Ao Bob, com carinho...
Foram anos e anos garimpando esse material que para mim tem um valor inestimável. É ouro puro, por assim dizer. Num tempo em que não havia ainda internet, e os contatos eram por telefone ou carta , o dinheiro escasso, etc. Entrava em contato com algumas lojas de São Paulo, especializadas em discos importados. A emoção era tanta, quando recebia o comunicado para pegar a mercadoria na agência dos Correios. Não contendo a ansiedade e a curiosidade, já levava comigo um estilete, porque, nem esperava chegar em casa, ali mesmo na pracinha, eu me sentava num banco e cortava a dura embalagem, e qual não era a minha alegria ao contemplar mais um “novo” LP do Bob Dylan, mais um para a minha coleção. Muito preciosa também foi a força dos vários amigos que se empenhavam na busca ao tesouro. Quando um deles encontrava algo que eu não tinha, logo conseguia fazer uma barganha e me assegurava a nova peça. Nem dá pra citar o nome desses amigos, anjos preciosos, porque foram tantos...
E o fato é que Bob, nesse tempo todo, foi o meu professor e o meu mentor. Ele me ensinava do seu jeito, no seu idioma, e eu assimilava tudo com o coração. A paixão foi tanta que o seu nome consta no nome do meu filho. E espero que eles, os meus herdeiros (mais do meu caráter que de bens materiais), depois que eu me for, não joguem fora esse meu tesouro (o meu acervo de livros, vinis, CDs e DVDs), mas mantenha-o num lugar reservado na sua estante, onde um simples letreiro vai informar: << AQUI NESSE CANTINHO, AS TRALHAS PRECIOSAS DO MEU VELHO PAI >> Valeu, Bob! As suas canções vão sempre soar em meus ouvidos até mesmo “no vento que passa”, porque, assim como você, eu também vou estar sempre inquieto com essa nossa existência. “Como uma pedra que rola”.
(Eliel Silva – 24 de maio de 2015 – Dia do 74º aniversário do poeta do protesto)
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