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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Perdidos e achados

"Vou buscar
Além do arco-íris
Um canto azul de paz
Pro meu amor..."
 
(Além do Arco-Íris - Benito Di Paula)

O pote de ouro

Juro que se pudesse decifraria essa dor medonha de todos os dias. Quem me atirou tamanha pedra? Mexi nos pergaminhos e só vi receitas de bolos e coisas assim. Mas eu queria uma chave, uma palavra mágica, um ungüento certeiro. Fiz que ficava, mas fui adiante. Pensei assim passar um trote no tempo, que sempre esteve comigo, caminhando lado a lado. Até que deu certo. Encontrei um tesouro que já havia ignorado o seu mapa. Foi à custa de muitos tropeços que acabei me esbarrando no pote de ouro. Nada de retroceder agora. O sonho segue adiante e eu tenho que viver. Vamos construir um novo mundo antes que dobrem os sinos.

Texto: Eliel Silva
Foto: Internet

sábado, 26 de novembro de 2011

DEDÉ SIMIÃO EM RECITAL SOLO


             No próximo dia 29/11, terça-feira,   as 16 horas, no auditório da Escola de Música da UFRN, em Natal, o músico cearamirinense Dedé Simião estará realizando recital solo de música instrumental no violão. Evento faz parte da etapa final do seu curso de bacharelado. Na oportunidade Dedé estará sendo avaliado por uma banca de três professores. Familiares e amigos estão sendo convidados a compartilhar um importante momento na vida acadêmica deste talento de Ceará-Mirim.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sem censura... espero!

“Vem,
De tanto andar a teu lado
De tanto cruzar o sertão
Serás meu amigo
Onde terei meu lugar e meu trem...”
(No Céu, Com Diamantes – Beto Guedes/Ronaldo Bastos)


As profecias
Quando vocês forem saber de mim talvez já seja um pouco tarde. Talvez já não adiante tentar parar a locomotiva. Existe um trem desgovernado cruzando as linhas tortas dessa nossa louca vida. Nem me importa o resultado da votação no Congresso. Ela, e somente ela, vai mudar o curso da história. Musas e bruxas as vezes se confundem, mas só depende do olhar de quem as vê. John Lennon teve a sua e foi feliz do seu jeito. Não se deve brincar com as deusas, não se deve contrariá-las. Todos os astros haverão de nos orientar. Nada de conspiração contra nós. O céu é o limite, mas ele já não pode esperar tanto tempo assim. Meteoritos cortarão a noite, mas estaremos seguros. Abrigarei-me em seus montes, nossas ruínas ficarão para trás. Haverá choro e ranger de dentes, sim, só que de tanto prazer. A tigresa me aparecerá desnuda. Vai me atrair com suas garras. O som da sua voz vai me levar à loucura. Vou fenecer. Renascerei depois na planície que eu sempre imaginei, quando aquela mulher de beleza agreste me pegar pela mão e me levantar do chão.
Texto e foto: Eliel Silva

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Lúcio Som e as nossas lembranças


A DAMA DO LOTAÇÃO 
Paulo Roberto Gomes de França

Lúcio Som, o dono da voz em nosso vale. Mas aqui vou destacar uma mágoa (que já confessei ao próprio) e uma dívida que o mesmo tem comigo. Eram os tempos do Cine Paroquial. Lúcio passara a semana anunciando o novo filme com Sônia Braga, musa da minha geração. Eu, transpirando testosterona e com o rosto repleto de espinhas já juntara a grana para comprar o ingresso e vê-la nua mais uma vez. Diziam que neste filme ela saia dando pra todo mundo e isto vinha fantasiando o banho de toda garotada da época. Eu, inclusive. Chegou o grande dia e junto com alguns amigos fomos ao cinema do padre (até hoje não entendo como era que Padre Rui deixava exibir aquele tipo de filme). Em fila fomos entrando, ou melhor, os outros entraram, porque eu fui barrado por Lúcio som na frente da borboleta. O “algoz” alegou que eu era pequeno, de menor, problemas com os comissários, etc. logo eu. Perdi o ingresso, voltei desolado, sem direito a confirmar na telona “cinemascop” o que minha mente já sabia de cor. Sônia Braga era o máximo. Meus amigos, muitos da minha idade, naquele momento estavam loucos com ela “cantando” tudo que era homem dentro de um vestido vermelho e de um ônibus. Eu estava condenado, privado daquela maravilha. Não sei o que esse “pô” tem contra mim. Repetia sozinho. Só podia ser marcação. Mas por que? De que? Depois vieram outros filmes, outras idades, outros ideais. Só a Sônia Braga da década de 70 continua a mesma na imaginação de toda uma galera, hoje acima dos quarenta anos. Odiei Lúcio por muitos anos. Boicotei o seu cinema por muito tempo. O trauma foi tão grande que outras vezes tive a oportunidade de ver aquele filme, mas inexplicavelmente não o vi até hoje. Atualmente somos amigos, apesar do pouco contato. Quando lhe narrei esta minha desilusão cinematográfica, rimos bastante. Quanto a dívida que mencionei no início... até hoje espero um dvd daquele filme que me foi prometido como prova de redenção. Talvez “venha logo mais às 20 horas na tela do Cine Paroquial...” “Velhos tempos, belos dias,” como diria o rei.

* Publicado originalmente em março de 2007, no Blog CHAMINÉ.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Apóstolos cansados

"Agora eu sei o que meu pai
queria me esconder.
As vezes as mentiras
também ajudam a viver..."
(Traumas - Roberto & Erasmo)
 Estação Ferroviária da cidade de Taipu, onde o 
senhor Daniel trabalhou (década de 60).
O garotinho com o pé na bola sou eu

 Nossas ruínas
Ao meu pai, Daniel Ferreira da Silva,
que nessa terça-feira, 22 de novembro,
completa 90 anos

Difícil, as vezes entender o curso dessa nossa vida
Mas há que se tentar
Faço isso sempre
Parece que a gente já nasce
morrendo aos poucos
E mesmo tomando forma de um adulto
Há sempre dentro da gente
uma criança indefesa
Crescemos e nos distanciamos
dos sonhos mais puros
Vivemos como quem quer chegar
num lugar de destaque,
custe o que custar
As vezes nos perdemos no caminhar
Por isso há tanto recomeço
E entre erros mil, mil acertos também,
Eis que é chegada a hora
de encarar a cena mais real da existência
O ocaso chega, sem anúncio nenhum,
as vezes também sem pressa alguma
Procuramos sobreviver sobre
os escombros que ficaram
Fazemos morada das nossas ruínas
E alí habitamos até o desfecho final.

 Eu e meu pai

Estação de Taipu, hoje (somente ruínas)

"Com as cacetadas desses anos todos
eu fiquei mais velho
que meu velho pai."
(Reciclagem - Zé Geraldo)

 Créditos:
Texto: Eliel Silva
Fotografias:
1 - álbum da família
2 - Bel Silva
3 - Eliel Silva

domingo, 20 de novembro de 2011

Ringo está?!

"Toda vez que vejo o seu rosto
Me lembra dos lugares que freqüentávamos
Mas tudo que tenho é uma fotografia..."
(Photograph - George Harrison / Ringo Starr)
Ringo Starr

Ele está, sim. E dessa vez no Recife, bem mais próximo daqui. Nosso amigo cearamirinense Giancarlo Vieira, maior fã do quarteto fabuloso vai estar lá, para ver de perto, e pela primeira vez o baterista (cantor e compositor) Ringo Starr. Estamos na torcida, Gian... Depois de Paul, agora Ringo. Viva a nossa insistência...

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Adeus a voz

"E não podemos evitar
Que a vida trabalhe
Com o seu relógio invisível
Tirando o tempo de tudo
Que é perecível..."
(Impossível - Biquini Cavadão)
 
Nesse momento triste, a nossa homenagem e a nossa lembrança desse amigo que sempre nos recebeu tão bem em sua residência e compartilhou conosco de tantas "emoções".

Lúcio Som, recebendo das mãos de Eliel Silva e Edvaldo Morais
o Troféu Calhambeque e o Documentário sobre os 
profissionais da comunicação em Ceará-Mirim (maio de 2011)


Impossibilitado de participar do 7º Tributo a Roberto Carlos, o comunicador Lúcio Som, um dos homenageados daquela noite, recebeu em seu estúdio de gravação, no último sábado, a visita dos organizadores do evento que fizeram a entrega do troféu e de um pequeno documentário sobre aqueles profissionais da comunicação.
 * Matéria publicada aqui nesse blog no dia 11 de maio de 2011

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Cena urbana

"Espalhar a própria fama 
por meio de feitos,
eis uma obra de valor." 
(Virgílio)

Caso comum de trânsito

Eu nunca tinha visto tanto carro estacionado naquela via. Também pudera, era uma noite de gala. Figurões, imortais da arte e da cultura iam empossar novos membros. Definitivamente, havia mais brilho no chão que mesmo no céu naquela noite. De repente uma cena comum, mas que não estava no programa da festa. Um senhor muito importante estacionou o seu automóvel quase na esquina da rua, ignorando aquela infração. Vem um ônibus que não consegue fazer a curva para entrar na rua principal. Seu condutor, com uma paciência de quem começa o dia, apesar da hora já tão avançada, buzina, faz um sinal, embora que timidamente, tentando alertar o magnata, fazê-lo entender que naquele local não era permitido estacionar. Felizmente não houve bate boca. A educação de ambos contribuiu para um desfecho do caso sem prejuízo maiores , além do atraso da viagem, cerca de dez a quinze minutos, para aquele profissional do volante e seus passageiros. Até que o carrão do doutor saiu lentamente para um outro lugar e o ônibus seguiu seu destino. O velho motorista fez um gesto ajeitando o colarinho do uniforme surrado, se acomodou melhor na cadeira e partiu levando aquelas almas cansadas da luta diária. O homem elegante voltou da sua empreitada (ter de estacionar num lugar afastado talvez fosse uma desfeita para ele), sua roupa de gala meio fora do lugar, mas sua amada esposa cuidou em puxar um pouquinho para frente e ficou tudo bem. Com um ar de quem quase se viu desapontado diante daquela cena urbana, o que era compreensível, logo naquela noite de festa tinha que aparecer no caminho daquele ilustre senhor aquele reles mortal condutor de almas, atrapalhando os seus planos infalíveis. Daí cada um seguiu a sua rotina, inclusive eu, simples olheiro dessas coisas da vida. Me aproximei de um amigo que também observava tudo e puxamos um descontraído papo de esquina, livre e isento de qualquer condecoração.

Texto: Eliel Silva
Imagem: Internet

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Era o Galvão

"A televisão é um veículo de diversão 
que permite a milhões de pessoas 
ouvir a mesma piada ao mesmo tempo e, 
ainda assim, continuar solitárias."  
(T. S. Eliot)


2 x 0

Há tempos eu não via uma imagem na TV (pode parecer estranho). Fiquei sem ela também na partilha. As vezes me batia uma vontade de ver aquelas caras tão conhecidas, principalmente as dos telejornais. Profissionais competentes que tentam passar pra gente, de forma bastante simpática, notícias diárias nem sempre tão positivas.
Lembrei que eu poderia receber um sinal da antena direto para o velho aparelho de videocassete, e daí, conectado ao amplificador de som, eu teria o áudio perfeito, a imagem eu criaria na minha mente, o que não é problema para mim. Assim, parti para fazer a conexão dos cabos, naquela segunda-feira sem graça, sem expediente na repartição que trabalho.
O sinal de áudio apareceu no aparelho, aumentei um pouco o volume e eis que uma voz bastante familiar se fez ouvir pela casa. Era o Galvão Bueno que narrava o jogo Brasil X Egito. Ouvir Galvão Bueno nunca tinha feito tanto bem para mim como naquela tarde. Era uma tarde vazia. Eu estava sozinho, esperando um sinal das estrelas (da TV e outras mais...). A vida é mesmo um grande mistério. E como tão bem cantou o Cartola, “o mundo é um moinho...” Eu que tantas vezes me irritei com as atitudes do locutor, tentando empurrar pra gente goela abaixo as suas opiniões, me senti seu amigo naquele momento. E vibrei com ele quando saiu o primeiro gol da Seleção Brasileira naquele primeiro tempo, depois o segundo, no segundo tempo. Empolguei-me tanto com aquela nova possibilidade que “assisti” à sessão da tarde. Agora vou curtir de novo quando rolar os comerciais. Plim Plim!

Texto:Eliel Silva
Imagem: Internet

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Aos montes

 "Amor e tosse, impossível ocultá-los." 
George Herbet 

O que você(s) quer(em) saber de verdade(?)

Taí na praça, para mim um dos melhores discos da Marisa Monte. Nele um punhado de canções que tratam de despedida(*), de encontro(**), de esperança(***)... Chega em boa hora. Logo mais é Natal, é festa, alegria. Esse disco da Marisa Monte é uma boa dica de presente. Pensando bem, a vida nos proporciona motivos aos montes para se viver feliz. E por fim, a dica do Herbert Vianna: "Cuide bem do seu amor, seja quem for..."

(*)
"Depois"

Depois de sonhar tantos anos,
De fazer tantos planos
De um futuro pra nós
Depois de tantos desenganos,
Nós nos abandonamos como tantos casais
Quero que você seja feliz
Hei de ser feliz também...

(**)
"Ainda Bem"

Ainda bem
Que agora encontrei você
Eu realmente não sei
O que eu fiz pra merecer
Você


Porque ninguém
Dava nada por mim
Quem dava, eu não tava a fim
Até desacreditei
De mim...

(***)
"Amar Alguém"
Amar alguém só pode fazer bem
Não há como fazer mal a ninguém
Mesmo quando existe um outro alguém
Mesmo quando isso não convém.

sábado, 12 de novembro de 2011

11.11.11


Nesse dia 11/11/11, precisamente às 11 horas e 11 minutos e 11 segundos eu fiz um pedido aos céus. Me disseram ser verdade: ter 100% de chance de acontecer. Vou esperar, e acreditar. Agora o que vier é lucro. 
Aproveitando, vou postar uma foto que meu filho tirou da lua numa noite dessa. Foi minha filha que me enviou dizendo: "achei que tivesse alguém querendo sentar-se na lua. Era você?" Quem sabe! De repente posso estar em qualquer lugar, desde que não esteja tão longe deles (minhas crias).

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

New Morning


Quando cheguei nessa terra
com uma mão na frente, a outra atrás
O corpo comprava briga,
a alma clamava paz...”
(Uai, Bichinho – Zé Geraldo)

Entre sucatas e gurus

Bringing It All Back Home* 

E então eu desci aquela ladeira antiga, naquele dia, feriado para uns e outros não. Uma multidão caminhava pelas ruas da cidade clamando paz. Eu, que em tempos idos era um  caminhante também, estava alí, estático, coração meio que desconcertado, mas com uma fé refeita. Cuidei em arrumar as minhas tralhas, e me apeguei a elas como quem se apega a uma tábua de salvação.  Nas paredes pendurei algumas peças de sucata, estampei meus ídolos, afugentei fantasmas.
"Meu violão verdadeiro que
grita não sei pra quem!"
Meu velho toca-disco de vinil me ajudou, foi solidário, e resolveu funcionar mesmo depois de tanto tempo parado, esquecido. O meu mundo digital entrou em pane, foi totalmente deletado naqueles dias. Revirei minha velha lixeira, encontrei vários diamantes esquecidos no tempo. Mas o que vou ouvir primeiro? A quem recorrer nesse momento tão meu, e eu tão só?! Não quis recorrer ao rei, pra não ficar repetitivo, e além do mais, a hora não era de tanto romantismo, mas de luta, de recomeço... Peguei um velho Dylan e pus pra tocar. Aos primeiros acordes de “New Morning” tive a certeza: é com esse que eu vou (mais uma vez). 

Simples acordes
Quantas vezes eu já havia recorrido às suas canções, que sempre me soaram como verdadeiros mantras, para me ajudar a tocar em frente, me dar coragem. É certo que depois muito "Roberto" rolou na vitrola, e tanto Chico, tanto Zé, e até Piaf, "Non, je ne regrette rien" ("não, eu não me arrependo de nada"); mas naquele momento primeiro Bob foi mais uma vez o meu guru. 
Diamonds and rust
E assim, meio “Like a Rolling Stone”, fui ficando por aqui, no “abrigo da tempestade”. Finquei outra vez as âncoras nesse chão, meu novo (antigo) recanto de paz, de busca, de meditação. Tô vivendo, tô assim... tentando alcançar o paraíso antes que me fechem os portões.
Flores novas
* (Trazendo tudo de volta para casa)

Texto: Eliel Silva
Fotos: Eliel Silva e Bel Silva