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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

sábado, 18 de abril de 2015

Do Face XV


ESCAVAÇÕES


E de repente me vi obrigado a fazer um reparo numa tubulação, no quintal da casa da minha mãe. Peguei as ferramentas necessárias e comecei a escavar aquele chão, tão conhecido meu de tempos atrás. É incrível como, em situações assim, coisas remotas costumam vir à tona. Cada pá de terra que eu tirava, lá vinha um pedacinho de recordação. Encontrei uma pequena peça dos meus acessórios do meu tempo de hippie, utensílios simples das lutas diárias do meu pai e da minha mãe também apareceram. Vestígios da nossa pobreza de então. Fósseis da nossa labuta, a partir do ano de 1973, quando chegamos naquela casa. Coisas que retratam a nossa vivência humilde naquele torrão, herança que foi se revezando entre pais, filhos e netos. Sim, de repente, feito uma máquina que nos devolve o tempo, pude ver tudo outra vez bem diante de mim, em cada grão de areia. E assim, tendo o passado novamente sob os meus pés, me questionei sobre o futuro. Sim, o que será que será? A resposta talvez estivesse ali, mas eu não consegui decifrar mais esse enigma, por mais que as possíveis pistas estivessem tão à flor da terra. (Eliel Silva - abril/2015)

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