Com a vista já irritada de tanto me debruçar sobre uns
livros para fazer um trabalho de catalogação, resolvi dar um tempo, e então fui
à janela para espairecer um pouco. Sabe como é: vez em quando vemos algo (ou
alguém) que é como “um colírio para limpar a vista”. rsrs Pois bem! Vi, logo de
cara, passando à minha frente, uma jovem senhora, em seu carro de passeio,
levando no banco da frente, bem exposto à janela, o seu cãozinho de estimação.
Uma gracinha. Com aquela carinha de “só quem pode”, ele olhava para as pessoas
na rua, que caminhavam a pé. O vento batia no seu pelo, e isso o deixava ainda
mais fofo. Juro por Deus, não deu dois minutos, e lá vem outro carro. Desta vez,
um caminhão, com uma “carrada” de arei. Em cima dele, três trabalhadores, com
as suas pás, suas roupas surradas e suas esperanças talvez. Enfrentando aquele
sol das duas e meia da tarde, expostos aos olhares de todos e até de uma câmera
de tv, se fosse o caso. Aquilo mexeu comigo. Que mundos diferentes naquele
instante, o de bicho e o de gente! Perdi o gosto de ficar na janela, voltei ao
trabalho, sem concentração, sem estímulo, sem vontade de fazer mais nada.
Queria quebrar o silêncio, mas na minha angústia não sabia se eu chorava ou se eu
latia. (Eliel Silva - 26/10/2017)
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
quarta-feira, 25 de outubro de 2017
Coisas minhas
=> O seu amor alguém pode muito bem querer para si, mas duvido que queiram fazer o mesmo com a sua dor.
=> E quando te oferecerem um amor para toda a vida, cuidados, carinho, companhia, casa, comida e roupa lavada, esteja atento(a) ao que não está muito bem descrito no pacote. (Cobranças, incompreensão, atitudes egoístas e etc, são itens que podem estar grafados em letras quase ilegíveis, como aqueles anúncios do comércio). Acredite piamente em você, e em você somente. Daí, se quiser, pode até tentar a "sorte". Mas saiba que é uma loteria.
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
Frases minhas
=> I And I
Umas crianças a essa
hora correm na rua. Os cães se agitam. O vento que sopra provoca um barulho
danado numas telhas de zinco de um ginásio aqui bem perto. Mas o meu móbile
produz um suave som. Machado de Assis precisa saber disso.
Pra você que entende
de sopro: o que significa esse vento agora a noite?!
É bem verdade que eu
andei meio tristinho, mas só de ruim já desentristeci.
Tentei dormir, não
consegui. Fui ler um pouco, xô concentração, ligo a televisão, me desanimo:
minha tarde de domingo virou um "TV Colosso". Eu mereço!
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
Num dia de São Francisco de Assis...
O que ficou de você...
Sim, as vezes me pego catando esses pequenos objetos. Mas
foram tantas coisas que ficaram de você, minha mãe. Não foram somente esses
seus óculos sobre o móvel da velha máquina de costura, RG, CPF, cartões do
banco, do SUS, documentos que não mais lhes servirão. Esses estão por aqui,
guardadinhos, juntos aos do meu pai. Mas ficaram tantas outras coisas... ah, se
ficaram!... Hoje, por exemplo, quando me levantei, me veio a lembrança da sua
preparação para a festa de São Francisco. “Irmão vento, irmão sol, irmã lua”...
E toda aquela gente que acorria para sua casa para lhe ajudar nos afazeres, do
lar e da festa. Num tempo mais distante, e talvez uma semana ou quase um mês
antes do período de celebração da festa, a sua peregrinação pelo comércio da
cidade (isso num tempo mais próspero) para angariar donativos para o evento.
Dos que eu ainda me lembro, a senhora, sua vizinha dona Mariazinha, Charles e
Zeca... Claro que haviam outros nessa missão, mas a memória já me falha. E então
é isso, não foram só esses objetos tão visíveis a olho nu que ficaram ao meu
alcance, mas também, e principalmente, a sua garra, dedicação e amor a sua
religião, aos seus mestres e aos seus princípios. E essas coisas estarão sempre
em voga. Pode estar certa disso. (Eliel Silva, 4 de outubro de 2016)
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