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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

 


 

Naquela noite em que ficamos tão felizes e extasiados no show da cantora Simone, a Cigarra, como eu desejei criar asas e seguir com ela o seu caminho! Simone foi a minha Xuxa por toda aquela década de 1980. Eu era um boy, a cantora explodia em sucesso Brasil afora, e as suas canções me tocavam imensamente. Foi nesse período que eu assisti a um show dela no palácio dos esportes, em Natal. Curioso que, tanto tempo depois, eu vi na agora “setentona”, a mesma liderança, o mesmo profissionalismo. Com músicos tão jovens, com idade para serem seus netos, a banda é um encanto. Arranjos modernos para antigas canções, porém sem se distanciar da essência das gravações originais. Eu que também brinco de ser músico, a cada show que vou, feito por esses profissionais, ao invés de criar coragem, eu me entristeço e penso em desistir de seguir essa estrada colorida, porque dificilmente numa festa que participo se consegue “tirar um som” de palco com essa maestria. Instrumentos nivelados, sem nenhum ficar mais alto que o outro, e sempre, a voz do artista em destaque. E eu me pergunto: até quando aqui pra gente vai permanecer esse amadorismo barato? É triste, mas é verdade. Sei que a noite de ontem vai ficar na minha memória enquanto eu durar. “Sangrando” eu faço aqui a minha “Jura Secreta”: Simone fez um show “Sob Medida”. E mesmo a vida sendo esse mar de “Encontros e Despedidas”, vou guardar esse reencontro com a cigarra da minha juventude e com velhos amigos dos tempos de então. Um espetáculo tão grandioso que ao final, apesar da alegria e do encanto do momento, saí de lá com aquela sensação de ser tão somente, como diz uma das suas lindas canções, estranhamente fora do set list do show: um “Pequenino Cão”. Obrigado, Simone, por esse presentão que recebi nesse ano em que completei os meus 60. Salve, a Música Popular Brasileira! Salve, a cigarra Simone Bittencourt de Oliveira! Obrigado, minha amada e meus amigos que partilharam comigo desse momento lindo!


 

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

 "Eu conheço cada palmo desse chão,
é só me mostrar qual é a direção..."
("Frete" - Renato Teixeira)

 


Ora, eu era menino nos idos de 1973, e esses trilhos de ferro, hoje quase encobertos pelo mato, me levavam para a minha terrinha Taipu, e me traziam de volta no dia seguinte. Hoje todos esses "vãos" já não vão mais, e nem vem. Estão todos ali, sepultados e esquecidos à flor da terra. Me angustia saber que a máquina preta se aposentou para descansar e outras mais modernas que vieram no seu lugar não querem ir mais além, voltam daqui, e ficam pra lá e pra cá, feito brincadeira de criança. Talvez um dia eu crie coragem, chame mais uns dois ou três destemidos e pegue essa estrada, mesmo que seja a pé, só para ter o prazer de voltar no tempo. Sei que o cansaço me dói, mas a saudade também me corrói por dentro.