apresenta é um sucesso, mas daí a ser produtor vai uma grande distância”. Não arredara pé. Queria o radialista para produzir seus discos. Era ouvinte do programa Adelzon Alves, o amigo da madrugada. O apresentador desenvolvia um trabalho interessante, cuja proposta era uma valorização da cultura nacional. Procurava mostrar compositores do morro, muito bons, mas que não tinham espaço na grande mídia. Muitos compositores e interpretes já haviam passado pelo seu programa; Cartola, Candeia, Nelson do Cavaquinho, Paulinho da Viola, Martinho da Vila. Depois de muita negociação o nome do radialista foi confirmado como produtor de seus discos. Começava aí a grande guinada na sua carreira e uma parceria que daria muitos frutos.
“Vamos provar a eles que você pode cantar samba”, dizia Adelzon. E a mudança se deu como que “da água pro vinho”. Fez uma mudança completa. Mudou o repertório, as vestimentas, o cabelo. Mudou geral. Nascia naquele momento a Clara Nunes, que se firmaria no imaginário popular; vestidos brancos longos e cheios de renda, colares, pulseiras, guias de santos da umbanda e do candomblé, turbantes. Um visual, que de certa forma, remetia à pequena notável, Carmem Miranda, com seus balangandãs.
O novo visual a aproximava das religiões-afro. Na construção dessa nova imagem artística estava contida a idéia de valorização da herança cultural e mística trazida pelos africanos para o solo brasileiro. Toda essa mudança de rumo atingiu o ápice com o lançamento do disco Clara Nunes, 1971. Sendo coerente com a sua proposta de trabalho Adelzon mesclou o novo com o antigo. Deu oportunidade a compositores novos como Gisa e João Nogueira, na música Meu Lema. O mestre Noel Rosa também se fez presente em Feitio de Oração e ainda trouxe do nordeste a parceria Zé Dantas/Luiz Gonzaga, em Sabiá. O disco foi um sucesso, vendeu de longe, muito mais que os anteriores. A mídia voltou os olhos para ela. Começava a ser o centro das atenções. O carinho do público começava a ser despertado. Ela, com sua beleza, sua voz, seu charme, carisma e simpatia conquistava a todos. Começava a brilhar, tal qual estrela cintilante, no céu da música popular brasileira.
O espírito a levou ao ano de 1973. Teatro Castro Alves, Salvador, Bahia. As luzes fortes do palco. O Violão de Toquinho. A voz de Vinícius de Moraes, falando suavemente:
E agora, eu gostaria que vocês curtissem um bocadinho, como eu curto tanto, essa moça maravilhosa aqui à minha direita: Clara Nunes. Uma moça que eu senti, cuja sensibilidade eu senti, desde que ela começou a cantar no Rio de Janeiro, e o timbre, a qualidade do tecido da voz dela me encantaram de saída. E eu senti que um dia deveríamos trabalhar juntos. E, realmente, é a primeira vez que isto acontece para grande contentamento meu. É com prazer enorme que eu trago para vocês, Clara Nunes... Acho uma das maiores cantoras brasileiras do momento, e das que tem mais possibilidades de fazer uma grande carreira, um grande caminho na canção popular do Brasil.
As lembranças agora vinham como a velocidade das águas cristalinas que descem em cascatas pelas cachoeiras.
O Fantástico, programa televisivo da Rede Globo, foi uma grande vitrine. Os seus videoclipes eram assistidos por telespectadores extasiados com a sua beleza e a força de suas canções. Os amores; Aurino Araújo (irmão de Eduardo Araújo, integrante da Jovem Guarda), que conhecera ainda em Belo Horizonte; Adelzon Alves; Paulo César Pinheiro, com quem trocara alianças. O problema no útero que a impediu de ter filhos. Os amigos queridos; Vinicíus de Moraes, Elis Regina, Sérgio Reis, Alcione. Uma águia altaneira rasgou o céu azul e branco. Ah, Portela, escola querida! Quantos amigos por lá! Os sucessos brilhavam como estrelas reluzentes. O álbum Alvorecer, 1974, a transformara numa das maiores vendedoras de discos do país. Aliás, todos os discos, a partir de 1971, foram coroados de êxito. Os grandes sucessos; Coisa da antiga, Morena de Angola, Conto de areia e tantos outros. O Teatro Clara Nunes, que felicidade! Por fim, as águas da cachoeira a levaram a Minas, terra querida... “quando vim de Minas trouxe ouro em pó...” Menina pobre, em Cedro, que depois passou a se chamar Caetanópolis. Pés descalços, no chão, brincando na areia com os irmãos. Outra hora, ajudando a mãe na cozinha. Filha de Manoel Pereira de Araújo(Mané Serrador) e Amélia Gonçalves. Uma luz dourada envolvia o momento de seu nascimento, em 12 de agosto de 1942.

***
Rio de Janeiro.
Madrugada. Dia 02 de abril de 1983.

Já haviam se passado vinte e oito dias de agonia. Durante todos esses dias, o marido, Paulo César Pinheiro, e a irmã Maria, que Clara chamava carinhosamente de Dindinha, foram presença constante. Dindinha era Kardecista e possuía grande sensibilidade, ou intuição, como preferirem denominar. Há quase um mês no Rio, cuidando da irmã, tirou um breve tempo para ir a Minas ver como estava o restante da família e a casa. Na volta, logo que entrou no CTI da clínica, percebeu que a irmã não passaria daquele dia. Em presença do médico, achegou-se para perto dela, e com os olhos cheios de lágrima, falou suavemente ao seu ouvido: “Maninha querida, você estava só esperando por mim, não estava? Fique tranqüila, já estou aqui do seu lado. Pode seguir seu caminho em paz pela eternidade”. Minutos depois, às quatro e meia da manha, os portais da eternidade se abriam para receber Clara Nunes, um ser de luz.
Bibliografia consultada:
Clara Nunes. Guerreira da Utopia/Wagner Fernandes – Rio de Janeiro. Ediouro. 2007
Revista Veja. Edições de 13 de outubro de 1982 e 23 de março de 1983
Artigos da Internet:
Tem Orixá no samba: Clara Nunes e a presença do Candomblé e da Umbanda na música popular brasileira. Rachel Rua Baptista Bakke . end: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-85872007000200005
As religiões de Clara Nunes: o canto como missão. Profa. Dra. Silvia Maria Jardim Brügger. end.
http://www.ichs.ufop.br/ner/images/stories/Silvia_Maria_Jardim_Brugger.pdf
Audiovisual:
DVD, Clara Nunes, os musicais do Fantástico das décadas de 70/80. Globo Marcas.
CD - Show Poeta moça e violão/Clara, Vinicius e Toquinho.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Claridade

"O mar serenou quando ela pisou na areia,
Quem samba na beira do mar é sereia.
A lua brilhava vaidosa
De si orgulhosa e prosa com que Deus lhe deu.
Ao ver a morena sambando
Foi se acabrunhando então adormeceu,
o sol apareceu.”
(O Mar Serenou - Candeia)



Clara Nunes:
Uma guerreira no reino da MPB (1ª parte)

Por José Flávio (colaborador)

Rio de Janeiro.
Sábado, 05 de março de 1983.

Na sala de cirurgia nº 03 da Clinica São Vicente, localizada na Zona Sul, e uma das mais conceituadas da cidade, a cirurgia para a retirada de varizes da paciente transcorria normalmente. O cantor e deputado Aguinaldo Timóteo havia se submetido a uma pequena cirurgia, uma semana antes, e esse era assunto da conversa entre a equipe médica, que, aliás, era de alto nível. Na parede da sala o relógio marcava 12h15. Duas horas e dez minutos haviam se passado, quando o cirurgião, o Dr. Antonio Vieira de Mello, assustado, chama atenção para um fato estranho: “O sangue da paciente está com uma coloração diferente!” Imediatamente, pede ao anestesista Dr. Américo Salvador Autran Filho: “Tire a pressão arterial, com urgência!”. Lívido, o anestesista constata um fato estarrecedor: “A pressão arterial está em queda. Veia femural sem pulsação. O coração da paciente está parado”. Seguem-se minutos de intensa agitação na sala. “Traz o desfribilador, rápido!” “Isso dá mais um choque no tórax da paciente” “O coração está reagindo!” A equipe enfim, respira aliviada. O cirurgião resolve então testar os sinais vitais daquela que estava deitada na mesa de cirurgia. Nada. Tentou mais uma vez sem sucesso. Os sinais vitais não funcionavam. A paciente havia entrado em coma. Era Clara Nunes, uma das mais belas vozes da música popular brasileira. Enquanto seu corpo era levado ao CTI da clínica, seu espírito viajava pelo tempo.

***

Era 1982. Sentada na varanda de sua bela e arborizada casa no Jardim Botânico, bairro de classe alta e média-alta, da Zona Sul carioca, lia com satisfação uma matéria sobre o próprio trabalho:

Culto Africano

Clara foge da rotina com uma boa idéia

Há dois anos a cantora mineira Clara Nunes adota uma inteligente linha de trabalho. Mesmo navegando com maior freqüência pelo samba carioca, que a consagrou como uma das grandes vendedoras de discos do país no meio dos anos 70, ela sempre consegue fugir a rotina: dona de uma voz cristalina e versátil empenha-se em fazer uma espécie de mapeamento da música brasileira, visitando gêneros diversos e evitando o fantasma da repetição. Em seu novo LP, NAÇÃO, Clara Nunes não abandonou essa trilha mas decidiu promover uma homenagem às raízes negras da música brasileira. Gravou lado a lado um ijexá, ritmo dos blocos afoxé do carnaval da Bahia em Ijexá, o samba exaltação Serrinha, e um samba de roda, em Vapor de São Francisco, que ganhou um singular arranjo sincopado. Escolheu letras que registram e festejam a negritude brasileira e moldou na voz uma entonação de reverência para pedir a benção de Mãe África.
...
A Proposta de Nação é corajosa. Trata-se da arma escolhida por Clara Nunes para fazer frente à pior crise de comercialização vivida pelo samba desde que saiu do folclore para as paradas de sucessos, em meados dos anos 70, ...
OKKY DE SOUZA

VEJA, 13 DE OUTUBRO, 1982
***
Fechou a revista. Não conseguiu disfarçar certo ar de felicidade. Era uma cantora consagrada pela crítica e pelo público. Uma das maiores vendedoras de discos da Odeon. Ajudara a derrubar um mito: o de que mulher não vendia disco. Antes dela só as vozes masculinas tinham vez no mercado fonográfico. Cantoras?! Ganhavam flores, coroas, aplausos. E só. Porém, o caminho até a fama não havia sido fácil. Tivera que batalhar, e muito, por cada espaço conquistado. Atravessara momentos difíceis, porém a fé em Deus havia ajudado a superá-los. Nascera em uma família católica que depois se converteu ao kardecismo. Com o decorrer do tempo aprendeu a conviver com os diferentes modos de elevar o espírito. Quando chegou ao Rio uma amiga a levou a um centro de Umbanda e ela logo se apaixonou por essa religião. Transitava com tranqüilidade pelo catolicismo, pelo kardecismo, pela umbanda e pelo candomblé. Os amigos falavam: “Clarinha, você é o ecumenismo em pessoa”. Realmente, não dispensava uma boa oração. Herança de família. “Como Deus pode ser propriedade de um grupo religioso se ele é totalidade, universo?”. Questionava.
Chegara ao Rio de Janeiro em 1965. Vinha cumprir um contrato com a gravadora Odeon. Havia vencido a etapa mineira do concurso A Voz de Ouro ABC. A grande final havia sido em São Paulo. Na ocasião, cantou “Só Adeus”, de Jair Amorim e Evaldo Gouveia. Conseguiu a terceira colocação. O resultado do concurso, comemorado com festa digna de uma vencedora, abria-lhe uma porta importante; como prêmio ganhava o direito de gravar um compacto pela Odeon com contrato assinado. Foi com grande alegria que, em 21 de Julho de 1965, entrava em estúdio para gravar o seu primeiro compacto simples, com as músicas Amor quando é amor e Ai de quem.
Em 1966, cheia de felicidade e confiança, gravou o primeiro Álbum A voz adorável de Clara Nunes. O trabalho resultou num disco cheio de boleros açucarados. Cantando aquelas músicas sentia-se um verdadeiro Altemar Dutra de saias. O álbum passou, praticamente despercebido. Ficou um pouco triste com o resultado do disco. Lembrou a sim mesma que uma mineira guerreira não deixava a peteca cair. Era preciso levantar a cabeça. Flertou com a Jovem Guarda, sem muito sucesso. Enveredou pela trilha dos festivais. Obteve algum êxito com a tentativa. Era um modo de não sair de cena por completo. O segundo álbum, Você passa eu acho graça, alcançou certa projeção, porém, nada do que se pudesse dizer: “Nossa, que sucesso!” Em 1969, outro fracasso. O Álbum A beleza que canta, vendeu apenas 5.500 cópias. Um sinal vermelho fora acendido. A Odeon estava insatisfeita com os resultados. Ela também. O sucesso a que tanto almejava parecia-lhe escorrer por entre os dedos. Estaria ela destinada a passar pelo universo da música como uma estrela sem brilho, dessas que gravam um ou dois discos e depois ninguém mais se lembra do nome delas? Algo precisava ser feito com urgência.

Bibliografia consultada:

Clara Nunes. Guerreira da Utopia/Wagner Fernandes – Rio de Janeiro. Ediouro. 2007
Revista Veja. Edições de 13 de outubro de 1982 e 23 de março de 1983
Artigos da Internet:
Tem Orixá no samba: Clara Nunes e a presença do Candomblé e da Umbanda na música popular brasileira. Rachel Rua Baptista Bakke . end: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-85872007000200005
As religiões de Clara Nunes: o canto como missão. Profa. Dra. Silvia Maria Jardim Brügger. end.
Audiovisual:
DVD, Clara Nunes, os musicais do Fantástico das décadas de 70/80. Globo Marcas.
CD - Show Poeta moça e violão/Clara, Vinicius e Toquinho.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

E se hoje não fosse essa estrada

Composição potiguar em novela global


Música interpretada por Zé Ramalho em Araguaia foi composta por Babal na década de 80

Sérgio Vilar

Babal é global. A rima é pobre, mas o significado é luxuoso. O compositor potiguar está presente na trilha sonora da recente novela Araguaia, da Rede Globo. "O amanhã é distante" é interpretada por Zé Ramalho. A música é uma versão de "Tomorow is a long time", de Bob Dylan. E Babal é mestre numa arte pouco debatida e até banalizada entre os músicos: a composição versada de outras canções.
A composição foi escrita em parceria entre Babal e Geraldo Azevedo em 1982 e gravada por Geraldo em 1985, no álbum A Luz do Solo. A música integra o setlist de Geraldo Azevedo em vários shows. Em recente CD em homenagem a Bob Dylan, Zé Ramalho gravou a música e foi selecionada à novela. "O amanhã é distante" é um folk bem encaixado no cenário ruralista do programa e respeita o ritmo original da música.
Boas versões exigem respeito ao ritmo original e ainda métrica e rima compatível. "Se fugimos do original, perde sonoridade. Se a canção tem estrofes cada uma de quatro versos e rimas entre elas, é preciso fechar o sentido da melodia ou fica solto no ouvido". Babal pesquisa antes de escrever. Alguns termos em inglês são incabíveis na língua portuguesa. Então, é preciso "abrasileirar" palavras, expressões e gírias.
"Halloween, por exemplo, não tem a menor importância pra gente. É como se fosse nosso São João. (Gilberto) Gil trabalha muito bem isso. Em "No woman no cry" (de Bob Marley), no lugar de 'In the government yard in trenchtown', Gil escreveu 'na grama do aterro sob o sol'. Isso porque 'government yard in Trenchtown' é jardim público de área periférica na Jamaica. Mas não no Brasil".
Babal remonta à etnografia para busca de expressões certeiras na substituição de outras expressões culturalmente significativas em outras línguas. "Portugal, antes de nos descobrir, foi dominado pelos árabes. Também temos muito de árabe. Então, há vasto caminho para a música. E se puxamos o fio da história, o linguajar da época, encontramos um rosário de acontecimentos. Isso é legal quando se coloca na composição".
Para Babal, a banalização e o desrespeito às versões originais merecem discussão aprofundada. "Dylan canta músicas de qualidade indiscutível. O último disco foi belíssimo. Melodias rebuscadas e simplicidade de outro mundo. As letras obedecem rimas. O que bandas de gosto duvidoso fazem é um desrespeito brutal: letras ridículas sem qualquer ligação com a composição original".
O compositor exemplifica a necessidade de ritmo e som nas letras com a música "Zanzibar", de Fausto Nilo. "Lendo, a música nada diz: 'No azul de Jezebel/ No céu de Calcutá /Feliz constelação/Reluz no corpo dela/ Ai tricolor colar'. Mas cantada, é linda. Poesia e música se fundem em alguns casos". E conclui: "Queremos trazer esse debate aos compositores potiguares. Pecamos muito porque queremos terminar uma composição. O assunto é vasto".

Fonte: Diário de Natal – Muito - Edição de domingo, 17 de outubro de 2010

Nota do blog: O jornalista Sérgio Vilar está certíssimo quando enaltece o trabalho do potiguar Babal. Apenas discordo quando ele, se referindo a “Tomorow is a long time”, composição do Bob Dylan versionada por Babal, incluída na trilha sonora da novela Araguaia na voz do Zé Ramalho seja fiel ao ritmo original. A gravação de Dylan consta apenas numa coletânea do cantor “Bob Dylan's Greatest Hits, Vol. 2” do ano de 1971, e é bem mais lenta. A gravação do Geraldo Azevedo, do álbum A Luz do Solo essa sim, é mais parecida com o ritmo original da canção.
Certa vez encontrei o Babal em Natal e o cara foi muito atencioso. Conversamos sobre Bob Dylan e ele na ocasião me mostrou várias versões que havia feito para canções do compositor americano. Quando o CD/DVD do Zé Ramalho em que ele interpreta Bob Dylan saiu, eu até pensei que pudesse ter mais versões do Babal. Mas as que saíram no álbum foram suficientes para mostrar o cuidado que ele tem em manter-se fiel à composição original. Quero lembrar também que Babal já participou conosco de um dos primeiros tributos a Raul Seixas e na oportunidade ele cantou Knockin’ On Heaven’s Door, clássico do Bob.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Mais uma vez

“Onde anda o tipo afoito
que em 1 – 9 – 6 - 8
queria tomar o poder?
Hoje, rei da vaselina,
Correu de carrão pra China,
só toma mesmo aspirina
e já não quer nem saber.”
(Os Profissionais – Belchior)


Vou te contar...


“Tem gente que gosta de opinar sobre tudo: do cocô à bomba atômica”, falou certa vez o Jô Soares. E não é bem verdade! Inclusive o próprio. Engraçado é que na hora de agir, de mostrar soluções, levantar uma bandeira, aí é que são elas. Mas as vezes não dá pra se calar mesmo. O silêncio pode ser bem pior.
Nesse Tributo a Legião Urbana, realizado no último sábado, no Centro Esportivo e Cultural de Ceará-Mirim, em determinados momentos eu senti um certo vazio. Não que faltasse material da banda capitaneada por Renato Russo, ou que não houvesse empolgação por parte dos músicos que tocaram no evento, mas por falta de um grande público. A banda homenageada e as que participaram da festa mereciam um reconhecimento maior. Senti falta sim, daquela gente que eu sei, comunga (ou pelos menos já comungou) com a mensagem da Legião. Um componente de uma das bandas ali presentes chegou pra mim e comentou sobre a ausência de um público maior da cidade. E é verdade. E assim como o cantor Belchior a gente também se pergunta: “donde están los estudiantes? Os rapazes latino-americanos? Os aventureiros, os anarquistas, os artistas? Os sem-destino, os rebeldes experimentadores? Os benditos malditos, os renegados, os sonhadores?” Será que ficaram presos em enormes barricadas feitas com o lixo que a cidade já não tem como comportar? Bom, são apenas suposições. O certo mesmo é que quem não compareceu ao CEC deixou de ver e ouvir músicos empenhados em (re)passar o recado dos poetas (poetas, entendam bem!) de Brasília.
Felipe Campos

Em momentos assim, fica quase
 impossível não se apaixonar

Quem não foi lá não viu, por exemplo, Felipe Campos encarnando o Renato Russo em sua fase do trovador solitário. Nada melhor para abrir um tributo a Legião Urbana se não dessa forma intimista. É quando o público presente começa a entrar no clima.
E o Felipe passa a bola (ou melhor, a música) para os “meninos” da banda KDA2. Sem querer bancar o puxa saco, mas para mim, a melhor banda daquela tarde/noite. Eu que conheço bem a história desse grupo, das buscas por um lugar ao sol, de tantas apresentações “de graça”, só pelo prazer de tocar, de mostrar um trabalho feito com muita dedicação, confesso que vê-los ali tão seguros, tão fiéis ao rock brazuca, isso me fez um bem danado. Esqueci até dos “senões” da nossa realidade.
Banda KDA2

Idéia genial essa de intercalar as apresentações com um som de DJ. Assim não ficam aqueles espaços em branco, infindáveis, que tanto atormentam os que só querem mesmo é ver e ouvir a banda tocar. Quase impossível não se deixar levar pela batida forte, somada aos efeitos das luzes. O momento era tão contagiante que até velhos roqueiros como Erivan Seixas e o sério empresário Ubiratan Severo foram para a “pista” arriscar uns movimentos. É a força da música, brother! São as boas vibrações.
Quem não se rende ao som do DJ Ghinão?!

Fiéis seguidores da Legião Urbana

Mobydick, única atração que veio de outra cidade, mesmo nadando num estilo musical que não parecia ser muito a sua praia, não fez feio não. Os caras rearranjaram alguns clássicos da banda homenageada que se encaixaram muito bem à “pegada” deles. Assim, misturaram Perfeição da Legião com Like a Rolling Stone de Bob Dylan, e ficou perfeito.

Mobydick com Giancarlo
Convidaram ao palco o grog Giancarlo Vieira que por sua vez, após interpretar Legião Urbana, chamou a sua filha, a pequena Giovana, para com ele também homenagear o rei do rock, Elvis Presley. E o anjinho botou todo mundo pra dançar. Beautiful!
Momentos que ficam guardados pra sempre

A banda Cosmo entrou em cena com uma certa dificuldade em equalizar o som dos instrumentos. Em alguns momentos ficava uma sonoridade tão grave que aniquilava a beleza das canções. Mas os caras se superaram e tocaram em frente. Deram o recado proposto e fica então a expectativa de uma próxima atração.

Momentos da banda COSMO
Seja o que for, com vida e saúde, eu estarei lá e levarei minha turma. Só não levo o meu cão por uma questão de segurança, mas aqui em casa ele que não é radical, e as vezes até parece “racional”, escuta com carinho o som que eu boto pra tocar.
Ah! Pra que ninguém esqueça, fica o registro: foi bonito ver as nossas crianças brincando na quadra do clube, alheias talvez ao som que rolava, mas de certa forma se fazendo presente. Um dia eu ainda escrevo só para elas.

Créditos:
Texto e fotos (exceto a primeira): R&C
Mais cobertura do tributo no blog GOTO SECO (link ao lado)

domingo, 17 de outubro de 2010

A flor e o espinho

"Até bem pouco tempo atrás
poderíamos mudar o mundo.
Quem roubou nossa coragem?"
(Quando o Sol Bater
na Janela do Seu Quarto
 - Daddo Villa-Lobos/Renato Russo/
Marcelo Bonfá)

Por enquanto...

...vai uma flor (sem espinhos)!

Um bom domingo para todos! Até amanhã (se o homem quiser!)...

sábado, 16 de outubro de 2010

Pirei!

Costumo fazer minhas dissertações nesse humilde blog, porém, rico talvez pelos detalhes das canções e pelos retratos, mas tudo feito de uma forma tão gratuita e desinteressada que muitas vezes nem percebo se alguma matéria posta aqui não surtiu efeito (aquele efeito bumerangue). Mas é claro que quando há um retorno positivo, o que felizmente sempre acontece no R&C, é motivo da gente se sentir feliz como um menino quando ganha um brinquedo. Hoje cedo, ao abrir a minha caixa de e-mail encontrei esse agradecimento e uma mensagem da professora Francisca Lopes. Não só fiquei feliz, eu pirei! Essa seria a expressão correta, em se tratando da minha pessoa, para expressar a emoção que senti ao receber o seu comentário. Eu é que agradeço.


"Oi, Eliel.
Eu não me contentaria com um simples comentário, em situações como esta. Permita-me ir um pouco além. Pois a sua gratidão aos seus ex-professores instigou-me a escrever sobre o tema em foco."
Francisca Lopes, Francisca Lacerda (que é
citada na matéria anterior) e Edvaldo Morais

SER PROFESSOR HOJE E SEMPRE

Ser professor é extrair do cansaço, a cada dia, a seiva que revitaliza os sonhos plantados, ao longo do exercício do magistério. É sobretudo crer naquilo que para muitos parece impossível. É gostar do que faz. É ver que mesmo o aluno menos aplicado é capaz de captar o ensino e transformá-lo em aprendizagem, para aplicá-la à vida futura. É somar ao amor ágape o desejo de transformar vidas. É olhar para trás e ver nas pegadas dos antigos mestres, "a sombra" que de forma segura projeta a certeza de que o saber se constrói na coletividade. Dividindo e compartilhando conhecimento com os outros que lhe cercam.
Ser único, nesse contexto, representa apenas uma incógnita para descobrir as inúmeras possibilidades de multiplicar esses conhecimentos adquiridos no tempo.
Ser professor é construir um caminho, não para si mesmo, mas abrir vertentes, desvendar encruzilhadas, iluminar e indicar a entrada e a saída nos labirintos que a vida prepara para muitos dos seus alunos. É, pelo menos, quando isso não for possível, deixar um rastro para ser seguido por quem precisar trilhá-lo.
Obrigada pela lembrança. A gente se sente querida e amada, nessas horas, independente da música que toca.
Mesmo não tendo sido sua professora - o que, sem dúvida, muito me orgulharia - senti-me lisonjeada entre os que foram, porque a demonstração de carinho e gratidão a todos que disputam, nesse louco mundo, dentre as profissões talvez a menos valorizada é um excelente presente. Tão valioso que moeda nenhuma do mundo pode comprar.
FRANCISCA LOPES (Professora)

Foto: Eliel Silva

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Ao mestre, com carinho

Dia do professor


Nossa homenagem

Eu seria de uma indisciplina imperdoável se hoje não falasse de vocês, mestres das nossas vidas. Meu caro professor, minha cara professora, vocês que na luta diária (às vezes sem glória), têm encontrado tempo para se refazerem dos ataques do “establishment” e buscam saídas alternativas, honestas, inteligentes, tornando-se super-heróis em áreas tão diversas. Assim alguns até se tornam blogueiros, e procuram repassar seus saberes de forma mais abrangente. A vocês, meus mestres do passado, em especial, aqueles com os quais convivi na época do “Estadual”, minha melhor escola, e que foram tantos: Lurdinha Oliveira, Iolete Lacerda, Janete Medeiros, Conceição Xandu, Paulinho (o eterno folião), Williams, Edvaldo, Francisca Lacerda, D. Genilva, D. Teresinha, Silvino, Fátima Moreira, D. Maria Luisa (que fazia questão de sempre nos lembrar que Deus existe)... foram tantos, e todos tão importantes para mim.

Queria, na simplicidade quase ingênua da letra dessa canção antiga, homenagear a todos, os de outrora, os de agora, os de sempre... Você que convive comigo, que trabalha comigo, e eu sinto a sua força fluir a todo instante. Que esse amor, talvez não esse de que nos fala a canção, que as vezes exige contatos epidérmicos para existir, mas aquele amor que acontece numa dimensão maior e dura por toda uma vida, possa sempre acompanhar a todos vocês. Feliz dia do professor!

Professor de Amor
(I Gotta Know)

Composição: Matt Willians / Paul Evans
/ Versão: Marcos Moran
/ Gravação: Roberto Carlos

Quero um brotinho seja como for
Tento ser bonzinho mas sem um amor
Eu não consigo beijar uma flor
Quero me tornar um professor
Mas de amor, de amor, de amor

Todos os brotinhos que querem amar
Antes é preciso na escola entrar
Pois para tudo há um professor
Eu já me formei sou professor
E de amor, de amor, de amor
Aprendam comigo de tudo sobre o amor
Façam o que eu digo e tirem seus diplomas de amor

Não esperem mais, chamem o professor
Vocês vão gostar de aprender a amar a domicílio
Seja onde for
Vocês vão gostar do professor
Ah, e muito mais do amor, do amor
Créditos:
Texto: Eliel Silva
Fotos: internet

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Coisas de balada

"João,
o tempo andou mexendo
com a gente, sim!"
(Comentário à respeito de John
 - Belchior / José Luis Penna)

Imagine, John Lennon aos 70:





Travessia

Quando da sua viagem a Minas Gerais, pedi ao amigo Edvaldo para que ele desse um abraço no Milton Nascimento por mim, caso o encontrasse. Milton não estava lá, mas na praça central da cidade de Tiradentes encontrou um cocheiro com sua charrete, sendo que ele é um verdadeiro sósia do cantor, e então fez valer o meu pedido, e com direito a foto. Valeu camarada!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O bom rapaz


Generoso, Elton John ajuda músicos desfavorecidos em Londres

POR FAMOSIDADES

RIO DE JANEIRO - Generosidade em pessoa. Assim podemos resumir o cantor Elton John. Conhecido por suas despesas excessivas com extravagâncias, a imprensa britânica revelou que o astro gastou algo em torno de US$ 1 milhão ao apoiar jovens talentos musicais desconhecidos.
De acordo com informações do jornal "The Sunday Times", o cantor bancou pessoalmente 42 estudantes na Real Academia da Música, onde ele mesmo aprendeu música clássica quando tinha 11 anos. O popstar iniciou os estudos na academia, mas não chegou a concluí-los, na época.
A maioria dos alunos é de origem humilde e não tem condições de estudar ali sem uma ajuda financeira. Por isso, John resolveu ser o padrinho deles.
Ele costuma assistir aos concertos dos estudantes e faz questão de os estimular pessoalmente.
Entre os apadrinhados está o tenor Allan Clayton, de 29 anos, que se apresentou com a Orquestra Sinfônica de Londres. Outro privilegiado é o violoncelista Jonathan Deakin, que se apresentou nos recentes "Proms", concertos de verão da BBC.

Fonte: Famosidades - http://entretenimento.br.msn.com/famosos/noticias-artigo.aspx?cp-documentid=25931826
Foto: internet

terça-feira, 12 de outubro de 2010

"Tenho as vezes vontade de ser novamente um menino"

" 'Inda' garoto deixei de ir à escola
Cassaram meu boletim
Não sou ladrão , eu não sou bom de bola
Nem posso ouvir clarim
Um bom futuro é o que jamais me esperou
Mas vou até o fim."
(Até o Fim - Chico Buarque)


Alguém que tenha olhado para esta foto, naquela segunda metade dos anos 60, certamente comentou: “esse menino vai ser bom de bola.” Que nada! Nunca cheguei a ser um craque. Já aqui na cidade dos verdes canaviais, muitas foram as peladas que participei com a meninada de então. Fosse no campinho da subestação ou no da “casa velha” (onde hoje fica a praça da Intendência) todo santo dia eu estava lá. Gols foram pouquíssimos, dribles e blefes quase nenhum. Mas os passes, aí sim, foram inúmeros. E o bom disso tudo é que eles me fizeram mais solidário. Até hoje, nesse jogo infindável da vida, vez em quando me pego a passar a bola pra alguém. O gol? Ah, isso a gente pode ver pouco antes do apito final.
Que a Senhora de Aparecida abençoe hoje e sempre todas as nossas crianças e também àquelas que ainda somos dentro de nós. Tenham todos um bom dia!

Créditos:
Texto: Eliel Silva
Foto: Arquivo da família

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

URBANA LEGIO OMNIA VINCIT

"É preciso amar as pessoas
como se não houvesse amanhã.
Porque se você parar pra pensar,
na verdade não há..."
(Pais e Filhos - Dado Villa-Lobos
 / Renato Russo / Marcelo Bonfá)

Renato Russo

Seriam apenas quatorze anos sem Renato Russo, mas na verdade parece que ele partiu há mais de dez séculos. Esse sentimento de longa ausência é explicado pelos laços que o grande poeta deixou em nossos corações. Renato Russo representou muito bem sua geração, ou melhor ele estava acima de tudo, estava na verdade sempre a frente de sua época. Suas canções sempre serão atuais, pois ao perguntar em uma de suas letras: - "Que País é esse..." - Nós no fundo de nossos perturbados corações só podemos dizer: - Ainda não sabemos que país é este amigo Renato.
Não sabemos por que você partiu antes de nos dar a resposta, mas se fez isso, fez com sabedoria, pois a resposta a essa pergunta só nossa força e união poderá dar. Mesmo assim, nestes quase 14 anos anos que viraram séculos para mim, estou cada vez mais órfão e como você disse: - "E nossa história, não estará, pelo avesso assim, sem final feliz. Teremos coisas bonitas pra contar, não olhe pra trás, apenas começamos..."
Valeu Renato, força sempre...
Paulo Nieri - 11/02/2010
Texto extraído do site LEGIÃO URBANA (http://raven1968.vilabol.uol.com.br/legiao.htm)
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Renato Manfredini Júnior nasceu no dia 27 de março de 1960 no Rio de Janeiro. Renato Russo é considerado por muitos fãs o irmão mais velho de toda uma geração. Uma geração que ele mesmo batizou de Coca-Cola. Desde 1985, quando a Legião Urbana lançou seu primeiro disco, até hoje, milhões de fãs, de diversas idade, classes sociais e culturas diferentes se sentiram profundamente tocados pelas letras do cantor.
(...)
No dia 11 de outubro de 1996, 1h15, morre Renato Russo em seu apartamento na rua Nascimento Silva, em Ipanema, no Rio de Janeiro. A Legião Urbana acaba oficialmente uma semana depois, deixando milhões de fãs órfãos.

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No próximo sábado, 16/10/2010, aqui em Ceará-Mirim, mais uma vez acontecerá o já tradicional Tributo a Legião Urbana, no Centro Esportivo e Cultural (o clube dos tributos). Abaixo, o cartaz com os detalhes do evento:
Mobydick
KDA2
 
Créditos:
Textos e informações: sites da Legião Urbana (oficial e não oficial)
Cartaz do evento em CM: enviado por Herminho (KDA2)
Fotos KDA2 e Mobydick: Eliel Silva