E por falar em retrospectiva...
Uma cena que não sai da minha cabeça, cuja imagem reproduzo aqui, aconteceu recentemente
no Especial de Roberto Carlos. Um Gilberto Gil sorumbático, visivelmente
abatido pelos constantes problemas de saúde que enfrentou nos últimos meses, e
mesmo assim, sereno e firme na voz e no violão. Caetano pareceu respeitar o
momento e ficou meio contido no palco, logo ele, uma força estranha. Roberto,
sempre receptivo, inconscientemente fez um mea culpa por não ter incluído no seu repertório (de discos e de
shows) uma canção enigmática do Gil. Mandar "tudo pro inferno" pode
parecer café pequeno se comparado às visões fantasmagóricas e apocalípticas de
canções como "Eternas Ondas" (Zé Ramalho) e "Se Eu Quiser Falar
Com Deus" (Gilberto Gil), oferecidas ao Rei, mas que ele, segundo
informação da época, se assustou com a letra da primeira, o que é bem possível
ter ocorrido com a segunda também, e se recusou a gravá-las. Velhos mestres da
nossa canção. E cada um, à seu modo, vai cumprindo a sua sentença.
(Eliel Silva - 30.12.2016)
Nenhum comentário:
Postar um comentário