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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

sábado, 10 de agosto de 2013

Na estrada com Raulzito Seixas (Parte 4)



"Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto é realidade"
Raul Seixas

Eu, o menino



Pobre menino

A tecnologia estava muito distante da gente naqueles míticos anos 70. E eu era só um pobre menino que, muito bem acompanhado por outros da minha idade, queria ser artista da música a qualquer custo. Quer dizer, a um custo não tão alto. Sim, porque os nossos instrumentos, feitos à base de lata de óleo de cozinha (naquele tempo óleo se vendia em lata), ripas, nylon e sacos plásticos, toda aquela tralha não nos custava quase nada. Assim, alimentávamos os nossos sonhos, pilotando o nosso “conjunto de lata”, tocando e, de certa forma, encantando aquela gente curiosa da redondeza. Mas a gente não saía da “Rua Luiz Ferreira (antiga “Bacurau”). O palco nosso de cada dia eram os quintais das nossas casas. Excursionávamos pelas vilas e becos daquele “nosso país”. Sempre fui muito dedicado naquilo que faço, e sem muita pretensão, também sem “mafiar” ninguém, eu dava uma de guitarrista e cantor. E eram tantos outros que passaram por aquela experiência: Bosco Ramalho, Evandro Lacerda, Fernando Siqueira, Paulinho França, Canindé (Jangada), e outros mais. Com o passar dos anos os nossos projetos foram ficando mais ecléticos, e então nos dispersamos, muito embora o gosta pela música perdurou em boa parte daquela turma. Até hoje insisto nessa coisa de mexer com música. Me faz muito bem. Acho até que eu não existiria não fosse ela. Naquele tempo eu “era um garoto” (fui depois um rapaz e hoje sou senhor) que já amava Leno, Raul, Renato, Roberto, Erasmo, Wandeca e todos aqueles ídolos “da juventude”. Mas não tinha “contato” ainda com os Beatles e os Rolling Stones. O bom de tudo isso é poder agora, depois de tantos anos passados, ficar cara a cara com esses nossos heróis e heroínas das nossas eternas canções. Dos brasileiros que eu citei, um já se foi para além das estrelas, sem que eu pudesse ao menos me despedir. Com Raul eu não tive o privilégio de chegar tão perto, ser fotografado ao seu lado. Já o Rei é uma esperança que “eu já nem sei” se devo acreditar. Bom, mas dos demais artistas aqui registrados guardo comigo os nossos encontros. Um deles, e por ser potiguar como a gente, quebrou esse gelo, encurtou essa distância entre o artista e o fã. 

Leno, na gravação do DVD

Gileno Osório Wanderley de Azevedo, o Leno, aquele que cantava em dueto com a Lílian “Pobre Menina”, - entre tantas outras baladas boas de se ouvir, aprender e cantar também -, formando assim a dupla mais simpática e romântica da Jovem Guarda; esse rapaz vai nos dar um presentasso, que é se apresentar no 24º Tributo a Raul Seixas, aqui em Ceará-Mirim. Cidade que por sinal, foi lugar de suas andanças e brincadeiras quando menino. Valeu, Leno. Bom regresso a nossa terra. A sua presença vai aguçar a minha imaginação e com certeza vai passar um filme na minha cabeça de todas aquelas buscas de criança, quando eu, um pobre menino, sonhava em ser como os artistas de então. Ou pelo menos, quem sabe um dia, me tornar alguém mais próximo deles. “Quem sonhou viveu!”
  Giancarlo, Eliel Silva, Leno e Erivan Lima
Eliel Silva/agosto.2013
Imagens: 
Foto 1 - álbum de família
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