“Feira moderna, o convite sensual
Oh! telefonista, a palavra já morreu
Meu coração é novo
Meu coração é novo
E eu nem li o jornal.”
Oh! telefonista, a palavra já morreu
Meu coração é novo
Meu coração é novo
E eu nem li o jornal.”
Beto Guedes / Lô Borges / Fernando Brant
Feira moderna
Falando francamente (eita! parece coisa de político no rádio!), a convivência lá na casa dos meus pais entre a gente até parece uma comédia. Às vezes nem tanto engraçada, mas na maioria das vezes sim. Meu pai, com 91 anos, minha mãe com 81, meu irmão com 60 e eu com 50. Imagine essas “cabeças pensantes”, hoje já quase impensantes, todas “trabalhando” ao mesmo tempo. Cada uma com a sua capacidade, sua experiência e, impaciência também. Outro dia, numa discussão entre minha mãe e meu irmão, me chamou a atenção quando ele falou que não tá gostando de ficar velho, que velho “fica assim, fica assado”, e que se pudesse faria uma plástica pra ficar de cara nova. A minha mãe, em cima da bucha, como se diz, respondeu: pois quando fizer aproveite para botar um c* novo, que o seu tá muito velho. Quase morri de rir com aquele repente e com aquela ideia.
Passada
a euforia do momento, me peguei a pensar em certas coisas que acontecem com a
gente com o passar do tempo. As transformações pelas quais passam o nosso
corpo. O envelhecimento e até a morte de algumas células, responsáveis pelo
funcionamento e permanência dos diversos órgãos do corpo. O que nos reserva o
futuro? Cabelos caem. Quando não caem ficam branquinhos. Outras coisas vão
desabando, ou desaparecendo, e a gente junto com elas.
Mesmo
assim, é louvável essa proeza da natureza de manter intactos, ou quase isso,
pela vida toda, certos órgãos do nosso corpo. Mas vejam vocês que, se fosse
algo que se pudesse substituir, como sugeriu a minha mãe, qual não seria a
“farra” do setor de órgãos genitais. Imagine você chegar numa loja, numa
farmácia, sei lá, e ver aquele estoque de peças daquele tipo. Cores, tamanhos e
estilos diferentes. E quando a gente fosse passar no caixa, na tela sairia
discriminado o valor, o nome, marca, talvez a cor e o tamanho. E a data de
validade do produto? Era preciso ficar atento. Vai que um não funcione na hora
exata. É certo que, de tão corriqueiro que seria, ninguém ia “corar” diante da
moça do caixa.
Sei
que é um assunto meio mórbido, mas a minha mãe, com a sua sabedoria de 81 anos,
foi quem me instigou a imaginar essas coisas.
Eu
só espero que as discussões lá pelas bandas da casa dos meus pais diminuam. Eu
já não tenho mais idade para tantos questionamentos nem para imaginar a vida
com tanto modernismo.
Eliel
Silva/julho.2013
Imagem: Internet
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