-

"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Do Face XIX



Vai, mês de julho, vai... Vai com as tuas águas e a tua frieza. Este ano fizeste mulheres e homens vestirem os seus casacos, que há muito estavam guardados. Foste como antigamente. Molhaste bem esse nosso chão. Mas chegou o teu último dia. E assim, com sol e chuva, e para mim, e que fique entre nós, com uma certa desesperança, entregas as próximas jornadas para o mês de agosto. Agosto que já nos levou Raul, Elvis e Luiz Gonzaga. Isso entre tantos outros. Agosto que para mim sempre foi uma incógnita. Mesmo assim já atravessei 52 deles. Não vou dizer que eu não temo, pois eu temo e tremo. Até me arrepio. Mas vou sempre na esperança de contemplar as flores de setembro. Porque, “quando entrar setembro”, e eu já vivi alguns nada tão amáveis, difíceis até, eu diria, a primavera nos trará sempre uma esperança. E já não há o que temer porque, ao longo desses anos todos, houve tempo suficiente para aprender que, como diz a canção, “nessa estrada só quem pode me seguir sou eu”. Um brinde ao que virá! (Eliel Silva - 31.07.2015)

sábado, 18 de julho de 2015

Do Face XVIII


FIM DA PROJEÇÃO

Momento raro e proveitoso eu vivi nessa manhã. Fui ao bairro Passa e Fica fazer uma pequena compra numa dessas casas onde se vende plantas ornamentais. Todo aquele verde em si, já me inundou a alma e me fez muito bem. E ao sair de lá, e caminhar lentamente naquela estrada de terra, olhando para aquele mundão que acolhe o antigo Colégio Agrícola de Ceará-Mirim, espaço que tanto frequentei na década de 80, mais precisamente, de 1980 a 1985, algo me tocou. Foi como um estalo que deu, e me deixou em stand by. Fiquei parado ali, olhando a paisagem. Tudo passava na minha frente, querendo me despertar. Mas nem mesmo o barulho dos automóveis foi suficiente para me trazer de volta. Eu estava muito além de mim, no meio do nada, onde a vida parecia ter se perdido no tempo, e eu a encarei de passagem. Alguns conhecidos passavam, acenavam ou paravam e conversavam comigo. Outros, apenas olhavam desconfiados, como que se perguntando: que diabos ele está fazendo por aqui?! Ora, eu só sei que estava ali, e era ali que eu queria mesmo estar, naquele momento, naquela esquina transversal do tempo. Sinceramente, agradeço a Deus por, de vez em quando, eu ser acometido desse estado de nada. Ele até que me faz bem. Nessas horas faço uma viagem, e descarrego toda a tensão acumulada em mim. Pois bem. Mas por fim, acenei para um moto taxista que passava. Ele encostou a sua moto, pedi que me deixasse no mercado central. Coloquei o capacete, me ajeitei na moto e descemos a avenida principal. Me senti um ator coadjuvante, ou sei lá, o principal, de um filme meio que esquecido. O sol e o vento batendo na minha pele. Era o fim da projeção. (Eliel Silva, 18.07.2015)