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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Do Face IV





“EU CONHEÇO BEM A FONTE QUE DESCE DAQUELE MONTE, AINDA QUE SEJA DE NOITE...” (“Água Viva” – Raul Seixas/Paulo Coelho)

Impossível imaginar uma máquina que faça o tempo voltar e, em pouco mais de três minutos, etapas da sua vida serem projetadas da sua memória para um telão surreal. Pois sim. Meu cérebro, mesmo já tão calejado, me possibilitou esse filme quando vi o amigo Erivan Lima pisar o palco do Teatro Riachuelo, naquela noite de 19 de novembro de 2014, na 12ª edição do Prêmio Hangar de Música, cantando, até então como convidado, a canção do Raul Seixas “Por Quem os Sinos Dobram”: “nunca se vence uma guerra lutando sozinho...”, dizia ele na canção. Penso que outra música não seria tão apropriada para aquele momento. E há que se ser muito “maluco beleza” mesmo para segurar a emoção até o fim. Foi uma viagem que durou o tempo da canção. Tudo muito rápido, porém, de maneira tão clara, aquelas lembranças me vieram à mente. O pequeno palco do Centro Esportivo e Cultural de Ceará-Mirim, naquele agosto de 1990. O equipamento de som da Banda Forró do Povo, precário, alugado na esperança de, através de pequenas doações das pessoas presentes aquele evento primeiro, pagarmos o valor combinado. A exposição, que foi preciso montar ainda na noite anterior, o que nos obrigou a dormir no clube, para garantir a guarda daquele acervo tão raro. O primeiro cartaz, tão minúsculo, que só não podia ser comparado com a nossa vontade de fazer aquela festa dar certo. E aconteceu. Amigos, dessa vez bem mais unidos, por um objetivo: homenagear o grande maluco beleza que partira, por aquela data, no ano anterior. A experiência do primeiro nos impulsionou a seguir adiante. E a cada ano, apesar dos problemas internos, a falta de apoio e descrédito do nosso trabalho por uma parte da sociedade local (até de maconheiros éramos taxados), o evento cresceu de uma forma que talvez hoje já não caiba num “sonho que se sonha só”. E eis que vinte e cinco anos depois, vem o reconhecimento de um trabalho tão sincero e tão honesto: Erivan Lima, recebendo na capital do Estado do Rio Grande do Norte, o Prêmio Hangar de Música. Hora de lembrarmos de toda aquela gente que participou do Tributo a Raul Seixas, na cidade de Ceará-Mirim, ao longo de todos esses anos. Lembrarmos do pequeno palco do C.E.C., de seus presidentes que sempre nos abriram as portas e nos deixaram a vontade, hora também de fazermos nossa reverência a todos os músicos que por ali passaram, aqueles que não mais tiveram oportunidade de mostrar a sua arte, aqueles que já pegaram o trem para o além... Meu caro amigo Erivan Lima Seixas, você merece tudo isso e muito mais, porque, “podem voar mundos, morrer astros”, esse prêmio é seu, é meu, é de todos nós. Parabéns! (Eliel Silva - Novembro de 2014)

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