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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Antecipando...

 "Tu és mulher
Tu és um ser
Que pode ser mais do que é
Um passarinho, fruta qualquer
Pode ser doce,
O fel até."
 
("Mulher" - Raimundo Fagner / Capinan)
Sara

Aquele ônibus nos conduzia para lugares diferentes
mesmo seguindo a mesma estrada
Mas você tinha que se sentar ao meu lado?
É assim que se começa uma vida
e eu quis arriscar uma nova paixão.

Foram tantas idas e vindas,
quase perdemos nossa geografia
Tantos desencontros, tantos tropeços
Desde o início sempre foi preciso
tentar um recomeço

Vi tantas estrelas no céu
mas você não as encarava
Tentei reverter tantas vezes
aquele cenário obscuro,
mas o show seguiu em frente

E chegou o dia em que fomos os dois
para uma igrejinha do interior
Entrelaçados em nós,
feito nós que não desatam
Mas o céu não parecia afim
uma vez que tantas
tempestades tivemos, vivemos

Passaram-se alguns anos
e ela chegou
A paz veio em forma de criança
Tempos depois mais um ser
e nós nos revesando pra tocar em frente

“Nada além,
nada além que uma ilusão”
como diz a letra de uma bela canção
Me faltava chão, me faltava ar
quis respirar, me sufoquei
pedi socorro
ninguém me ouviu

Tive que partir
e quase sem olhar para trás
Morri mil vezes sem saber
Sobrevivi nem sem bem como
Sua energia ainda me dá força
mas tem que ser assim...
à distância.

Eliel Silva

Imagem: Internet

2 comentários:

Francisca Lopes disse...

Caro amigo, Eliel

As fagulhas da vida vão se estilhaçando em torno de nós.
Algumas se apagam antes mesmo de atingir o solo que pisamos. Outras, permanecem acesas na expectativa de serem ativadas para se tornarem chamas. Entre elas há, porém, as que se transformam em nuvens de fumaça embaralhando nossa visão e conturbando nossa mente, confundindo nosso "coração". Aí, em matéria de amor, a obscuridade se instaura. As boas lembranças do passado vão se misturando as doridas do tempo presente. Então, vagamos pelas avenidas da vida sem colher a essência do nobre sentimento que nos uniu ao outro. Agora, aos outros porque multiplicamos o nosso existir.
Os sonhos plantados ontem tornam-se sementes fracas que não germinam porque já não temos mais vontade ou a coragem de adubá-las nem tão pouco de regá-las para embelezar o que vai " Além do Horizonte". Ficamos a espera do inverno que não vem para tornar risonho e florido o jardim da nossa existência, transformando-o na primavera da qual podemos sorver o perfume da paz e da tranquilidade. A estiagem se instala e mata os frutos que se nos apresentam ou talvez,quem sabe, visualizamos, apenas,alguns mirrados que não se deixam colher.
Mas, em meio a tudo isso, há gotas de esperança que precisamos aprender administrá-las despojados do orgulho que nos fere, da vaidade que nos atormenta para nos realimentarmos do direito de ser feliz, estendendo ao outro a mesma condição. Como diria Èxupery: Somos eternamente responsáveis por aquilo (aqueles - grifo meu)que cativamos. Todavia, não podemos, jamais, nos esquecer de nos deixar cativar também.
Parabéns pelo belo poema "SARA. Ele fotografa o tempo passado e reflete a dimensão do presente revestido da máscara narrativa que usa o bom narrador ao produzir seus textos.
Francisca Lopes

ELIEL SILVA disse...

Sem palavras... Thank you!