“À tarde, quando eu volto do trabalho,
mestre
Joaquim pergunta assim pra mim:
- Como vão as coisas?
- Como vão as coisas?
Como vão as coisas?
Como vão as coisas, menino?”
Belchior
Cotidiano
É
assim todo santo dia. Meu trajeto de casa para o trabalho e vice-versa é pura
diversão. Sim. Porque é preciso tirar proveito de tudo. Daí observo as coisas e
vou fantasiando algumas na minha mente. Rapidinho encontro solução pra tudo.
Mas tem momentos que só me vale mesmo é curtir a cena. Hoje mesmo, quando eu ia
pro trabalho, dou de cara com uns garotos que subiam num telhado para pegar uma
sandália que algum deles jogou. Traquinagem de meninos. Já passei por isso.
Mais adiante me encontro com uma madame que passeava com seu cachorrinho. O
danado me pareceu muito mais mimado que a sua filhinha, que também caminhava ao
seu lado, meio que esquecida. Vejo umas luzes piscando bem forte. Olha lá, dois
carros da polícia, parados em frente a uma agência bancária. Meu Deus! Será um
assalto? Que nada. Estava tudo tranquilo ali. Um senhor que caminhava naquela
direção desviou dos policiais. Desceu a calçada para não passar entre eles. Não
queria desviar a atenção do grupo. Não queria atrapalhar a conversa. Não foi
por medo, entendi, foi por respeito. As pessoas mais velhas costumam guardar
certos costumes. Para elas, as autoridades merecem respeito (ainda). Sigo o meu
caminho, e lá está um sujeito no passeio público, com um barrigão de fora,
fumando um cigarro. Ele não quer poluir o ambiente do seu lar. Mas o planeta
pode. Sua mulher há muito deve ter lhe passado as coordenadas: ou faz assim ou
de noite não vai ter chamego. Pouco mais na frente, uma senhora, aposentada,
sem preocupação com repartição, com patrão, nem com nenhum tipo de bicho papão,
regava suas plantinhas, tão miudinhas, distribuídas em alguns vasos. Havia
chovido bastante no dia anterior, mas isso não importava. Aquele ritual com as
suas “meninas” faz parte da sua rotina. Um amigo me para pra falar sobre
música. Disse pra mim mesmo: agora eu chego atrasado! Esse assunto eu aprecio.
Mas até que ele foi breve. Chego no trabalho e está tudo exatamente igual. Ai,
que vontade de voltar pra casa! Andar pelas ruas é tão divertido (meio
perigoso, é certo!), e é tudo tão novo todo dia. É certo que as vezes pode
fazer frio, pode fazer medo, mas a rua é mesmo um grande aprendizado.
Eliel
Silva/julho.2013
Imagem:
Internet
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