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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Com açúcar, com afeto



“Não se afobe, não
que nada é pra já...”
Chico Buarque


Doce Caetana

 Olá, doce Caetana! Há quanto tempo a gente não se batia. Andei vagando pelas Américas dos meus quereres, de carona nos meus pensamentos mais loucos e serenos. O trem dos moribundos me deixou sentado num banco de estação. Não parou e me pegou. Então ali eu me plantei, até seguir a pé, mesmo sem muita fé. Você achava que eu havia morrido. Vai ver que sim. Só que eu me mumifiquei. Roubei a fórmula usada nos faraós. Confesso que algumas vezes eu pensei em te procurar por aí, te anunciar nos boletins diários, correr à redação e estampar você no jornal. Mas é que eu também andei confuso. Vez em quando me faltava o rumo, me faltava o prumo. Tomo umas pílulas douradas pra me aliviar a dor. Fico só. Roendo o osso. Mas agora eu sei que você está bem aqui. Sua nave prateada enfim aterrissou. Se outra vez eu pegar o violão (o que é bem provável), e dedilhar uma canção, será pra você, doce Caetana. Não faz muito tempo, eu me vi chorando. Não tive sonhos bons, somente pesadelos. Amigos, eu não os via. Estavam celebrando a vida enquanto eu me consumia. Mas agora está tudo bem, e eu até já reaprendi a sorrir. Ontem mesmo tive uma crise de risos em frente a TV. Foi com um comercial que passou. Gosto muito da criatividade que usam nessas propagandas. Mas, doce Caetana, bom mesmo é te ver de novo. Saber que estamos vivos. A gente não sabe se essa estrada ainda vai muito longe, e voltar atrás não tem como. Então seguiremos mais uma vez sem destino. Nada de ficar no meio do caminho, que é lugar nenhum. Estou sentindo agora um leve perfume de jasmim.

Eliel Silva/agosto.2013
Imagem: Internet

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