"Sei que é sonho
Não porque da varanda atiro pérolas
E a legião de famintos se engalfinha
Não porque voa nosso jato
Roçando catedrais
Mas porque na verdade não me queres mais
Aliás, nunca na vida foste minha."
Não porque da varanda atiro pérolas
E a legião de famintos se engalfinha
Não porque voa nosso jato
Roçando catedrais
Mas porque na verdade não me queres mais
Aliás, nunca na vida foste minha."
(Sonhos Sonhos São - Chico Buarque)
Meu milésimo sonho
Parte 1
Bem, sei que toquei a campanhinha:
- Será que alguém poderia me atender?!
- Pois não, cavalheiro! – disse-me uma senhora bem idosa.
- Bom, eu preciso falar com alguém que está aí!
Ela falou: - Ah, você me trouxe o leite?
Eu disse: - Oh, me desculpe, eu sei que ainda é muito cedo, mas não sou o rapaz do leite.
- Então você é o Cabral? – perguntou-me ela.
- Bom, eu nada fiz pelo Brasil, mas procure-me num romance do Shakespeare – disse eu.
- Você parece ser um bom rapaz, mas Cinderela não pode sair.
Gritei: - Gata Borralheira é a senhora!
Ela se irritou comigo e foi chamar a superiora do colégio.
- É um malcriado – disse ela para uma freira que passava.
Mas a diretora me pareceu tão educada que cheguei a ter esperanças.
Lembrei-me de uma canção que eu gosto e gritei: “Oh, Sister!”
Ela me fez sentar e perguntou:
- Em que trabalhas? Me pareces vagabundo!
Não entendi a charada. Por que não me perguntou logo o que eu queria?
- Bom, na realidade quase nada faço, falei pra ela sem ficar nervoso, mas, arranje-me um violão. Talvez eu lhe tire alguns acordes.
Disse-me aquela senhora: - Já vi tudo. És bandido! Cai fora, senão chamo a polícia!
Eu disse pra ela: - Pensei que só a outra fosse esclerosada.
Ao dizer isso ela me jogou um vaso nos pés.
Apanhei as flores do chão e saí correndo.
Eliel Silva (1986)
Imagem: Internet
Imagem: Internet
Um comentário:
Para não falar palavrões: Carvalho, que Freud! (Ou seria "nem Freud"?!)
Bjs, Bel
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