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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Eureka!

O fim da infância


Esse é o mais novo disco da banda Tantra (novo, porém lançado no ano passado). Um dia eu assisti a uma apresentação do grupo no MADA (Natal/RN), gostei muito do som e ainda mais por ter contado com a participação do Marcelo Bonfá (baterista da Legião Urbana) naquela noite. Depois de algumas reformulações, agora o Tantra tem no vocal principal a irmã do Renato Russo, Carmem Manfredini. E a moça já chegou com moral, inserindo o seu nome ao nome do grupo. Não ouso fazer comparações, apenas posso dizer que me enpolguei com o novo som e com a voz da sister do Renato. Ela conta que quando seu irmão a ouviu cantar pela primeira vez, lhe detonou. Talvez isso fosse apenas birra de irmão. A verdade é que a sua voz agrada e cai muito bem para o estilo de baladas desse disco.

Fred Nascimento, Carlos Trilha, Gian Fabra e Carmem

 Carmem, que passou 23 anos dando aula como professora de inglês, nunca abandonou a música, paixão que dividia com o irmão que tinha tudo em termo de discos. Em Brasília, chegou a fazer parte de uma banda chamada Spirituals de Porco. Adotou um visual gótico à la Smith, do Cure. Sua amizade com o Fred Nascimento vinha desde os tempos em que ele foi guitarrista de apoio da Legião. Pintou o convite para o Tantra gravar Rocky Raccoon num tributo ao álbum branco dos Beatles e chamaram Carmem para o vocal. Ela acabou ficando na banda. O título do disco surgiu de um livro de Arthur C. Clarke, "O fim da infância", que Fred estava lendo naquele momento.

 Renato Russo e Carmem Manfredini

Estou curtindo essa minha nova descoberta. É um disco pra se ouvir por inteiro, sem pular nenhuma faixa. Ah, uma sugestão: ouça com muita atenção a balada Novembro, de preferência, à meia luz.

Novembro

(Fred Nascimento e Gian Fabra)

Era novembro mas estava frio
O céu estrelado na noite lá fora
Você me dizia que era Mercúrio
Falar sobre o tempo como eu faço agora

E a gente ria deitado na cama
Os astros cabiam no quarto do hotel
Enquanto cientistas faziam mil contas
A gente contava estrelas no céu

E velhas histórias de amores passados
O que machucava agora conforta
Te vejo tão pouco, nem sinto saudade
Mas quando eu te encontro meu mundo entorta

É como se o tempo fosse coadjuvante
De uma história que eu nunca vivi
Parece um filme: Sofia Copolla
Se eu não o tive também não perdi

E basta seus olhos cruzarem os meus
Pra eternidade passar num segundo
E toda alegria que antes ausente
Se espalha agora em volta da gente

Eu não tenho fotos, só tenho lembranças
Só guardo aquilo que eu sempre preciso
Você me dizia que achava singelo
Que em vez de pegadas eu deixasse sorrisos

Não há desencontros e nem despedidas
São muitos caminhos por onde vou indo
Eu não faço contas pro próximo encontro
Eu nunca estou pronta, mas sempre partindo

E basta seus olhos cruzarem os meus
Pra eternidade passar num segundo
E toda alegria que antes ausente
Se espalha agora em volta da gente

Carmem Manfredini & Tantra - "O fim da infância"
Carmem Manfredini - Vocal

Carlos Trilha – vocais e teclados
Gian Fabra – baixo
Fred Nascimento – vocais, violão, guitarra e gaita
Produzido por Carlos Trilha

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