O que ficou de você...
Sim, as vezes me pego catando esses pequenos objetos. Mas
foram tantas coisas que ficaram de você, minha mãe. Não foram somente esses
seus óculos sobre o móvel da velha máquina de costura, RG, CPF, cartões do
banco, do SUS, documentos que não mais lhes servirão. Esses estão por aqui,
guardadinhos, juntos aos do meu pai. Mas ficaram tantas outras coisas... ah, se
ficaram!... Hoje, por exemplo, quando me levantei, me veio a lembrança da sua
preparação para a festa de São Francisco. “Irmão vento, irmão sol, irmã lua”...
E toda aquela gente que acorria para sua casa para lhe ajudar nos afazeres, do
lar e da festa. Num tempo mais distante, e talvez uma semana ou quase um mês
antes do período de celebração da festa, a sua peregrinação pelo comércio da
cidade (isso num tempo mais próspero) para angariar donativos para o evento.
Dos que eu ainda me lembro, a senhora, sua vizinha dona Mariazinha, Charles e
Zeca... Claro que haviam outros nessa missão, mas a memória já me falha. E então
é isso, não foram só esses objetos tão visíveis a olho nu que ficaram ao meu
alcance, mas também, e principalmente, a sua garra, dedicação e amor a sua
religião, aos seus mestres e aos seus princípios. E essas coisas estarão sempre
em voga. Pode estar certa disso. (Eliel Silva, 4 de outubro de 2016)
Nenhum comentário:
Postar um comentário