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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Novos tempos na Rua Parnamirim

“Ardia aquela fogueira
Que me esquentava
A vida inteira
Eterna noite
Sempre a PRIMEIRA
Festa do Interior...”
(Festa do interior – Moraes Moreira / Abel Silva)


ARRAIÁ DA RUA PARNAMIRIM

No crepúsculo do mês junino, eis que os moradores da Rua Parnamirim, conjunto Novos Tempos em Ceará-Mirim se reúnem e resolvem promover um Arraiá para confraternização. Em pleno 29 de junho, dia de São Pedro, feriado municipal, a festança aconteceu, tendo a frente as Donas de casa D. Antônia, esposa do Sr. Admilson do Depósito Novos Tempos; Amanda Manicure e D. Kátia, esposa do Professor Casquinha, este último, titular do Ponto Ativo Eventos, que forneceu a estrutura e equipamentos. A Secretaria Municipal de Obras atendeu solicitação dos organizadores, interditando a artéria e colocando cordões de iluminação. Durante a tarde foram ultimados os preparativos que contou com a participação de todos os moradores, grande parte professores: Gerusa, Gibson, Francisca Lopes, Magnólia, Walfredo, dentre outros. Tendas, mesas, boa sonorização, muita comida típica preparada comunitariamente e bebidas geladas. Por volta das 20h30 começou a animação com o grupo musical que acompanha o cantor Tota Silva, a convite do professor Casquinha, apresentando repertório bem nordestino ao som de teclado, guitarra e triângulo. As 22h30 entrou em cena “Tião Sanfoneiro (morador da mesma rua) e seu regional”, tocando os grandes clássicos de Luiz Gonzaga e outras pérolas do cancioneiro popular, agora com sanfona, zabumba, triângulo e pandeiro. Depois de muito forró, para alegria geral, foi a vez da quadrilha improvisada. Em seguida o sorteio de um balaio. A casa contemplada foi a de número 64, do casal Edvaldo e Francisca Lopes. A festa continuou até meia-noite com muita animação, tranqüilidade e ótima participação de crianças, jovens, adultos e também da melhor idade. Devido ao êxito deste evento que serviu para confraternização entre os moradores da Rua Parnamirim que, raramente se encontram em momentos como este, já se cogita a realização do réveillon na virada deste ano.
Texto e cessão das fotografias: Edvaldo Morais
Sugestões do título de abertura e letra da canção: Eliel Silva

terça-feira, 29 de junho de 2010

Justificativa

Projeto Boca da Noite - 8ª Edição

Banda KDA2 - Fotos do Tributo a Legião Urbana (2009)

Senhor Múcio Vicente

Como já lhe falei por telefone, não pude comparecer a essa edição do Boca da Noite por motivo de doença. Estava muito esperançoso em rever a banda KDA2 no palco outra vez. Esses caras que fazem um trabalho legal (e de resistência, por assim dizer) levantando a bandeira do rock nacional. Fui informado através de um amigo que esteve presente ao evento que durante a apresentação da banda uma senhora, já com uma certa idade, não parava de cantar as músicas ali apresentadas. Achei isso muito legal e pensei: perdi uma oportunidade de fazer uma matéria e tanto. Gosto dessas coisas, você sabe. Estando ali, com certeza eu bateria aquele papo com essa figura. Imagino que foi uma grande noite com as demais atrações. Parabéns a todos!
Fotos da banda KDA2 feitas por Eliel Silva no Tributo a Legião Urbana, em Ceará-Mirim, retiradas do blog Jovem Guarda Espeial - http://jovemguarda87fm.blogspot.com/search?q=KDA2 – postagem do dia 6 de dezembro de 2009. Foto do palhaço: Internet

sábado, 26 de junho de 2010

Música, Música

“Ninguém ouviu/ Um soluçar de dor/ No canto do Brasil
Um lamento triste/ Sempre ecoou /Desde que o índio guerreiro
Foi pro cativeiro / E de lá cantou
Negro entoou/ Um canto de revolta pelos ares/ No Quilombo dos Palmares
Onde se refugiou...”
(Canto das três raças - Mauro Duarte e Paulo César Pinheiro)

Caldeirão de sons:
Uma questão de identidade nacional
Sentado na plataforma dos sons, livro de Jorge Amado no colo, mochila de lado, espero. Espero o trem musical. Diante de mim desfilam bandolins, cavaquinhos, berimbaus, violões, violas, sanfonas e uma infinidade de instrumentos. Fecho os olhos e deixo a sonoridade me envolver. Atravessando campos e cidades, montanhas e planícies, alegre, barulhento, festivo, apitando dós, rés, mis, fás e demais notas, surge o trem. Repleto de música com cara e jeito de Brasil. País amado, pátria minha, berço dos meus sonhos. Embarco nessa viagem alucinante e me extasio com a diversidade de ritmos que formam a nossa música. Painel de sons que convergem para uma profunda identidade nacional. Sempre foi assim? Essa integração harmoniosa? Não. Nem sempre. Esse tecido artístico foi sendo construído aos poucos.
Nos tempos do Brasil colônia existia, por força das circunstâncias, o que hoje chamamos de “panelinha”. Havia uma música dos índios, uma música dos negros e uma música dos portugueses. Não era ainda música realmente de alma brasileira. “Coisas nossas, muito nossas”, como cantava Noel, o poeta da Vila. Cada qual fabricava sua própria cultura. Essa gostosa mistura que hoje saboreamos principiou a ocorrer em fins do século XIX.
A música indígena possuía um forte caráter religioso. Habitantes nativos integrados a natureza que eram, os índios cantavam e invocavam suas entidades sobrenaturais. Faziam cantos e danças os mais variados: da caça, da pesca, da chuva. Possuía a música entre as tribos um alto valor. “Dado esse valor ritual da música, as tribos basílicas cercavam de grande consideração os cantores de ambos os sexos. Locomoviam-se entre eles sem cuidado, mesmo por entre os inimigos e, se aprisionados na guerra, os vencedores não os sacrificavam nas cerimônias de antropofagia, gozando os seus filhos da mesma imunidade”, conta Oneyda Alvarenga, no livro Música Popular Brasileira. Desse valor dado a música pelos indígenas se valeram amplamente os padres Jesuítas no processo de catequese.
Os portugueses quando aqui desembarcaram na condição de dominadores, impondo suas tradições e costumes trouxeram em suas bagagens belos textos literários, verdadeiras pérolas da língua portuguesa. Trouxeram igualmente seus instrumentos de corda e de sopro. Tais como; violões, flautas, violinos, pianos, dentre outros.
À matriz africana deve a nossa música grande contribuição. Cada povo africano que aqui aportou, transportado como mercadoria nos porões dos navios negreiros, trouxe sua parcela de contribuição. Vieram com seus atabaques, tambores, chocalhos e uma diversidade fabulosa de instrumentos de percussão. Com sua criatividade fizeram o que um “chef” faz na cozinha: misturaram tudo. Fizeram combinações de voz e percussão, usaram, no fazer música, a diversidade de ritmos que tinham a disposição, pondo em cada experiência um pouco desse, um bocado daquele. Tudo isso sem perder a harmonia, o tempo, a graça, o encanto.
A musicalidade dos negros era coisa tão intrínseca a raça que eles cantavam mesmo em meio a penosa e extenuante jornada de trabalho nos canaviais. Cantavam nas casas dos senhores enquanto realizavam tarefas domésticas. O canto, na verdade, acabava imprimindo certo ritmo de trabalho para suas muitas tarefas. Vê-se que o dito popular “quem canta seus males espanta” vem de muito longe. Imagino como o canto e a batucada desse povo trouxe vida e alegria a “terra Brasilis”. Era nas festas públicas, geralmente festas ligadas ao catolicismo, que os negros tinham melhor oportunidade de expressar sua música, seu batuque, sua dança. Divertiam-se a valer. Esses momentos eram praticamente seus únicos momentos de lazer. Da invocação aos Orixás o povo africano deixou legados que ainda hoje se fazem sentir nos afro-sambas que tão fartamente se fazem presentes em nossa cultura musical e nas religiões afros.
Voltando dessa viajem musical, sossegado no banco do meu trem, que bem poderia ser um trenzinho caipira guiado por Villa-Lobos, penso em como a música brasileira, de uma forma geral, é tão falada, comentada e admirada também no exterior. Pode-se dizer que a nossa música tornou-se um produto de exportação. Vários de nossos ritmos já ganharam o mundo, tais como: o samba, bossa-nova, o axé, o batuque do Olodum e tantos outros. Esse fascínio dos gringos pela nossa música talvez seja por ela agregar vários elementos, basicamente, das três etnias que formam a nação brasileira. Nós brasileiros então, nem se fala. Amamos o som de boa qualidade que se produz nesse pedaço de chão verde, amarelo, azul e branco. Enquanto em pensamento faço essas considerações uma certeza me vem à mente: foi dessa mistura de raças, cada qual colocando nesse caldeirão um pouco de seu tempero peculiar, que surgiu essa farta variedade de ritmos e sons que enriquecem e torna tão bela e atrativa a nossa música brasileira.

Texto e sugestão da música: José Flávio
Ilustrações: Internet

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Meu São João, eu não...

“...Mas eu vim de lá da roça
e não consigo me acostumar.
Sinto saudades da minha cidade
e da minha gente que ficou por lá.”
(Eu vim da roça – Fernando Mendes)

É difícil ser um santo na cidade

Esse é o título de uma música do cantor americano Bruce Springsteen. Essa semana eu tive que recorrer a ela para uma ligeira comparação. Eu explico. Era segunda-feira, e começamos o dia, como sempre, “na batalha do tranco”. Minha filha precisava abrir uma conta bancária para receber uma bolsa, fruto de um trabalho desempenhado na escola que ela estuda. Cheia de vontade e esperançosa se dirige à agência da Caixa Econômica. Lá, foi orientada a se dirigir a Loto e abrir um tipo de conta simples, feita somente naquele estabelecimento. Chega lá, pega uma fila daquelas e haja esperar. Quem espera sempre alcança! E é preciso acreditar. Também, como diz o poeta Drummond: “resta a espera que sempre é um dom!” Enquanto isso, pai coruja que eu sou, mesmo no meu trabalho naquele momento, passei a monitorar cada passo da sua maratona, via celular. Não satisfeito, fui lá pra dar uma força. Fiquei ao seu lado, naquela fila que quase não se mexia. Diz um velho ditado que “o diabo quando não vem, manda o secretário.” E não é que é mesmo! A gente naquela espera infindável pela nossa vez que nunca chegava, e eis que chegam dois cidadãos, moto-taxistas por profissão, e um deles fala qualquer coisa para uma senhora, a primeira da fila, e passa na frente, indo direto para o caixa. Uma outra senhora que estava bem mais atrás protestou, dizendo a funcionária que aquilo não podia acontecer.também me irritei e falei a mesma coisa. O rapaz retrucou dizendo que havia pedido a vez aquela “santa” senhora da frente da fila e ela tinha autorizado. Vê se pode! Aí eu lhe disse que ela podia ter autorizado, mas o restante da fila não. Para justificar a sua atitude ele então falou que estava “trabalhando”. Como se aquelas pessoas ali não fossem também trabalhadoras. Muitas das quais, assim como eu, até sacrificando algum tempo do seu trabalho. Resultado: prevaleceu o bom senso e a funcionária resolveu não cair na dele. Mas isso naquele momento, pois ficou com os papéis pra depois, com mais tempo, atendê-lo. Pensar que na semana passada, li no blog do professor Robsom uma reclamação sua a respeito de um desses profissionais que quase lhe atropela com sua moto. Pois agora foi comigo, professor. Quase também fui atropelado por um desses, e dessa vez sem a moto. Bem, chega enfim a nossa vez e a documentação é solicitada. Felizmente estava tudo ok. A moça mexe e remexe numas gavetas, procurando algo que não encontra. Depois de algum tempo regressa dizendo que o terminal estava sem “comunicação” para aquele tipo de transação. E lá vamos nós tentar numa outra agência a abertura da tal conta. Para nossa surpresa lá fomos informados de que para abertura de conta havia a exigência de um valor “mínimo” que para nós naquele momento era o “máximo”. Estava além das nossas possibilidades. Minha filha volta a Loto e pergunta se a “comunicação” já havia sido restabelecida. Foi informada que não. Eu que a essa altura já estava de volta ao trabalho, recebo um telefonema da minha esposa, aflita, dizendo que nossa filha estava se acabando no choro. E não era pra menos, vendo o sonho de ganhar o seu primeiro dinheirinho conquistado à custa de seus esforços, indo embora em meio a tanta burocracia, em meio a tantos entraves. Que país é este? Não é Renato? (O Russo). Com a frieza de um carrasco, respondi pra minha esposa, que já começava a perder a esportiva (não a loteria), para ela ter paciência e que a vida era dura assim mesmo e que a maratona da nossa pequena estava apenas começando. Mas também, com a sabedoria de um Druida, falei para terem calma, dizendo que eu ia resolver aquela situação. Como bom brasileiro “daria os meus pulos”. Tínhamos pouco tempo para repassar à coordenação da sua escola o número daquela bendita conta. Falei pra minha filha retornar à Caixa Econômica, que eu iria com ela e procuraríamos uma outra solução. Lá chegando, fomos bem recebidos, por sinal, a pessoa que nos atendeu ouviu a história da “falta de comunicação” e ligou para aquele estabelecimento para averiguar. A resposta que teve foi a de que não houve nada disso naquele dia, que tudo estava funcionando normalmente. E ai, tremendão, quem de nós ficou naquela situação do “pega na mentira”?! Final da história: a conta foi aberta na Caixa Econômica, minha filha voltou a sua escola, em Natal, e tudo foi resolvido. Ela por ser tão jovem reagiu muito bem a tudo que se passou. Eu não. À noite eu era um pecador desgraçado. Rancoroso e acabrunhado. Como aquele Dr. Paxeco da canção do Raul: “carcomido, iludido”. Recorri à canção do velho Bruce e constatei que realmente “é difícil ser um santo na cidade”. O jeito é tentar essa proeza numa outra encarnação. (Eliel Silva)

P.S.: Admiro muito quem com uma simples notinha diz tudo que tem vontade e denuncia as irregularidades desse nosso sistema. Eu não tenho esse dom, daí escrevo uma história longa como essa, só pra não morrer de tristeza.

Crédito da ilustração: Internet

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Dona Militana

O silêncio da romanceira

“Lá nos Barreiros onde eu nasci,
Em São Gonçalo onde eu me criei,
Eu vou voltar pra meu sítio Oiteiro...”
(versos cantados por Dona Militana)
Renato Lisboa // renatolisboa.rn@dabr.com.br

Uma das maiores expressões culturais do Rio Grande do Norte, Dona Militana, intitulada "a maior romanceira viva do Brasil" foi sepultada ontem. Ela morreu no sábado, aos 85 anos, em sua residência, no município de São Gonçalo do Amarante, de causas naturais. Ela já havia passado por uma recente internação e os familiares não sabem dizer o que ela tinha exatamente, mas disseram que ela estava dormindo "mais do que o normal".
Batizada Militana Salustino do Nascimento, Dona Militana era a memória viva dos romances ibéricos. Esse estilo tem temas bem variados como amores perdidos, fidelidade, religião, demonstrações de valentia e sedução. Ela nasceu no sítio Oiteiros, em São Gonçalo do Amarante, no dia 19 de março de 1925. Seu pai, Atanásio Salustino do Nascimento, era outro nome forte do folclore,considerado o Mestre dos Fandangos. Quem descobriu e deu visibilidade à obra de Dona Militana foi o folclorista potiguar Deífilo Gurgel, que estava presente no velório, no Teatro Municipal Poti Cavalcanti.
Em sua homenagem no velório, Gurgel lembrou da homenagem que o governo federal rendeu à romanceira, a Comenda do Mérito Cultural e destacou a sua importância. "Trata-se de uma condecoração oficial concedida a pessoas como Chico Buarque de Holanda e Oscar Niemeyer. Ela foi igualada aos grandes nomes da cultura de nosso país", disse Gurgel ao teatro lotado.
O folclorista afirma que ela sabia não apenas romances, mas também adotava outras formas de manifestações culturais. "Dona Militana tinha uma memória incrível. Em uma pesquisa recente, constatei que nenhuma das romanceiras nordestinas tem uma gama de romances tão grande quanto ela", declara.
O diretor teatral Véscio Lisboa, que fez peças inspiradas na obra de Militana, disse que "viajou na beleza dos romances e os transportou para o século XXI".
A ex-governadora Wilma de Faria, emocionada, disse que a obra de Dona Militana deveria ter uma "exposição maior" do que alcançou. "É uma pena que nossa cultura seja tão pasteurizada, cheia de artistas pré-fabricados, além de programas de TV que só exibem 'enlatados'", declarou.
O deputado estadual Fernando Mineiro espera que a obra de Dona Militana seja melhor divulgada a partir de agora. "Ela era uma romanceira única na quantidade e na qualidade de suas letras. Espero que, com sua morte, a obra fique mais conhecida. Infelizmente é assim que sempre acontece", diz ele.
Depois de uma missa na Igreja Matriz de São Gonçalo, o corpo de Dona Militana foi enterrado no cemitério do mesmo município.
 Fonte: Diário de Natal - Edição de segunda-feira, 21 de junho de 2010
Foto: Internet

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Leia essa canção

“O livro que você me deu pra ler
Eu não terminei
Haviam páginas rasgadas, com o tempo.
(...)
As nossas fotos de 86 não existem mais
Lembra de como era tão legal
Rirmos juntos
Nossa verdade, nossos ideais ainda
Estão aqui.”
(O sonho não acabou - Kim/César/Júlio
 - Gravação: Catedral)


Músicas de Chico Buarque e de Renato Russo servem de inspiração para contos reunidos em dois livros recém-lançados  

Ivan Claudio
A produção literária registra inúmeros livros inspirados em obras já existentes – o primeiro exemplo a vir à mente é “Ulisses”, de James Joyce, que tem como ponto de partida a “Odisseia”, de Homero. Mais recentemente, o espanhol Enrique Vila-Matas usou como mote o conto “Bartleby, o Escrivão”, de Herman Melville, para escrever o romance “Bartleby & Companhia”. Muita gente, aliás, acredita que hoje não se faz mais arte sem levar em conta a tradição. E se, num movimento oposto a essa inspiração natural, escritores fossem convidados a criar obras a partir de outras? Essa é a ideia por trás de dois livros lançados no Brasil – só que, agora, o modelo para essas narrativas são canções populares. São eles “Essa História Está Diferente – Dez Contos Para Canções de Chico Buarque” (Companhia das Letras) e “Como Se Não Houvesse Amanhã – 20 Contos Inspirados Em Músicas da Legião Urbana” (Record).

A leitura dessas duas compilações é uma experiência nova. Como as músicas de Chico Buarque e da Legião Urbana são muito conhecidas, o leitor avança as páginas desejando se deparar, enfim, com uma referência aos versos da canção que tem em mente. Alguns autores seguem à risca a letra do compositor, como Luis Fernando Verissimo, que escolheu o samba “Feijoada Completa”, de Chico. A música faz menção à volta dos exilados, mas Verissimo preferiu narrar uma crise conjugal. A feijoada do sábado, que o marido pede à mulher para preparar, seria a gota d’água. “Vai chegar todo mundo com uma fome e uma sede de anteontem”, diz o homem para a companheira, pelo telefone, como na canção.
No entanto, esse não é o procedimento mais frequente nos dois livros. No conto “Tempo Perdido”, que Tatiana Salem Levy escreveu inspirada na música da Legião Urbana, trechos da letra aparecem aqui a ali. “Acreditavam ter todo o tempo do mundo” ou viam “o sol das manhãs tão cinza”, se diz dos amantes separados pela ditadura militar numa total reinvenção do conteúdo da canção. Outro exemplo do afastamento da situação sugerida pelo compositor é “O Direito de Ler Enquanto se Janta Sozinho”, do escritor argentino Alan Pauls. Os versos de Chico Buarque que serviram de modelo (“Ela Faz Cinema”) aparecem apenas como ringtone do celular de uma adolescente – cujo pai a espera diante da escola e suspeita que ela tenha um caso com o professor.
O livro “Essa História Está Diferente” foi organizado pelo jornalista e escritor Ronaldo Bressane, que escolheu autores não cariocas, uma forma de fugir da cor local. O time se completa com o mexicano Mario Bellatin, o moçambicano Mia Couto e os brasileiros João Gilberto Noll e André Santana, entre outros. “Pensei que a maioria ia cair para o lado feminino, mas isso não aconteceu”, diz Bressane. No caso do livro “Como Se Não Houvesse Amanhã”, organizado por Henrique Rodrigues, a exigência era que os escritores fossem fãs da Legião Urbana. Isso explica os novos nomes entre os 20 selecionados, como Marcelo Moutinho, Miguel Sanches Neto e João Anzanello Carrascoza. Rodrigues não vê problema em relação ao criticado fato de os autores estarem trabalhando sob encomenda: “Isso profissionaliza a atividade literária no Brasil.”
Fonte: Revista ISTOÉ – Edição 2117 – 09JUN/2010

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Aquela canção


Dois patinhos na lagoa
Acompanhando recente edição na versão on-line do jornal “O Mossoroense” leio o registro de que a Rádio Resistência - FM 93,7 de Mossoró - Rio Grande do Norte, acaba de completar 22 anos de sua fundação. O periódico centenário trás algumas curiosidades sobre a emissora: seu primeiro coordenador de programação foi Will Nogueira (atualmente apresentador do “Sábado Alegre” – Tv Diário de Fortaleza); dos funcionários que começaram na rádio resta apenas um: o sonoplasta Elias Pereira; a data de sua fundação (13/06) coincide com o dia e mês em que a cidade de Mossoró resistiu ao ataque do bando do cangaceiro Lampião, daí o nome Rádio Resistência.
Sempre desperta no ouvinte a curiosidade de saber qual foi a primeira música executada por uma emissora de rádio em sua inauguração. Segundo a mesma fonte, na manhã daquele 13 de junho de 1988 a Resistência FM foi ao ar com a música: SEM LIMITES PRA SONHAR (Reaching for the infinite) interpretação de Fábio Junior com a participação de Bonnie Tyler (cantora do Reino Unido).

SEM LIMITE PRA SONHAR (1987)
Há uma chance da gente se encontrar
Há uma ponte pra nós dois em algum lugar
Quando homem e mulher
Se tocam num olhar
Não há força que os separe

Há uma porta que um de nós vai ter que abrir
Há um beijo que ninguem vai impedir
Quando homem e mulher
Se deixam levar
E fácil viver mais

Há uma estação
Onde o trem tem que parar
Tô na contramão
Te esperando pra voltar
Pra poder seguir
Sem limites pra sonhar
Pois é só assim
Que se pode inventar o amor

There's a story which is waiting for the heart to write
I'm going crazy here, just wanting you to close up the night
When the love in a woman
Finds the love in a man

There's nothing too precious to hold it
The door is open for the first time when your heart returns
In the silence of a kiss we will burn
When the heat in a woman
Finds the heat in a man

The flame burns forever
There'll come a time, my love, when the searching has to end
I'm on the wrong-way street, I need more than just a friend
And I'm standing here, just trying to touch the stars
Nothing else to lose when you're reaching for the infinite heart.

Link para ouvir a 93,7 FM de Mossoró na internet:
http://www.fmresistencia.com.br/
Texto e foto-montagem: Edvaldo Morais
Fonte: Jornal O Mossoroense

segunda-feira, 14 de junho de 2010

A vez de Yoko

John & Yoko
o casal mais pop da história

O projeto "Dupla Fantasia" celebra a obra de John Lennon & Yoko Ono

Discobertas relança o CD "Mr. Lennon", tributo a John Lennon produzido em 2000, para os 60 anos do artista. Na época, um bom time de astros participou das gravações em registros exclusivos: Nando Reis, Cássia Eller, Lobão, Gilberto Gil, Milton Nascimento, Arnaldo Baptista, João Barone, Zeca Baleiro, Zélia Duncan, Zé Ramalho, Paulinho Moska, Toni Platão, Herbert Vianna, Celso Fonseca, Lulu Santos, Charles Gavin e Andreas Kisser.
Juntamente, Discobertas lança agora o CD "Mrs. Lennon", também homenagem a Lennon, por conta dos 70 anos que completaria em outubro, só que desta vez com as canções de sua mulher - nas vozes de grandes cantoras brasileiras, em registros novos e exclusivos em inglês: Zélia Duncan, Angela Ro Ro, Isabella Taviani, Silvia Machete, Cida Moreira, Katia B, Luen, Marília Barbosa & Pelv's, Hevelyn Costa, Ampslina, Digitaria, Tetine, Fuzzcas, Doidivinas, Voz Del Fuego, e Mathilda Kóvak.

Yoko Ono já ouviu e adorou os CDs. Confira você também:

CD MR. LENNON - CANÇÕES DE JOHN LENNON
Faixas:
01 – Mind Games - Nando Reis
02 – Woman Is The Nigger Of The World - Cássia Eller
03 – Instant Karma! - Lobão
04 – Imagine - Gilberto Gil & Milton Nascimento
05 – Give Peace a Chance - Arnaldo Baptista com Charles Gavin e Andreas Kisser
06 – Tomorrow Never Knows - João Barone
07 – Mother - Zeca Baleiro
08 – Look At Me - Zélia Duncan
09 – God - Zé Ramalho
10 – How Do You Sleep? - Moska
11 – I Know (I Know) - Herbert Vianna
12 – Bless You - Toni Platão
13 – Nobody Loves You When You’re Down And Out - Celso Fonseca
14 – Beautiful Boy (Darling Boy) - Lulu Santos
Faixa bônus:
15 – Give Peace a Chance (versão especial) - Arnaldo Baptista


CD MRS. LENNON - CANÇÕES DE YOKO ONO
Faixas:
01 – Mrs. Lennon - Cida Moreira
02 – Who Has Seen The Wind? - Hevelyn Costa
03 – Listen, The Snow Is Falling - Ampslina
04 – Death of Samantha - Digitaria
05 – Why - Tetine
06 – Midsummer New York - Fuzzcas
07 – Sisters O Sisters - Doidivinas
08 – Move On Fast - Marília Barbosa & Pelv’s
09 – Yangyang - Silvia Machete
10 – Kiss Kiss Kiss - Voz Del Fuego
11 – Yes, I’m Your Angel - Mathilda Kovak
12 – Don’t Be Scared - Isabella Taviani
13 – I’m Moving On - Luen
14 – Walking On Thin Ice - Katia B
15 – It Happened - Angela Ro Ro
16 – Goodbye Sadness - Zélia Duncan

Fonte: e-mail enviado pela equipe do site da
Jovem Guarda (www.jovemguarda.com.br)

sábado, 12 de junho de 2010

Além da vida

“Eles se amam de qualquer maneira a vera
Eles se amam é pra vida inteira a vera
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor vale amar.”
(Paula e Bebeto – Milton Nascimento e Caetano Veloso)


Até que a morte os separe...

Para esses casais e tantos outros não coube a expressão: "Até que a morte os una..." Feliz dia dos namorados para os eternos amantes!

Crédito das fotografias: internet

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Geléia geral

“Sua ilusão entra em campo no estádio vazio
Uma torcida de sonhos aplaude talvez...”
(Balada Nº 7 – Moacyr Franco)


Os jogos da Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 2006 e o vendedor de geléia

Um fato que muito me intrigou naquela fracassada conquista para nós brasileiros, na Copa do Mundo de 2006, não foi nem mesmo a derrota da nossa Seleção para a França e conseqüentemente a volta pra casa sem o tão sonhado título. Isso acontece mesmo no mundo das competições. Ainda mais quando se joga com aquela disposição como foi o caso dos nossos “craques” naquele mundial. Outra coisa me deixava inquieto e curioso por aqueles dias. Era que, em pleno horário de jogo da Seleção Brasileira, enquanto a maioria dos meus compatriotas estava com a atenção voltada para o desenrolar dos fatos naqueles noventa minutos, todo mundo ligado na TV, eis que na minha rua, a Rio Água Azul, bem próximo a estação do trem, passava gritando um rapaz, vendedor de geléia. Era sempre alto e em bom som: “Geléééééééé!” E aquilo me deixava curioso. Será que esse cara não é brasileiro? Seria ele um argentino tentando ganhar a vida de qualquer jeito por aqui? Não sei. O que sei mesmo é que todo santo dia, àquela mesma hora, o nobre vendedor passava na minha rua à gritar: “Gelééééééeé!” Nunca vi tamanha precisão com relação ao horário. Alheio àquela competição, talvez competisse consigo mesmo. Com certeza, com mulher e filhos sob sua responsabilidade, não pudesse se dar ao luxo de parar suas atividades para assistir aos jogos de uma Seleção que estava fadada a voltar mais cedo pra casa.

O resultado daqueles jogos todos nós sabemos. Hoje eu até já aceito aquele insucesso. Quase já nem lembro da cena de Roberto Carlos arrumando o meião enquanto a França avançava e eliminava a nossa Seleção. O tempo se encarrega de apagar (ou pelo menos amenizar) essas lembranças. Mas uma coisa ainda me intriga. É que aquele rapaz do “gelé” desapareceu. Espero que tenha conquistado algo melhor em sua vida. Ele merecia, pois talvez tenha sido uma das únicas pessoas naquele momento a acreditar no seu trabalho, talvez até por necessidade, mas acreditou.
Nesse mundial eu também não estou na mesma rua. Me mudei. Estou agora na Dr. Virgílio Inácio Bandeira (rua de bastante barulho, por sinal). Por aqui costumam passar também alguns vendedores (e como): tem a jovem senhora da tapioca, o senhor do grude, tem o carro da macaxeira, um outro senhor que eu não entendo bulhufas do que ele diz (nunca me arrisquei a comprar o seu produto por não saber o que é, sei que é conduzido num carro de mão e coberto), e outros mais. Tem de tudo. Quero ver nos dias de jogos da nossa Seleção. Espero que todos eles estejam mais esperançosos que o misterioso da geléia. Espero também que Dunga, a exemplo daquele seu xará da estória infantil, quando com seus companheiros vier a cantar aquela musiquinha: “Eu vou, eu vou, pra casa agora eu vou...”, que seja com mais um título para o nosso país, pra alegria  dessa brava gente brasileira. Afinal, somos todos competidores. Vendedores de sonhos e de ilusões. Pra frente Brasil!
Eliel Silva
Crédito das ilustrações: internet

terça-feira, 8 de junho de 2010

Crônica

"Bola na trave não altera o placar
Bola na área sem ninguém prá cabecear
Bola na rede prá fazer um gol
Como jogador
Quem não sonhou
Em fazer um gol e ser um jogador de futebol."
("É um partida de Futebol" de Samuel Rosa e Nando Reis)


UM SONHO DE BOLA


O garoto parecia está à vontade na condição que vivia. Preso na cadeira de rodas numa particular solidão que a falta de locomoção normal lhe dera. Aos dois anos de idade foi acometido por uma doença rara que o deixou sem andar. Alguns maldosos lhe diziam que os seus pais foram culpados por não procurarem logo a cura; outros diziam ser castigo divino, pois sua mãe era a figura mais orgulhosa da cidade. Nada disso justificava aquela situação. Não tinha rancor dos pais, pois eram ignorantes, não acreditava em castigos. Estava deste jeito e pronto. Não podia fazer mais nada. Passava horas lendo (na escola e em casa), via tv , mas era no vídeo game e na internet que as horas do dia passavam rapidinho. Tinha alguns poucos amigos com quem trocava prosas e só. Não tinha como acompanhar o ritmo da turma, seja nas brincadeiras mais simples ou numa ida ao cinema. Sua cidade, no interior, não dava qualquer chance a um menino que não anda. Não reclamava, pois sabia que nem nas grandes metrópoles os cadeirantes tinham satisfação plena para suas condições. Pois bem, quando a noite chegava vivia o seu melhor momento. Vinha o sono e com ele os sonhos com o futebol, sua maior paixão, talvez só comparada a que sentia por Rose, sua colega de classe que só falara com ele uma vez para brigar por ter atropelado seu celular importado com a cadeira de rodas. Aquele estado letárgico era o seu êxtase. Com a proximidade da copa deixara de jogar pelo Flamengo dos sonhos comuns para ingressar na Seleção. De Dunga, mas seleção. Mal fechava os olhos e a camisa amarelinha lhe caia bem. Tocava pra Robinho, Kaká, se sentindo o Neimar (sim, porque era sonho e cabia naquele time o craque que ele encarnava). Eram momentos sublimes, cheios de alegrias, de esplendor, de gols que ele marcava sem saber como, pois também nos sonhos não sentia as pernas. Chutava a bola certeira e fatal com pernas de anjos. De Garrincha, quem sabe. Gozando da intimidade dos colegas craques era carregado nos braços (pra que cadeira de rodas?) a cada gol, a cada vitória, já que disputava vários jogos em uma só noite. Sempre ganhando e, pasmem, recebendo abraços de um risonho e bem humorado treinador. Na torcida, sua mãe verdadeiramente orgulhosa. Orgulhosa dele. O pai louco socando o ar, como um desvairado Pelé, sem perder a chance de reclamar que ele ainda jogaria melhor se acompanhado do Paulo Henrique Ganso que o dono do time teimara em não convocar. Lá do campo dava pra ver também os poucos amigos que vibravam num misto de torcida e inveja. Uma menina em cadeira de rodas estava nas cadeiras numeradas acompanhada de pessoas e mimos. Tinha o rosto da moça da novela das oito. Era Rose. Rica, filmando seus lances pelo celular importado, mas infeliz. O jogador sem pernas ou de pernas de anjos ou de Garrincha era o herói de todos que ela queria com exclusividade. Uma pena. O craque decidira que depois daquela Copa do Mundo retornaria solitário para abraçar a sua paixão correspondida. Acordou e a luz do sol que vinha da janela denunciava a realidade. Tava na hora de enfrentar as barreiras do caminho da escola e da vida. Só veria Robinho e Kaká na tv, na estréia da copa que estava chegando. Não teria Neimar naquele time. Num canto do quarto com ar meio mucho a observá-lo estava a velha bola a suplicar um belo chute que não podia dar. Velha bola, sua paixão. A única que viera com ele dos sonhos.
Esta ficção é uma homenagem a todos que como eu, são fanáticos por futebol e Seleção. Boa Copa!
Paulo Roberto Gomes de França

domingo, 6 de junho de 2010

Sem Destino

Easy Rider

Por Tony Bellotto

Corria o ano de 1970 e eu, em plena ditadura ufanista que comemorava a vitória do Brasil na Copa do Mundo e exortava aqueles que não amassem o país a deixá-lo – ao som de canções intrigantes e paradoxais que diziam coisas como Eu te amo, meu Brasil, Eu te amo -, já me ligava naqueles seres estranhos que surgiam pelas ruas vestindo jeans e usando cabelos compridos e desgrenhados. Eram os hippies.
Eu já conhecia os Beatles, o Roberto Carlos e o Jimmi Hendrix e percebia que aqueles seres de cabelo comprido que vestiam jeans compartilhavam alguma coisa com os cantores de rock. E se diferenciavam dos militares e dos guerrilheiros que também habitavam meu imaginário confuso de menino de dez anos de idade. De um lado o Che – apesar de belo como um ícone do rock -, imponente e ameaçador com sua boina, charuto e uniforme militar. De outro o Médici – apesar do sorriso de vovô gente boa -, frio e assustador como um tirano com seu uniforme igualmente militar.
Estranhamente, apesar dos militares e dos guerrilheiros (ou “terroristas” como o pessoal da direita gostava de chamá-los) ocuparem posições antagônicas, vestiam os mesmos uniformes e empunhavam as mesmas armas. E se comunicavam por palavras, tiros e porradas. Os hippies se apresentavam como uma terceira via. Se opunham à ditadura, mas preferiam brandir guitarras, ramos de flores e cigarros de maconha contra a ditadura. E cantavam. As palavras ficavam bem mais fortes cantadas do que faladas. E em vez do verde oliva dos uniformes militares, vestiam o azul libertário dos jeans. Ou assim me pareceu na época. Era a cabeça confusa de um menino de dez anos de idade, não percamos isso de vista.

Um dia minha mãe me falou de um filme americano que estava sendo muito comentado. E o definiu assim: um filme de caubói passado nos dias de hoje, em que os caubóis viajam pelos Estados Unidos não de cavalo, mas de moto. E nunca mais ninguém definiu melhor do que trata Easy Rider, a obra-prima de Dennis Hopper, ator e diretor americano que acaba de morrer. Dennis Hopper foi mais ator que diretor, e sempre brilhou em tudo que fez. Mas dirigiu um filme que mudou uma época e moldou outra. Será lembrado para sempre por esse filme hippie, sem o qual não existiriam Win Wenders, Walter Salles ou Sam Sheppard. E sem o qual eu não existiria também. Obrigado, Dennis Hopper, por me fazer existir. E obrigado também, mãe, por além de me fazer existir, ter me explicado do que tratava Easy Rider.

DVD…

… Easy Rider, lógico, filmaço, com uma das melhores trilhas sonoras de todos os tempos.
Por Tony Bellotto
Fonte: Revista Veja – segunda-feira, 31 de maio de 2010

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Sábado eu vou...

Especial Erasmo

Nesse sábado, 5 de junho, o tremendão Erasmo Carlos e a ternurinha Wanderléa estarão comemorando mais um aniversário, e no palco do Altas Horas eles se encontram para, por iniciativa do Serginho Groisman, celebrar também os 50 anos de carreira do amigo de fé de Roberto Carlos. O programa contará com a participação de músicos como Marcelo Camelo, Roberto Frejat, Luiz Melodia, Paula Toller, Roberta Sá, Marcelo D2, Adriana Calcanhoto e a surpresa maior, a diva Maria Bethânia. Não dá pra perder. Erasmo convida...
Fonte: site do Altas Horas

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Chão de estrelas

"À Santíssima Trindade
tributemos o louvor 
De quem sente a claridade 
que nos vem do seu amor."
(Tão sublime sacramento - Pe. Zezinho, scj)

O talento da juventude cearamirinense coloriu um bom trecho da Rua Meira e Sá no centro da cidade. Integrantes de diversos grupos de jovens e pastorais ligados à Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, com apoio de artistas plásticos da terra, prepararam um “tapete eucarístico” para a passagem da procissão de Corpus Christi que acontece na tarde desta quinta-feira em Ceará-Mirim.
Sal, pó de serra, borra de café, areia, farinha, caroços de milho, dentre outros,  foram componentes utilizados para dar forma a alguns símbolos da Eucaristia. Todo o trabalho foi realizado em parte da noite e início desta madrugada.

"É de sonho e de pó...
(...)
Me disseram porém,
que eu viesse aqui
pra pedir de romaria e prece,
paz nos desaventos..."
(Romaria - Renato Teixeira)

Com texto e fotografias de Edvaldo Morais
Título da matéria e sugestão das letras das canções: Eliel Silva

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Cada um na sua

O teólogo, o poeta e o cantor

Das páginas da revista ISTOÉ:

Leonardo Boff

Istoé - O que o sr. acha da Renovação Carismática Católica?
Leonardo Boff - É um movimento forte, que trouxe muitos elementos positivos, pois tirou o monopólio dos padres. Agora o leigo fala e inventa orações, coisa que não ocorria. Deu certa leveza ao cristianismo, muito centrado na cruz e na paixão e menos na alegria e na celebração. Mas, a meu ver, ela ficou a meio caminho.

Istoé - Por quê?
Leonardo Boff - Não se pode pensar no cristianismo sem justiça social e preocupação com os pobres. Todo carismatismo corre o risco de alienação. Eles se perdem no louvor, no cantar e dançar.

Istoé - E como o sr. avalia os padres cantores, como Marcelo Rossi e Fábio de Melo?
Leonardo Boff - Eles produzem um tipo de evangelização adequada ao que é dominante hoje, que é o mercado. Mas com as limitações que o mercado impõe, tenham eles consciência disso ou não. É sempre problemático, do ponto de vista teológico, transformar a mensagem cristã numa mercadoria de fácil consumo e de pacificação das consciências atribuladas. Noto que as grandes questões sociais estão ausentes em seus discursos e cânticos.

Istoé - Por quê?
Leonardo Boff - Eles falam sobre questões subjetivas. O cristianismo não pode funcionar como um ansiolítico que nos alivia, mas deve falar às consciências para que as pessoas tomem decisões que vão na direção do outro. Para mim, a mensagem cristã não significa buscar um porto seguro onde ancoramos para repousar. Mas é um chamado para irmos ao mar alto, para enfrentar as ondas perigosas. E não pedimos a Deus que nos livre das ondas, mas que nos dê força e coragem para enfrentá-las.

Istoé - O sr. ainda é católico?
Leonardo Boff - Sou católico apostólico franciscano. Acho que São Francisco foi o último cristão verdadeiro e talvez o primeiro depois do Único, que foi Jesus Cristo. O franciscanismo me inspira mais do que o romanismo porque o romano é apenas uma qualificação geográfica.

Fonte: Revista ISTOÉ - Edição 2116 - 2JUN/2010
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Ferreira Gullar

Poeta Ferreira Gullar é o distinguido de 2010

“Foi uma surpresa total. Fiquei felicíssimo”, afirmou ontem à agência Lusa o poeta Ferreira Gullar, o escolhido nesta edição 2010 do Prémio Camões, considerado a grande distinção literária da língua portuguesa.
 “É um grande homem da lusofonia a que o Prémio Camões rende homenagem”, declarara na véspera, segunda-feira, a ministra portuguesa da Cultura, Gabriela Canavilhas, durante a conferência de imprensa convocada expressamente para a divulgação do nome do escritor distinguido este ano.
Nascido a 10 de Setembro de 1930, José Ribamar Ferreira, conhecido como Ferreira Gullar, é “poeta, dramaturgo, cronista e tradutor, sendo considerado uma das 100 personalidades brasileiras mais influentes na actualidade”, disse Gabriela Canavilhas, que referiu ainda a importância da “sua actividade cívica e política como cidadão e autor”. Ferreira Gullar publicou a sua primeira colectânea de poemas em 1949. “Dentro da noite veloz” e “Poema sujo”, da década de 1970, figuram entre suas obras mais famosas.
O Prémio Camões, no valor de 100 mil euros, foi criado conjuntamente por Portugal e Brasil em 1988, para homenagear autores lusófonos que tenham contribuído para enriquecer o património cultural e literário de língua portuguesa.
Em 1997, Pepetela foi o primeiro escritor angolano a ser distinguido com o prémio. Nove anos depois, em 2006, a escolha recaiu em Luandino Vieira, que se recusou a recebê-lo, tendo informado na altura, através de uma nota divulgada à imprensa, que o fazia por “motivos íntimos e pessoais”. Mais tarde, contudo, acabaria por explicar que a atitude se devera ao facto de se considerar um escritor morto. Curiosamente, nesse mesmo ano, Luandino publicou dois livros. 
Fonte: Jornal de Angola - Online - Quarta, 02 de junho de 2010

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 Cabrito
Tertuliano Aires (Cabrito)

Pornofonia poética
Irreverência de Cabrito encontra hoje o rock da banda Os Grogs em show para maiores de 18
Sérgio Vilar // sergiovilar.rn@dabr.com.b


Difícil retratar a obra musical de Cabrito sem descambar em uma matéria censurada para leitores maiores de 18 anos. Da mesma forma é complicado delimitar a pornografia poética, escrachada e até imoral de Cabrito, da música chula, de palavrões e frases soltas em melodias inacabadas. O personagem criado pelo compositor e músico Tertuliano Aires, após o histórico show Neste o Trabalhador Goza, realizado no cabaré Vero's Bar no Dia do Trabalhador, se junta hoje à banda Os Grogs para mostrar o repertório do primeiro CD, Os nominhos que "ela" tem.
O álbum de estréia de Cabrito oferece 13 canções compostas pelo próprio com arranjos e execuções do maestro Franklin Nogvaes. O gênero musical é pornografia ritmada pelo reggae, xote, brega, amba, cultura rural e até harmonias inspiradas nos cantadores de viola. A música de abertura se chama A cagada da minha prima. Em seguida, o título homônimo do CD. Corno pescada vem depois e a censura precavida proíba os demais. Todas as músicas são verdadeiras crônicas liberais e autênticas dos ditos e causos de mesa de bar e papos informais de esquina. "Coloco de forma poética o que ouço por aí", diz Cabrito.

Os Grogs é uma das bandas do autêntico rock mais antigas em atividade de Natal, formada em 1999 com o nome inicial de Van Grogs. O repertório passeia pelos clássicos dos Beatles, Rolling Stones, Creedence, entre outros. Em 2008 ganhou os prêmio de melhor música, melhor intérprete e melhor arranjo no MPBeco, com a canção Natal canibal (Moisés de Lima e Graco Medeiros). A música é até hoje a maior vencedora de prêmios do Festival. A banda é formada hoje por Giancarlo Vieira (voz), Felipe Rebouças (guitarra), Paulinho (voz e teclado), Moisés de Lima (contrabaixo e vocais) e Tony Macarthy (bateria).

Serviço
Os nominhos que “ela” tem - Cabrito e Os Grogs
Quando: hoje, às 23h
Onde: Castelo Pub (em frente ao Estádio do ABC, Rota do Sol)
Ingresso: R$ 10 (no local) e R$ 8 (no Sebo Balalaika, Rua Gonçalves Ledo, Centro)
Produção: Nelson Rebouças

Fonte: Diário de Natal - Muito - Edição de quarta-feira, 2 de junho de 2010