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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

sábado, 31 de dezembro de 2011

Epitáfio...



"Meu Jeito"
My Way (Claude François/Jacques Revaux/Paul Anka)

E agora o fim está próximo
Então eu encaro o desafio final
Meu amigo, Eu vou falar claro
Eu irei expor meu caso do qual tenho certeza

Eu vivi uma vida que foi cheia
Eu viajei por cada e todas as rodovias
E mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito

Arrependimetos, eu tive alguns
Mas então, de novo, tão poucos para mencionar
Eu fiz, o que eu tinha que fazer
E eu vi tudo, sem exceção

Eu planejei cada caminho do mapa
Cada passo, cuidadosamente, no correr do atalho
Oh, mais, muito mais que isso
Eu fiz do meu jeito

Sim, teve horas, que eu tinha certeza
Quando eu mordi mais que eu podia mastigar
Mas, entretanto, quando havia dúvidas
Eu engolia e cuspia fora

Eu encarei tudo e continuei de pé
E fiz do meu jeito

Eu amei, eu ri e chorei
Tive minhas falhas, minha parte de derrotas
E agora como as lágrimas descem
Eu acho tudo tão divertido

Em pensar que eu fiz tudo
E talvez eu diga, não de uma maneira tímida
Oh não, não, não eu
Eu fiz do meu jeito

E pra que serve um homem, o que ele tem ?
Se não ele mesmo, então ele não tem nada
Para dizer as coisas que ele sente de verdade
E não as palavras de alguém que se ajoelha

Os registros mostram, eu recebi as pancadas
E fiz do meu jeito.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Talvez algum dia...


"Estrela, estrela
Como ser assim
Tão só, tão só
E nunca sofrer."
("Estrela, Estrela" - Vitor Ramil



Outra Viagem

Vi tantos anjos que passavam em minha mente, naquele momento em que ficamos somente nós dois. O tempo pareceu parar, mas somente ali, para nós, porque quando voltamos ao mundo material, tudo seguia o seu curso. E então já anoitecera. As luzes da cidade, feito estrelas tão perto de nós, nos denunciavam e nos mandavam embora de volta à vida real. Mas eu não me abalei como antes, e até quis ficar. Estar com você é assim, me bate forte um desejo de continuidade...
  
Texto: Eliel Silva
Imagem: Internet

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Mais um adeus...

"Estou com saudade de Deus
 Por favor me levem de volta, eu estou, 
Estou com saudade de Deus!"
("Cantiga de Saudade" - Pe. Zezinho, scj)



Padre Rui nasceu em 12 de abril de 1928. Está com  83 anos. Seus pais foram José e Maria, isto mesmo, José Arruda Miranda e Maria Furtado Miranda. Ele nasceu na cidade de Taipu – RN.
            Aos nove anos fez sua Primeira Comunhão, em Baixa Verde ( João Câmara), no dia 30 de outubro de 1937. Estudou no pré seminário da cidade de Angicos, e no ano  de 1948, ingressa no Seminário Maior onde cursa Filosofia e Teologia em Fortaleza, Ceará.
            Recebe o Diaconato em 21 de março de 1953 e neste mesmo ano, no dia 15 de novembro, Dom Marcolino Dantas ordena-lhe sacerdote em Natal, em frente à antiga Catedral, em missa campal. O Padre Rui  celebrara sua primeira missa na capela do Colégio Imaculada Conceição, em Natal e somente no dia 29 de novembro de 1953 é que visita sua terra Taipu para celebrar junto aos seus familiares e amigos.
            Ao longo destes seus cinqüenta e cinco anos de vida sacerdotal ele já trabalhou muito,  tendo sido Vigário cooperador da Catedral (1953), depois Vigário de Nísia Floresta e  Arês. No dia 6 de fevereiro de 1956 ele é nomeado Pároco de Ceará Mirim, assumindo também depois as  Paróquias de Taipu e Touros, sem ser desligado desta cidade.
            No ano de 1958  é nomeado Cônego Honorário do cabido da Catedral de Belém  (Pará), título que tem com muito orgulho. Foi diretor da Escola de Comércio de Ceará Mirim e do Instituto Imaculada Conceição,  diretor da Casa de Caridade São Vicente de Paula ( Abrigo dos Velhos), do Centro Social  Lecy Câmara, do Ginásio Industrial de Ceará Mirim ( hoje a Escola Mons. Celso Cicco). Cônego Rui também foi professor, tendo ensinado no Ginásio Industrial e no Instituto Imaculada Conceição.
            No ano de 1965 foi pela primeira vez à Europa e depois em 1978, em ambas visitou a Terra Santa. Sobre  Cônego Rui existem muitas histórias hilárias que não devemos deixá-las no anonimato. Precisamos registrá-las para a posteridade. Lembro-me que ele mesmo me contou que quando chegou a Ceará Mirim, em 1956, era com freqüência chamado pelas famílias para administrar o sacramento da confissão às mulheres grávidas de nove meses.
            Em princípio ele não entendia porque as mulheres queriam tanto se confessar no final da gravidez. Seria temor por um parto perigoso seguido de morte?  Não, os índices municipais  não indicavam que houvesse número elevado de mulheres mortas por parto. O que acontecia era que naquela época, devido às dificuldades de transportes, as mulheres tinham a tática de chamar o padre, pedir a confissão auricular e logo em seguida aproveitar a carona para que ele a levasse à maternidade, pois estava no limite da gestação, podendo a criança nascer a qualquer momento.
            E lá vinha Padre Rui em seu Jeep trazendo mulheres grávidas para a maternidade de Ceará-Mirim.
* Transcrito do blog do Higor Castro - http://blogdehigorcesar.blogspot.com/2011/05/monsenhor-rui-miranda-um-homem-servico.html

sábado, 24 de dezembro de 2011

Outro poema

"Hoje, eu ouço as canções que você fez pra mim
Não sei por que razão tudo mudou assim
Ficaram as canções e você não ficou..."
("As Canções Que Você Fez Pra Mim" 
- Roberto e Erasmo)

 

FIZ UMA CANÇÃO
Fiz uma canção
não foi de amor
não foi de paz
Foi de penar
de tanta dor
que o céu chorou
E eu vi o mar
se recolher
na sua imensidão
e não mais jogar
suas ondas na praia

Fiquei tão triste
sem perceber
Acho que perdi o amor de alguém
não vi ninguém se aproximar
Foi solidão, foi amor perdido

Conheci um alguém
e esse alguém me quis
Eu não liguei
o tempo passou
Eu fiquei...
Somente a solidão
me acompanhou
e as recordações
ficaram tão presentes
que o tempo parou
aqui dentro de mim.

Eliel Silva, 14.09.2000

domingo, 18 de dezembro de 2011

Adeus a "diva dos pés descalços"

"Deus que mandou você
Sabe o que fez
Eu recebo você
De braços abertos
Para reparti-la com meu povo
Graças a você o mundo inteiro
Já me consagra."
("Sorte" - Cesária Évora)

 Cantora Cesária Évora será enterrada na terça-feira

PRAIA, Cabo Verde, 18 dez 2011 (AFP) -A cantora cabo-verdiana Cesária Évora, morta no sábado aos 70 anos, será enterrada na terça-feira no cemitério de sua ilha natal de São Vicente (norte), informou no domingo uma fonte oficial.
Por toda a manhã de terça-feira, o corpo daquela que era apelidada de "diva dos pés descalços" permanecerá na residência familiar de Mindelo antes de ser levado ao cemitério, onde será enterrado às 17h00 GMT (14h00 de Brasília).
As bandeiras ficarão a meio mastro deste domingo até terça-feira nos prédios públicos das nove ilhas habitadas do arquipélago de Cabo Verde, localizado no Atlântico, a 500 km a oeste da capital do Senegal, Dakar.
O governo cabo-verdiano decretou no sábado luto nacional de 48 horas depois da morte da cantora.
O presidente da República, Jorge Carlos Fonseca, disse que ela era "uma das maiores referências da cultura de Cabo Verde".
Cesária Évora, muito fragilizada havia vários meses, pelo que deixou de se apresentar em setembro, morreu no sábado de manhã em um hospital de São Vicente no qual tinha sido internada no dia anterior.
 

Fonte: uol - http://musica.uol.com.br/ultnot/afp/2011/12/18/cantora-cesaria-evora-sera-enterrada-na-terca-feira.jhtm

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Sem lousa

"Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou."
(Giz - Renato Russo)

Brincando com giz


Tu me apareces de branco e eu assim, amarelado
Tenho as dores que o tempo resolveu me premiar
Estou tão longe dos sonhos e cruzas o meu caminho
Agora, é brincar com giz... Amanhã outro dia virá.

E então eu te encontro na rua e chegas tão de mansinho
Onde eu estou distraído. O que será isso? Eu não sei!
Mas agora é tão bom te ver e o tempo segue o seu curso...
Vou esperar a lua certa
Para colher os frutos desse meu amor.

Por vezes fico perdido nesse desencanto
Remoendo as desesperanças de Florbela Espanca
Tentando decifrar os segredos de Drummond
Brincando com essas coisas tão sérias,
As vezes a vida me parece um império burlesco.

Você já tem o meu coração
Deixa ao menos a minha alma comigo
Pra ela se entender lá com Deus.
Estou esperando contra toda esperança.
Brincar com giz é assim...
Logo vem a chuva e leva tudo embora.

(Eliel Silva - Maio/1999)
Imagem: Internet

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

In my life

“Todos esses lugares tiveram seus momentos
Com amores e amigos, 
dos quais ainda posso me lembrar
Alguns já se foram, outros ainda vivem
Em minha vida, amei todos eles.”
(In My Life – Lennon/McCartney)

 
Giancarlo Vieira - organizador 

Perdido em Abbey Road


Ouvir Beatles é muito bom. Ouvir alguém tocando Beatles também. Imagine numa tarde/noite você ter três bandas à sua inteira disposição, só para tocar as canções dos quatro rapazes de Liverpool. Posso dizer que foi um momento de puro êxtase, “um orgasmo inenarrável”, como costuma dizer o Tremendão Erasmo Carlos. As pessoas presentes àquela festa bonita podem confirmar o que estou a dizer. Para mim foi prazeroso pegar no tranco logo às cinco da matina para dar aquela força ao mano Giancarlo Vieira, organizador do evento. Dos primeiros momentos nos bastidores, com os amigos Erivan Lima, Vitoriano, Raimundo, Herminho, e a incansável Elba, até o último disco a ser devidamente encaixotado, a gente só guarda muitas emoções. A exposição com o acervo do Gian estava impecável, com todos aqueles LPs e CDs, livros, revistas e tantas coisinhas miúdas, mas de uma importância que nem dá para descrever.
Moby Dick
Com um tempinho a mais da hora prevista para o início, afinal estamos no Brasil e não na Inglaterra, a banda Moby Dick abre o show com o clássico “Help”; é que os rapazes pareciam bastante conscientes do lugar onde eles se encontravam: Ceará-Mirim!
E seguiram-se tantos outros hits. Alguns com aqueles refrões que grudam, outros nem tanto. Um verdadeiro show. Até ali eu não sabia que ia passar mal. Mas um mal no bom sentido. Se é que isso pode acontecer. É que a banda seguinte, Revolver, e isso eu não sabia, é a mais completa tradução da emoção de se tocar Beatles. Revolver, literalmente, me atirou no chão. 
Revolver
Divinos, maravilhosos em suas performances, aqueles músicos competentes, cada qual com a sua particularidade, com o seu mistério, fizeram todo mundo viajar no tempo. Eu mesmo me senti perdido em Abbey Road. 
A viagem nostálgica foi tão intensa que de repente me bateu um vazio, sabe... aquelas coisas de poeta aprendiz! 
Para mim era como se faltasse alguém alí, e pensando bem, as razões eram tantas... a começar pela ausência de alguns amigos (uns que até se foram para sempre) e que sentimos tanto.
Não sei por que diabos, em meio a tantas canções, no rádio do meu coração só tocava “Le It Be”. Enquanto isso, meu filho se divertia na quadra com seus amigos, desenhando no chão os seus heróis, e eu achei o máximo. Fui respirar um ar puro lá fora e fiquei a contemplar as estrelas no céu. Foi quando na rua vi uma menina passar com os seus diamantes. Seria a mesma da canção?! Aquela que brincava no céu?!
A partir de então mudei de sintonia e o meu coração já batia esperançoso no ritmo de “Here Comes The Sun”.
Grogs
Já era hora de ver a última banda fechar com chave de ouro aquele evento maravilhoso, que veio para ficar. Giancarlo, ele, o detentor de todo aquele acervo, fez bonito também, e não era pra menos. Os Grogs encerraram a festa, com seu vocalista já quase sem voz diante de tanta emoção e depois de mostrar pra todo mundo boa parte do repertório do quarteto fabuloso. Fecham-se as cortinas e a gente volta pra vida real, mas eu queria tudo outra vez. Deixa estar! 

Créditos:
Texto: Eliel Silva
Fotos: Gentilmente enviadas por Marcell
a quem agradecemos de coração 
pela contribuição
* Para mais detalhes sobre o I Tributo aos Beatles, realizado no último dia 10/12 (sábado), no Centro Esportivo e Cultural, na cidade de Ceará-Mirim, acesse o blog do jornalista IRAN COSTA - link ao lado.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Contos da lua vaga

"Tinhas um jeito tranquilo
de quem tem certeza daquilo que quer.
E convidaste a André, Pedro e João
e Tiago a mudar de mister..."
(O Pregador - Pe. Zezinho, scj)
 

No jardim

Naquele dia Ele estava só.
Quando cruzei o jardim
o encontrei orando.
Não quis incomodá-lo,
apenas acenei e segui adiante.
Foi quando ouvi uma voz suave
que dizia: "Amigo, espere!"
Parei imediatamente, 
como quem fica hipnotizado.
O Mestre veio a mim
e nos sentamos
num banquinho de pedra
Então Ele me falou de pesca e de barco,
Falou de paz, de amor e de perdão...
Ele me falou de céu.
Naquele jardim,
sob um suave perfume de lírios do campo
senti a vida resnacer.
Voltei para o meu Deus.

Texto: Eliel Silva
Foto: Internet

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Estória triste de uma infância


"Conheci as torres e os cemitérios
Conheci os homens e os seus velórios
Quando olhava da janela lateral
Do quarto de dormir."
(Paisagem na Janela - Lô Borges/Fernando Brant)


Crianças de ninguém

O que fazer numa tarde pálida
sem diversão nenhuma, numa cidade tão triste.
E a gente buscava se entreter no cemitério.
Eu gostava mais dos túmulos azuis,
ela preferia os túmulos brancos.
O tempo passava e a gente nem sentia
a noite se aproximar.

Descrevíamos em grafite no muro do quintal
cada peça da nossa coleção.
E a gente vibrava a cada nova “morada”
que os ricos mandavam construir.
Assim, eu e minha amiga, de olhos claros,
de cabelos longos e castanhos,
de sentimentos iguais aos meus,
encontrávamos em nossa brincadeira inocente
uma razão pra viver.
Naquelas tardes pálidas, de uma cidade triste,
num cemitério distante.

Até que um dia ela partiu, e eu chorei a sua falta.
Nunca aceitei o que lhe fizeram;
deixá-la sozinha naquele chão tão frio,
ela que tanto gostava dos túmulos brancos,
enquanto eu preferia os azuis.
Mas quando se é tão pobre somente a terra
não rejeita o abraço.
E ainda choro por ela que hoje se mistura com a areia fina.

Oh, amiga! Por que foste partir?!
Eles te puseram onde não querias
e eu nada pude fazer.
Será que ainda te restam os longos cabelos castanhos?
Ou será, amiga, que de ti nada mais eu terei?
Sai dessa lama e vem vagar comigo por aí...
A cidade continua vazia, muita gente está partindo,
e há novas campas a descobrir...

(Eliel Silva / 1985) 
Imagem: Internet