“Não se afobe, não
que nada é pra já...”
Chico Buarque
Doce Caetana
Olá, doce Caetana! Há quanto tempo a gente não
se batia. Andei vagando pelas Américas dos meus quereres, de carona nos meus
pensamentos mais loucos e serenos. O trem dos moribundos me deixou sentado num
banco de estação. Não parou e me pegou. Então ali eu me plantei, até seguir a
pé, mesmo sem muita fé. Você achava que eu havia morrido. Vai ver que sim. Só
que eu me mumifiquei. Roubei a fórmula usada nos faraós. Confesso que algumas
vezes eu pensei em te procurar por aí, te anunciar nos boletins diários, correr
à redação e estampar você no jornal. Mas é que eu também andei confuso. Vez em
quando me faltava o rumo, me faltava o prumo. Tomo umas pílulas douradas pra me
aliviar a dor. Fico só. Roendo o osso. Mas agora eu sei que você está bem aqui.
Sua nave prateada enfim aterrissou. Se outra vez eu pegar o violão (o que é bem
provável), e dedilhar uma canção, será pra você, doce Caetana. Não faz muito
tempo, eu me vi chorando. Não tive sonhos bons, somente pesadelos. Amigos, eu
não os via. Estavam celebrando a vida enquanto eu me consumia. Mas agora está
tudo bem, e eu até já reaprendi a sorrir. Ontem mesmo tive uma crise de risos
em frente a TV. Foi com um comercial que passou. Gosto muito da criatividade
que usam nessas propagandas. Mas, doce Caetana, bom mesmo é te ver de novo.
Saber que estamos vivos. A gente não sabe se essa estrada ainda vai muito
longe, e voltar atrás não tem como. Então seguiremos mais uma vez sem destino.
Nada de ficar no meio do caminho, que é lugar nenhum. Estou sentindo agora um
leve perfume de jasmim.
Eliel Silva/agosto.2013
Imagem: Internet
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