Meu pai, eu não
preciso de um dia específico para me lembrar de você. Por todo canto que tenho
andado, eu te vejo, sinto o que ficou de você em mim. Os seus ensinamentos, o
seu exemplo de pessoa simples e digna, a sua maneira leve de tocar a vida em
frente, sem tantos anseios. E não foi usando terno e gravata, não foi
escrevendo na lousa da nossa escola imaginária, coisa que aliás você nem conheceu, não
foi usando desses artifícios que você me ensinou a praticar o bem, mas com as
suas roupas surradas da lida diária, seu cheiro forte de suor impregnado na
casa, quando você chegava do trabalho incansável. Cada palavra simples e
carregada de tanta verdade nua, ecoava nas nossas paredes, e se armazenavam no
nosso ser. Quero te dizer também que, pelo menos hoje, eu não vou visitar o seu
túmulo, farei num momento mais ameno. Sei que não estás tanto ali, pois o que
depositei naquela campa, numa manhã triste de janeiro, não foi necessariamente
você, mas, parte sua. Foi o que restou de tantos anos de sofrimento em cima de
uma cama. E não vou ser hipócrita a ponto de dizer que eu preferia que você
estivesse ainda aqui conosco. Não, eu não queria. Não do jeito que você viveu
naqueles últimos dias, onde somente os mais próximos, e por questão de
necessidade, suportavam te ver naquele estado. Sei que estás com Deus.
Impossível pensar de outra forma, visto que foste um homem tão bom, e mesmo
assim, por conta desses tantos mistérios indecifráveis da vida, ainda tiveste
que “pagar” tão caro por longos oito anos. Se é mesmo como dizem, meu pai, a
gente vai se encontrar um dia. Se não, o que vivemos juntos já foi suficiente
para tornar-se eterno. Sua bênção, meu pai!...(Ao meu saudoso pai Daniel Ferreira da Silva, um
homem justo, um grande homem.)
quarta-feira, 2 de novembro de 2016
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