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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

terça-feira, 30 de março de 2010

Pra sempre, Jessé!

Se um veleiro repousasse,  na palma de minha mão, sopraria com sentimento e deixaria seguir sempre   rumo ao meu coração.  Meu coração, acalma de um mar, que guarda tamanhos segredos  de versos naufragados e sem tempo. Rimas de ventos e velas, Vida que vem e que vai, a  solidão que fica e entra me arremessando contra o cais.
Porto Solidão  - (Zeca Bahia/Ginko)

                Quando a era dos festivais parecia voltar, no início dos anos 80, através da Rede Globo, procurei acompanhar de perto (pela tv) aquelas emoções que quando criança, nos anos 60 não foi possível. Vibrava a cada programa do Festival MPB Shell/1980, especialmente quando chegou a etapa final. Grandes nomes de nossa música estavam sendo revelados. Um me chamava a atenção pelo potencial de sua voz: Jessé. Dava como certa sua vitória, com a interpretação da música “Porto Solidão” (de Zeca Bahia e Ginko). Porém, o resultado apontou em primeiro lugar “Agonia” (de Mongol), com Oswaldo Montenegro. Jessé receberia o prêmio de melhor intérprete.

O fluminense, de Niterói, Jessé Florentino Santos, ou simplesmente Jessé, que já havia gravado músicas internacionais com o nome de Tony Stevens, após o festival da Globo, começava a fixar seu nome no mural da fama. Chegou a gravar doze discos, com destaque para o álbum duplo “O sorriso ao pé da escada” e fazer shows por todo o país.

Certa vez eu estava na recepção de uma maternidade em Mossoró/RN, aguardando o nascimento de meu primogênito (Abrahão). Enquanto esperava fiquei lendo um mural que havia no local e lá tinha um cartaz anunciando show de Jessé na cidade, mais precisamente no ginásio da ACDP. Foi lá o único dele que assisti. Lembro de alguns detalhes: no início, todas as luzes se apagaram e nas potentes caixas de som ouviu-se sua voz ímpar entoar: “Concerto para uma só voz”. Logo depois, a pequena platéia que ocupava as arquibancadas foi convidada pelo próprio cantor para ocupar as cadeiras, praticamente vazias, que estavam em frente ao palco. Mesmo com o diminuto público, o artista deu tudo de si e realizou um grande espetáculo musical de quase duas horas.

Em 29 de março de 1993 perdemos Jessé. Ele foi vítima fatal de um acidente automobilístico na cidade de Ourinhos (SP) quando se dirigia para um show no Paraná. Nos deixou sem conseguir os louros da crítica especializada, porém com uma obra musical que estará sempre na lembrança dos que apreciam a boa música.

Quando eu  residia na “Rua São João”, em Ceará-Mirim, já no final dos anos 80, costumeiramente aos sábados, para consumir duas ou três “cuba libres” colocava na vitrola, com volume máximo, os long plays de Jessé que eram apreciados também pela saudosa vizinha Dona “Bibina”, a matriarca da família Néri, que confessava ser sua fã. Pra sempre, Jessé!
Edvaldo Morais - Março/2010.



Fotos: Internet
Montagem: Edvaldo Morais

domingo, 28 de março de 2010

Os embalos de sábado à noite

Pois é, ultimamente se tem enfrentado um calor intenso por aqui. A esperança era de que a chuva desse as caras, e não é que deu mesmo, mas logo nesse sábado, 27 de março, e bem na hora de uma programação cultural intensa. Mas isso não impediu que as pessoas interessadas e sedentas por novas atrações comparecessem a Estação Cultural Dr. Roberto Varela para prestigiar a apresentação da peça A casa dos vampiros, com produção e direção do diretor teatral Múcio Vicente.
Atores, caracterizados, recepcionam as pessoas presentes
Como se diz nos meios de comunicação a peça foi sucesso de público e crítica. Está de parabéns toda a equipe pela excelente performance de palco. O público foi ao delírio com o texto, principalmente quando partia para um certo deboche. Ao meu lado uma senhora sorria tanto que até contribuía para acrescentar um tempero à apresentação. Parecia fazer parte do elenco. Com o espaço lotado, foi necessário uma segunda sessão. Isso mostra que nosso povo aprova o teatro em nossa cidade. É preciso dar continuidade a essa iniciativa.

Diretor Múcio Vicente
Atores em cena

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Banda da noite
Espoxição do acervo da Legião e Renato
Seguindo com a maratona da noite, fui conferir a homenagem ao músico Renato Russo, que aconteceu na Academia do Eduardo Demétrius, no Largo São Vicente de Paula.
Carlos Henrique, Ana Kátia, Kelly (aniversariante),
Carlos Eduardo e Ilton Soares (aniversariante)
Amantes da música da Legião Urbana
Organizado pelo incansável Raimundo Roqueiro, o evento, simples mas bastante oportuno, serviu para lembrar a trajetória musical do trovador solitário da Legião Urbana, que nesse sábado, 27 de março, se vivo fosse, estaria completando meio século de vida. Foi um momento de reencontro de antigos roqueiros da cidade.
Grande encontro de velhos roqueiros:
Giancarlo, Eliel e Washington
Raimundo, organizador do evento
Convidados arriscam um improviso
Bem em frente ao local do evento, o circo do palhaço Fuxiquinho também um grande número de pessoas presentes se deleitavam com as brincadeiras bem humoradas do palhaço. As gargalhadas eram intensas, tanto que, curioso, também fui dar uma conferida.
Palhaço Fuxiquinho em ação

Público presente no circo
Para encerrar a programação desse sábado, ainda houve um encontro entre amigos para comemorar os 18 anos de carreira musical do músico Luciano Ameba, no espaço do amigo Gláucio. Foi uma programação imperdível em que, a natureza consciente, resolveu colaborar e a chuva assim deu uma trégua.

Fotos: Eliel Silva
Foto em que Eliel aparece: Ilton Soares

sexta-feira, 26 de março de 2010

Carpe Diem

"Colha o dia"


“Tolos”, disse eu, “vocês não sabem
que o silêncio cresce como um câncer...”
(The Sound of Silence –
O Som do Silêncio - Paul Simon)

"Jamais perca o seu equilíbrio

Por mais forte que seja o vento da tempestade
Busque no interior o abrigo."


Trecho da música "Ponto de Equilíbrio" da banda de mesmo nome.
• Enviada por Ilton Soares

Foto: Eliel Silva

quarta-feira, 24 de março de 2010

Há Tempos

Renato Russo



“Até bem pouco tempo atrás
poderíamos mudar o mundo.
Quem roubou nossa coragem?”
(“Quando o sol bater na janela do
teu quarto” – Renato Russo/Dado
Villa-Lobos/Marcelo Bonfá)


No próximo dia 27 de março, se vivo fosse, ele completaria 50 anos. Mas Renato se foi “cedo demais”. E foi no dia 11 de outubro de 1996, vítima da Aids. Deixou uma grande obra que serve de referência para uma legião de fãs (e também não fãs) do seu trabalho, da sua mensagem. E esse material está sendo relançado em formato também de vinil (já era tempo de revivermos aquelas belas capa, com toda aquela arte). Em CD, além dos discos do grupo, também um CD com duetos, outros com a trilha de Faroeste caboclo, filme de Renê Sampaio em fase de pré-produção. Também há o longa Somos tão jovem, dirigido por Antônio Carlos da Fontoura. E há ainda o documentário de Vladimir Carvalho, Rock Brasília, onde Renato Russo aparece como uma das figuras maus importantes. Tudo isso é mais uma forma perpetuar a obra da Legião Urbana, em especial, o legado do trovador solitário Renato Russo.

• Pesquisa feita a partir da matéria escrita por Sérgio Rodrigo Reis – Diário de Natal, segunda-feira, 22 de março de 2010. Muito - Pág. 12
 

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Há dezoito anos

Lembro-me como se fosse hoje. Naquela madrugada sua mãe sentiu os primeiros sinais de que você viria ao mundo. Saímos no meio da noite rumo à maternidade. Fomos à pé, mesmo. Era pertinho de casa. No caminho, na esquina da nossa rua com a Heráclio Vilar, em sua casa, sentado na área lendo um jornal, em plena madrugada, talvez fugindo do calor ou quem sabe conciliando uma insônia com a leitura, estava o saudoso João de Castro. Dei-lhe boa noite, porque não existe “boa madrugada”, e seguimos em frente. Na maternidade sua mãe foi atendida pelo Dr. Edvaldo, mas como já vinha sendo acompanhada por médicos da Maternidade Escola Januário Cicco, voltamos pra casa para seguirmos para lá. Liguei para Washington da praça, que chegou em poucos minutos. Fomos pra Natal. No caminho, ao passar pela casa dos seus avós maternos, uma paradinha para avisá-los. Como tínhamos pressa pulei a porteira fechada e fui dar a notícia. Eis que saem aquelas pessoas sonâmbulas e descabeladas e nos desejam boa sorte.
Na Januário Cicco a expectativa. E você só viria nascer lá pelas dez horas da manhã. Para aqueles marinheiros de primeira viagem foi uma experiência e tanto.
E então vieram as primeiras palavras, os primeiros passos, a primeira professora. Mais tarde as primeiras paqueras, o primeiro namorado, o primeiro amor que, felizmente, foi passageiro. Hoje tudo está tão claro, existe uma consciência maior, uma paz interior. Na escola uma conquista: ser aluna do IFRN (antigo CEFET). Agora é caminhar tranqüila, com a certeza de que seu pai, sua mãe, seu irmão, parentes (nem todos) e os poucos amigos estarão com você. “Força sempre”. Feliz aniversário, minha Isabel!

Fotos:
Renato Russo - Internet
Bel - Eliel Silva

segunda-feira, 22 de março de 2010

Estação Cultural

Cancão de Fogo
A Estação Cultural Prefeito Roberto Varela de Ceará-Mirim ficou lotada para a apresentação teatral no último sábado (20/03). Conforme fora amplamente anunciado, o grupo de Teatro UnP ENCENA, de Natal, com cerca de 35 participantes, dentre eles o cearamirinense José Alexandre, aluno da UnP, apresentou o espetáculo "Cancão de Fogo". Texto do dramaturgo e poeta Jairo Lima, sob a direção da Professora Ana Francisca Oliveira.
A peça foi inspirada em folhetos da Literatura de Cordel. Um personagem marcante do teatro popular nordestino, Cancão o "super herói", o "espertalhão" que consegue enganar a todos, menos a morte! Envolvendo vários personagens típicos do nordeste, o espetáculo, com oitenta minutos de duração retratou situações de uma época, porém ainda presentes numa realidade atual.
Evento beneficente, realizado pela Secretaria da Juventude, Esporte, Cultura e Lazer, através da Fundação Nilo Pereira, com apoio da Prefeitura de Ceará-Mirim, que montou estrutura de palco, platéia, som e iluminação além de proporcionar transporte e alimentação do Grupo Teatral.
O Grupo de Desbravadores de Ceará-Mirim também colaborou apoiando na organização. Foi arrecadada grande quantidade de alimentos que serão transformados em cestas básicas e distribuídas a famílias carentes. Após o espetáculo, atores e direção da peça disseram do contentamento pela ótima receptividade e aplausos que receberam do grande público presente.
O prefeito Antônio Peixoto, acompanhado da família, prestigiou o evento, bem como alguns Secretários municipais.

Ficha técnica:

Direção Cênica: Ana Francisca Oliveira
Figurino: Sandemberg Oliveira
Produção e Cenografia: Ana Francisca Oliveira
Coreografia: Aparecida Gertrudes e Nana Sara

No próximo sábado, dia 27, também na Estação Cultural, tem:

Texto: Edvaldo Morais
Fotos: Eliel Silva e Bel Silva
Cartaz: Cia. Louc'Arte

sábado, 20 de março de 2010

Serguei

“E vem um cara e diz que eu sou louco.
Que só ando viajando,
pensando que ainda estou em meia oito.”
(Ninho de Sonhos - Zé Geraldo)


“A vida é emoção. Se você perde a emoção você é um morto vivo. Rir, chorar, sentir, transar de olho arregalado e vermelho pela droga não é vida. Vender a alma ao diabo não é vida.” (Serguei)

O roqueiro Serguei estará nesse sábado, 20 de março, em Natal, no Sancho Music Bar – Ponta Negra – 22h.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Vicente Celestino

O túmulo d'O Ébrio



Quero somente que na campa em que eu repousar
Os ébrios loucos como eu venham depositar
Os seus segredos ao meu derradeiro abrigo
E suas lágrimas de dor ao peito amigo
(O Ébrio – Vicente Celestino)

Influência de minha avó materna, das músicas que ela cantava para os netos dormirem? Talvez. O certo é que, aos 11, 12 anos, eu já era fã de canções antigas, incluindo algumas descobertas por conta própria. O Ébrio e Coração Materno, de Vicente Celestino, entre as tantas. Assisti até ao filme inspirado na primeira dessas, e de mesmo nome, na tela no Cine-Teatro Pax. Década de 1980.
De certo, reapresentação, pois o “Balaio Porreta”, do poeta porreta Moacy Cirne (http://balaiovermelho.blogspot.com), informa-nos de sua exibição no Pax de Caicó, por volta de 1950. “No final, todos, absolutamente todos, inclusive os homens, choravam copiosamente diante do dramalhão”, comenta o vate seridoense, lembrando-me de que despejei lágrimas com metro e meio cada.
Não por acaso escrevo sobre “A Voz Orgulho do Brasil”. Acabo de ler no site do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro a notícia de que o viúvo da viúva de Vicente Celestino moveu ação contra a Santa Casa de Misericórdia, pleiteando titularidade do direito de “uso” do túmulo do cantor, no Cemitério São João Batista, no Botafogo. A Santa Casa, agora sei, administra os fossários cariocas.
Que nome feio da moléstia! Fossário? Figa! Deixa para lá, como diz minha amiga Melissa Hoffmann, o fato é que o cidadão José Alves Pinto, segundo marido da cantora, atriz, cineasta e escritora Gilda de Abreu Celestino, pretende, segundo parentes dela, despejar os restos mortais do tenor. Justificativa: ser legatário dos bens deixados pela esposa, que o nomeou herdeiro universal.
O juiz Rafael Estrela Nóbrega, da 30ª Vara Cível, a quem coube o julgamento do caso em primeira instância, frustrou a pretensão com argumentos simples: Alves Pinto não é da família Celestino, jazigo é bem afetado, de uso especial, e aquele em litígio, para piorar, ficou de fora do testamento da falecida. O dito-cujo – eu mencionei “dito-cujo” e não de cujus – pode recorrer da sentença.
A assessoria de imprensa da corte fluminense destaca depoimentos de parentes de Gilda, conforme os quais o viúvo pretende transferir a sepultura para terceiros, livrando-se dos restos mortais ali em repouso, algo que haveria tentado de outras maneiras. E olha que a campa onde os ébrios loucos depositam “segredos” e “lágrimas de dor” é das mais visitadas no Cemitério São João Batista.
O assunto me lembra uma tia, de saudosa memória, da qual peço licença para manter o nome em segredo. Precavida e querendo poupar os filhos desta dolorosa tarefa, ela adquiriu lote para si e para o marido no São Sebastião, nosso Cemitério Velho, muito antes de morrer. Escolheu lugar estratégico, de fácil acesso e à sombra de árvore frondosa, por ser menos abafado e claustrofóbico.
Certa feita, por erro do serviço funerário, enterraram o corpo de um estranho justo naquele canto. Confusão braba. A tia exigiu a transferência do cadáver. O município intentou demovê-la, oferecendo área diversa, maior até, se lhe aprouvesse. O contra-argumento, contudo, encerrou a briga: “Meu filho, sou uma mulher asmática e vou morrer sem fôlego se for enterrada no sol”.

P.S.: caía o ponto final ao pôr-do-sol quando o advogado José Wellington Diógenes chegou à redação. “Escrevendo? Sobre o quê?”, perguntou-me, aboletando-se incontinente diante do computador, sem esperar resposta. Leu, mostrou os cabelos do braço arrepiados e fez a observação que faltava: “E pensar que Vicente Celestino compôs o Ébrio, mas não bebia nem levou chifre”.
Cid Augusto
Mossoroense, jornalista e blogueiro
sábado, 13 de março de 2010

Do Retratos & Canções: Lendo essa observação do Dr. José Wellington Diógenes, a gente lembra das canções autobiográficas do rei Roberto Carlos, em seu período fértil e criativo, fase em que repartia o seu mundo com Cleonice Rossi - a Nice - e até mesmo nas baladas inspiradas no romance com a Mirian Rios. Pena que o período Maria Rita tenha lhe rendido uma penca de canções melancólicas. E o que não dizer do cowboy fora da lei Raul Seixas, que assim como as letras das suas canções, foi até as últimas conseqüências em sua busca por respostas. É, o poeta as vezes é mesmo um fingidor, noutras vezes não!

terça-feira, 16 de março de 2010

Eu queria ter na vida simplesmente...

Casinha Branca
(Gilson e Joran)

Eu tenho andado tão sozinho ultimamente
Que nem vejo a minha frente
Nada que me dê prazer
Sinto cada vez mais longe a felicidade
Vendo em minha mocidade
Tanto sonho perecer


Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer


Às vezes saio a caminhar pela cidade
À procura de amizades
Vou seguindo a multidão
Mas eu me retraio olhando em cada rosto
Cada um tem seu mistério
Seu sofrer, sua ilusão


Eu queria ter na vida simplesmente
Um lugar de mato verde
Pra plantar e pra colher
Ter uma casinha branca de varanda
Um quintal e uma janela
Para ver o sol nascer ...
Gilson
Domingo passado, no programa Escute essa canção, que levamos ao ar as 10h pela 87 FM, tocamos essa canção. Fiz uma pequena observação sobre a sua letra. Justamente a parte do refrão que diz: “Eu queria ter na vida simplesmente, um lugar de mato verde pra plantar e pra cilher. Ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer.” Um amigo meu que ouviu me disse que ela tinha a minha cara. E é verdade. Fiquei feliz com isso.
Uma casinha branca, no meio do mato
Mas lembrei que por aqueles anos, final dos anos 1970 e início dos anos 1980, o sonho de grande parte da minha geração talvez fosse esse. E isso fazia um grande bem a todos nós. Mas o tempo foi passando, os valores se transformando e agora vejo que uma casinha branca para muitos é muito pouco. O mato verde, esse nem se fala. E o sol nascente, do jeito que anda a temperatura, quem se arrisca em acordar mais cedo só para vê-lo surgindo? Os anseios agora são outros. Carrões do ano, casa na praia, telefone celular de última geração, e aquela conta bancária que não há jeito de não mexer além do limite. Com isso vem a neurose, as preocupações, as doenças que parecem querer mesmo competir com a vida. É ai que entram o "sofrer e a ilusão" de que fala a canção.
Meu quintal
Eu ainda não consegui a minha casinha branca, com todos aqueles detalhes de que nos fala o Gilson na canção, mas a que eu moro, que ainda não é minha, procuro fazer dela meu recanto de paz, com muito verde e um sol nascendo todas as manhãs. Portanto, sua canção para mim, meu caro Gilson, continua atual. Vou ouví-la sempre...

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Luciano Morais, tocando no
20º Tributo a Raul Seixas (2009)

ESPAÇO ABERTO

Nosso agradecimento ao Dr. Luciano Morais, que na edição do seu programa Espaço Aberto desta 2a.Feira (15/03), na 87 FM, em seu tradicional "Passeio pelos Blogs", aportou neste humilde espaço, lendo na íntegra a postagem onde homenageamos os poetas. Sentimo-nos regozijados pelas referências, isso aumenta a nossa responsabilidade de escriba virtual nesta província de Nilo Pereira.
Ao amigo de longas datas, votos de pleno êxito em sua atuação profissional e também nos microfones da "verdinha".
Luciano foi o primeiro baterista da banda Alma de Borracha e naquele grupo vivemos muitas emoções. Não importa se hoje nossas vidas tomaram rumos diferentes, nossa amizade permanece. (Eliel Silva)

Fotos:
Natureza com banquinho e Luciano Morais - Eliel Silva
Casinha Branca e Gilson - Internet

domingo, 14 de março de 2010

Dia Nacional da Poesia

Poetas da minha terra, do meu país, desse mundão...

Nesse Dia Nacional da Poesia, nossa homenagem primeira aos poetas e poetisas cearamirinenses: 

Adele de Oliveira, Ana Antunes, Anete Varela, Célia Maria Nascimento da Silva, Célia Pimentel, Etelvina Antunes de Lemos, Francisca Lopes, Francisco de Assis Rodrigues, Francisco Navegantes, José Augusto Meira, Juvenal Antunes, Lúcia Helena, Luciana Galdino, Manoel Fabrício (Amarildo), Maria da Conceição Araújo, Maria das Dores Bezerra Cavalcante, Maria Eugênia Montenegro, Ruy Lima, Sandro Soares, Vanilde Machado, Vera Lúcia e tantos outros... Alguns desses poetas e poetisas têm livros já publicados e disponíveis para leitura na Biblioteca Pública Municipal Dr. José Pacheco Dantas em Ceará-Mirim.
Anete Varela - Ceará-Mirim/RN

SAUDADE
Anete Varela

Como são calmas as paixões serenas
das pessoas que amam de verdade!
Como é bonito e como encanta a gente
a flor que tem o nome de saudade...

Saudade que não tem a cor do lírio.
Que a uns fere e a outros consola.
Saudade que se é feita de martírio,
nos vem também as vezes como esmola...

Esmola de um passado que morreu,
de um tempo de felicidade,
que para nós já desapareceu,
deixando enfim a esmola da saudade!

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João Barra - Natal/RN

POETA PUTO
João Barra

Um poeta puto:
vou pular de um viaduto
e usar meu próprio luto.

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NO MEIO DO CAMINHO
Carlos Drummond de Andrade

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

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Mesmo ela não sendo daqui do nosso Brasil, a nossa homenagem a essa mulher extraordinária. Te adoro, Flor!
FANATISMO
Florbela Espanca

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão de meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa…”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, vivo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!…”


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Queremos agradecer ao FERNANDO DIAS, parceiro de tantas batalhas e amigo de outras tantas jornadas, pelo acesso ao nosso blog como também pelos comentários. Atitudes como essa são legais porque de certa forma isso encurta a distância entre as pessoas. Valeu, Fernando!



AMIGO ELIEL, SÓ MESMO VOCÊ COM ESSA CAPACIDADSE INTELECTUAL NOS LEVA ÀS LÁGRIMAS COM TANTA FACILIDADE. ESTOU DISTANTE MAS RETORNO COM FACILIDADE AO NOSSO RICO PASSADO E MATANDO SAUDADES VIAJANDO ATRAVÉS DO SEU BLOG, PARABÉNS! [FERNANDO DIAS]
(Matéria: Circo, Carnaval e Cinzas – 17 de fevereiro de 2010)
12 de março de 2010 14:47



TIRO O MEU CHAPÉU POR ESSA INICIATIVA DO PREFEITO DE C.MIRIM, TÔDOS DUVIDAVAM QUE AQUELE PRÉDIO SERIA RECUPERADO. TUDO TEM SEU TEMPO. PARABÉNS PREFEITO!
[fernando.silvadias@yahoo.com.br] Eliel, acesse rádiopotengi.com.br - no domingo a partir das 08;30 e participe ao vivo do meu programa.
(Matéria: Meninos, eu vi – 02 de março de 2010)
12 de março de 2010 14:34

Fotos: Acervo de Eliel Silva exceto Drummond e Florbela (internet)

sexta-feira, 12 de março de 2010

“Só se vê bem com o coração”


“Tu te tornas eternamente responsável
por aquilo que cativas.”
Exupéry


Descobri esse extraordinário livro há pelo menos trinta anos. Devo dizer que ele causou em mim uma verdadeira revolução. Curioso, eu nunca entendi direito o porquê de, por muito tempo esse livro ter sido o preferido das candidatas a miss. Pelo menos O Pequeno Príncipe era citado quando perguntado qual o livro preferido das beldades. Hoje talvez prefiram um Paulo Coelho. Mas esse principezinho ao longo dos anos foi mexendo comigo de tal forma que passei a colecionar as edições que estivessem ao meu alcance. Assim posso dizer que já tenho vários exemplares dessa preciosa fábula. Edição impressa, em áudio e vídeo. Além, claro, de várias outras obras desse renomado autor, Antoine Saint Exupéry.

Dos seus clássicos me falta cidadela. Vivo procurando pelos sebos da vida, um exemplar conservado e barato. Quero juntar esse livro às outras obras que tenho. Uma amiga me falou que é um dos melhores. Mas O Pequeno Príncipe, esse sim, fez a minha cabeça. É um dos meus livros de cabeceira (também, certo senhoritas, donas da beleza externa!).
Edição em CDMP3 – na voz de Thiago Fragoso


Raridade: Em disco de vinil – Intérpretes: Paulo Autran, Gloria Cometh, Oswaldo Loureiro Filho, Margarida Rey, Benedito Corsi, Auri Cahet – Música de Antônio Carlos Jobim
Fotos: Eliel Silva

quarta-feira, 10 de março de 2010

Frei Betto

Essa crônica do Frei Betto me foi enviada pelo professor Álvaro Tadeu Martins e eu preciso publicar aqui. Tem a ver com a proposta do blog. É um pouco extensa, mas não deixe de ler até o fim.


Passeio Socrático

Ao viajar pelo Oriente, mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelos produz felicidade?' Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'
'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!' Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?
Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi­nho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais.. E somos também eticamente virtuais...
A palavra hoje é 'entretenimento'; domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, vestir este tênis,­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba­ precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.
O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse. Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...
Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald... Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático.' Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: - "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!"

segunda-feira, 8 de março de 2010

Mulher

Nesse dia 8 de março, nossa homenagem a vocês, mulheres da nossa vida.

ENTRE A SERPENTE E A ESTRELA

“A mulher é o sinal primeiro
é a fonte que nos dá a vida
e o prazer.
A fêmea chama
e o fogo num instante se faz...”
(A Mulher - Beto Guedes/Fernando Brant)


Apareceu em seguida um grande sinal no céu: uma mulher revestida do sol, a lua debaixo dos seus pés, e na cabeça uma coroa de estrelas. (Apocalipse 12,1)
Mulher. Esse ser maravilhoso que desde a criação do mundo vem dando vida a tudo e a todos. Aquele primeiro homem não poderia mesmo ficar sozinho no paraíso. Não teria sentido algum. E não importam os erros que se sucederam de lá para cá. A história só se fez por causa dela(s).
Musa dos poetas, dos cantores e compositores, elas foram tantas... “Cabeças” e desequilibradas. Confusas e as que amaram demais. E foram Ana, Sarah, Laura, Bárbara e Beatriz. Tereza, Cristina, Cláudia, Ângela, Isabel. Madalena, Rosa, Rita e tantas mais. Nenhuma talvez tenha sido tão falada e admirada quanto a Amélia. Essa, por si só, foi uma Maria Maria. A estrangeira... A mulher brasileira em primeiro lugar.
Gênios da música às decantaram de forma explícita e definitiva. O polêmico Lennon afirmou ser ela “o escravo do mundo”. Depois suavizou as palavras e a tratou como rainha. Erasmo, o Carlos mesmo, esse outro sábio, falou tudo que podia numa canção. De forma definitiva qualificou como uma deusa do amor esse ser maravilhoso. E faço minhas as palavras do Benito di Paula: “eu esqueço a tristeza, me perco nessa beleza que é você mulher”. (Eliel Silva)

*Matéria publicada originalmente no blog Chaminé – 08 de março de 2008.


Olhar de Mangá
Erasmo Carlos


Quando a mulher ciente da beleza
Encara a natureza e vira Iemanjá
Seduz o coração do homem
Com a tentação do seu olhar de mangá
Foi assim com Lilith, primeira com os olhos de pidona
Brigite e Marilyn, Gisele, Vera Fischer e Madonna

Bem mais do que 15 minutos de glória
O olhar ficou na historia escrito em neon
É sexo feito com os olhos
Um miniorgasmo disfarçado em frisson
Foi assim com Lilith, primeira com os olhos de pidona
Luana e Rita Lee, Dalila, Malu Mader e Fiona

Quero que um olhar igual a esse
Se detenha em mim
Que mexa com meus sentimentos
Me possua até o fim
Enquanto esse olhar não acontece
Eu fico por aqui
Mas sinto que ele está por perto
Azarando por aí

E lá em cima
No jardim do Éden
Os deuses já de porre
Brindam com Maná
A grande sacanagem na Terra
Tudo por causa do olhar de mangá

Foi assim com Lilith, primeira com os olhos de pidona
Medusa e minha mãe, Xuxa, Fernandinha e Fernandona

E segue a maratona
Paula Toller, Lady Dy, Iracema, Dona Flor,
Cicarelli, Wanderléa, Pitanga, Calcanhotto e Madalena
Grace kelly, Rosemary, Luluzinha, Juliana,
Barbarella, Angelina, Frida Kahlo, Capitu e Messalina
Simone, Salomé, Mata Hari, Beth Davis
Marina, Martha Rocha e Monalisa
Patrícia, Marisa Monte, Esmeralda, Marília Pêra
Bethânia, Sharon Stone, Margie Simpson
Ivete, Gal, Bibi Ferreira, Janis Joplin, Halle Berry, etc...

Todas com os olhos de pidona.

domingo, 7 de março de 2010

"Brigadoooo!"

Programas Jovem Guarda Especial
e Escute Essa Canção

Agradecimento

Queremos agradecer a todos os ouvintes dos programas "Jovem Guarda Especial" e "Escute Essa Canção", levados ao ar nesse domingo, 7 de março de 2010. Apesar de problemas técnicos enfrentados pelos apresentadores Edvaldo Morais e Eliel Silva, os ouvintes não arredaram o pé e a equipe do programa não deixou a "peteca cair", e isso contribuiu mais uma vez para o nosso sucesso. Na programação de ambos, pedidos dos ouvintes e no Escute Essa Canção, um breve comentário sobre a carreira do cantor Fábio Jr. Fábio Correa Ayrosa Galvão, nome de batismo do artista, que começou sua carreira cantando em inglês com os pseudônimos de Uncle Jack e Mark Davis, até conseguir o sucesso com a música Pai, apresentada pela primeira vez no seriado de TV Ciranda Cirandinha. No ano seguinte sendo tema da novela Pai Herói. As pessoas que ligavam automaticamente concorriam a uma coletânea do cantor elaborada pela produção do programa. O ganhador da vez foi o Antônio Joaquim (o popular Neto da Lan House). Antes, no Jovem Guarda Especial, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher (amanhã, 08 de maio), as ouvintes que ligaram concorreram também a uma coletânea personalizada, mais uma vez elaborada pela produção do programa, incluindo as mais belas propostas de amor contidas nas canções de Roberto & Erasmo Carlos. Aliás, o título da coletânea já diz tudo: Eu te proponho... A ganhadora foi Edleusa de Oliveira, da Rua Prisco Rocha. Por tudo isso queremos agradecer a todos!
Os produtores e apresentadores

Edleusa de Oliveira, ganhadora
 do CD de Roberto Carlos

Antônio Joaqui (Neto da Lan House),
ganhador do CD de Fábio Jr.

Fotos: Edvaldo Morais
Montagem e Capas: Eliel Silva