Solidão de agosto
Eu quis trazer de volta
O viço da adolescência.
Que nada, era bem tarde
Era noite, madrugada
Era uma vida tão vazia
Uma alma atormentada
Dizem que amar vale a pena
Seja qual for o amor
Eu cá tenho as minhas dúvidas
Será que quem inventou o verbo amar
Dispunha de tantos recursos?
E por que será que esse produto
Ele não quis patentear?
Mês de agosto quando chove
Parece o fim do mundo
Não existe aquecimento
Até a alma resfria
O medo me bate à porta
Tudo aqui se esvazia
Não pude contemplar
Aquele meu bem primeiro
Estava em holocausto
Um antigo sentimento
Prestes a ser agora
Levado pelo frio vento
Me vi tão franciscano
Que tive até piedade
Piedade de mim mesmo
Nessa miséria tão santa
Quedei-me a questionar
Nessa solidão tamanha
Essa nova ferida aberta
No meio de outras tantas.
Eliel Silva
2 comentários:
Que bela poesia, digna de um porre no estilo "mal do século". Não é a toa que te chamo de POETA.
Abraço
Paulinho.
Obrigado, amigo Paulinho, pela apreciação da minha poesia. Sabe como é, a gente faz o que pode (e sabe!). Aquele abraço!
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