O teólogo, o poeta e o cantor
Das páginas da revista ISTOÉ:
Leonardo Boff
Istoé - O que o sr. acha da Renovação Carismática Católica?
Leonardo Boff - É um movimento forte, que trouxe muitos elementos positivos, pois tirou o monopólio dos padres. Agora o leigo fala e inventa orações, coisa que não ocorria. Deu certa leveza ao cristianismo, muito centrado na cruz e na paixão e menos na alegria e na celebração. Mas, a meu ver, ela ficou a meio caminho.
Istoé - Por quê?
Leonardo Boff - Não se pode pensar no cristianismo sem justiça social e preocupação com os pobres. Todo carismatismo corre o risco de alienação. Eles se perdem no louvor, no cantar e dançar.
Istoé - E como o sr. avalia os padres cantores, como Marcelo Rossi e Fábio de Melo?
Leonardo Boff - Eles produzem um tipo de evangelização adequada ao que é dominante hoje, que é o mercado. Mas com as limitações que o mercado impõe, tenham eles consciência disso ou não. É sempre problemático, do ponto de vista teológico, transformar a mensagem cristã numa mercadoria de fácil consumo e de pacificação das consciências atribuladas. Noto que as grandes questões sociais estão ausentes em seus discursos e cânticos.
Istoé - Por quê?
Leonardo Boff - Eles falam sobre questões subjetivas. O cristianismo não pode funcionar como um ansiolítico que nos alivia, mas deve falar às consciências para que as pessoas tomem decisões que vão na direção do outro. Para mim, a mensagem cristã não significa buscar um porto seguro onde ancoramos para repousar. Mas é um chamado para irmos ao mar alto, para enfrentar as ondas perigosas. E não pedimos a Deus que nos livre das ondas, mas que nos dê força e coragem para enfrentá-las.
Istoé - O sr. ainda é católico?
Leonardo Boff - Sou católico apostólico franciscano. Acho que São Francisco foi o último cristão verdadeiro e talvez o primeiro depois do Único, que foi Jesus Cristo. O franciscanismo me inspira mais do que o romanismo porque o romano é apenas uma qualificação geográfica.
Fonte: Revista ISTOÉ - Edição 2116 - 2JUN/2010
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Ferreira Gullar
Poeta Ferreira Gullar é o distinguido de 2010
“Foi uma surpresa total. Fiquei felicíssimo”, afirmou ontem à agência Lusa o poeta Ferreira Gullar, o escolhido nesta edição 2010 do Prémio Camões, considerado a grande distinção literária da língua portuguesa.
“É um grande homem da lusofonia a que o Prémio Camões rende homenagem”, declarara na véspera, segunda-feira, a ministra portuguesa da Cultura, Gabriela Canavilhas, durante a conferência de imprensa convocada expressamente para a divulgação do nome do escritor distinguido este ano.
Nascido a 10 de Setembro de 1930, José Ribamar Ferreira, conhecido como Ferreira Gullar, é “poeta, dramaturgo, cronista e tradutor, sendo considerado uma das 100 personalidades brasileiras mais influentes na actualidade”, disse Gabriela Canavilhas, que referiu ainda a importância da “sua actividade cívica e política como cidadão e autor”. Ferreira Gullar publicou a sua primeira colectânea de poemas em 1949. “Dentro da noite veloz” e “Poema sujo”, da década de 1970, figuram entre suas obras mais famosas.
O Prémio Camões, no valor de 100 mil euros, foi criado conjuntamente por Portugal e Brasil em 1988, para homenagear autores lusófonos que tenham contribuído para enriquecer o património cultural e literário de língua portuguesa.
Em 1997, Pepetela foi o primeiro escritor angolano a ser distinguido com o prémio. Nove anos depois, em 2006, a escolha recaiu em Luandino Vieira, que se recusou a recebê-lo, tendo informado na altura, através de uma nota divulgada à imprensa, que o fazia por “motivos íntimos e pessoais”. Mais tarde, contudo, acabaria por explicar que a atitude se devera ao facto de se considerar um escritor morto. Curiosamente, nesse mesmo ano, Luandino publicou dois livros.
Fonte: Jornal de Angola - Online - Quarta, 02 de junho de 2010
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Cabrito
Tertuliano Aires (Cabrito)
Pornofonia poética
Irreverência de Cabrito encontra hoje o rock da banda Os Grogs em show para maiores de 18
Sérgio Vilar // sergiovilar.rn@dabr.com.b
Difícil retratar a obra musical de Cabrito sem descambar em uma matéria censurada para leitores maiores de 18 anos. Da mesma forma é complicado delimitar a pornografia poética, escrachada e até imoral de Cabrito, da música chula, de palavrões e frases soltas em melodias inacabadas. O personagem criado pelo compositor e músico Tertuliano Aires, após o histórico show Neste o Trabalhador Goza, realizado no cabaré Vero's Bar no Dia do Trabalhador, se junta hoje à banda Os Grogs para mostrar o repertório do primeiro CD, Os nominhos que "ela" tem.
O álbum de estréia de Cabrito oferece 13 canções compostas pelo próprio com arranjos e execuções do maestro Franklin Nogvaes. O gênero musical é pornografia ritmada pelo reggae, xote, brega, amba, cultura rural e até harmonias inspiradas nos cantadores de viola. A música de abertura se chama A cagada da minha prima. Em seguida, o título homônimo do CD. Corno pescada vem depois e a censura precavida proíba os demais. Todas as músicas são verdadeiras crônicas liberais e autênticas dos ditos e causos de mesa de bar e papos informais de esquina. "Coloco de forma poética o que ouço por aí", diz Cabrito.
Os Grogs é uma das bandas do autêntico rock mais antigas em atividade de Natal, formada em 1999 com o nome inicial de Van Grogs. O repertório passeia pelos clássicos dos Beatles, Rolling Stones, Creedence, entre outros. Em 2008 ganhou os prêmio de melhor música, melhor intérprete e melhor arranjo no MPBeco, com a canção Natal canibal (Moisés de Lima e Graco Medeiros). A música é até hoje a maior vencedora de prêmios do Festival. A banda é formada hoje por Giancarlo Vieira (voz), Felipe Rebouças (guitarra), Paulinho (voz e teclado), Moisés de Lima (contrabaixo e vocais) e Tony Macarthy (bateria).
Serviço
Os nominhos que “ela” tem - Cabrito e Os Grogs
Quando: hoje, às 23h
Onde: Castelo Pub (em frente ao Estádio do ABC, Rota do Sol)
Ingresso: R$ 10 (no local) e R$ 8 (no Sebo Balalaika, Rua Gonçalves Ledo, Centro)
Produção: Nelson Rebouças
Fonte: Diário de Natal - Muito - Edição de quarta-feira, 2 de junho de 2010