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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

sábado, 6 de agosto de 2011

Tributo a Raul - e a gente "tocando em frente"

“Eu já falei sobre disco voador
E da metamorfose que eu sou
Eu já falei só por falar
Agora eu vou cantar por cantar...”
(Cantar - Raul Seixas e Claudio Roberto)

David, Luciano, Marcos, Mércio, 
Eliel, Giancarlo e Erivan

Raulzito Seixas revisitado
(Ceará Mirim / RN)

Imagine você ter uma admiração enorme por um cantor/compositor, saber de cor todo o seu repertório, ser dono de um acervo invejável acerca desse ídolo, organizar um tributo a esse artista já há cinco anos, porém, em nenhum momento se atrever a subir no palco para cantar. Isso aconteceu com o Erivan Lima até aquele tributo número cinco. Sim, porque no ano seguinte, à convite da já então formada  (e batizada) banda Alma de Borracha, nosso amigo Erinho subiu ao palco para fazer o encerramento, cantando a música Sociedade Alternativa. E não é que o cara perdeu o medo, criou gosto com a coisa e daí em diante não parou mais. Virou o crooner oficial do seu próprio evento. À exemplo dele, outros, até então meros expectadores daquela festa passaram a ter pequenas participações, conquistaram seus poucos, porém preciosos minutos de fama. 
Erivan "Seixas"


Foi assim com Mércio, Vitoriano, Ricardo Seixas e outros mais. Figuras que logo mostraram porque estavam ali e conquistaram então lugar de destaque naquela festa. Alguns desses se apresentam até hoje. Aquele tributo também foi o primeiro onde, por sugestão do Ionaldo Oliveira, integrante do Alma de Borracha, se cobrou uma pequena taxa de entrada, na época, correspondente ao valor de um cafezinho, conforme falou Erivan em entrevista ao radialista Etevaldo Alves, na Rádio Novos Tempos.

Alguns futuros músicos

Mas falando na banda Alma de Borracha, que em sua primeira formação tinha Luciano Morais (bateria), Ionaldo Oliveira (vocal), Giancarlo (guitarra e vocal), Eliel (violão, gaita e vocal), David (contrabaixo) e ainda Ozair (teclado) e Nélio (que revezava com Luciano na bateria); pois bem, esse grupo lendário, histórico, imortal (a começar pelo nome), surgiu ali, naquela brincadeira séria. E sérios ficaram os compromissos do grupo que partiu pra tocar festinhas nas escolas: de halloween (que foram inúmeros) a aniversários. Sempre com um pop rock marcante daqueles anos 80, ou ainda, numa versão mais nostálgica, aquele som contagiante da década de 60.
Erivan e Lisboa
Mércio, Eliel, Erivan e Giancarlo

E assim descobrimos que confusão, brigas de egos e tudo o mais não aconteciam somente entre os componentes das grandes bandas, não. Com a gente também foi assim. E assim, naquele sétimo tributo não teve “Alma”. Nem sequer a “Borracha”. Aliás, uma borracha é o que a gente tenta passar naquele episódio. É que naquele ano o Giancarlo havia saído do grupo, e o clima estava meio tenso entre todos. Parece coisa do destino, eu até pretendia estar lá, não como músico, mas para prestigiar esse evento que ajudei a acontecer. Só que naquele dia estava acontecendo o sepultamento de uma tia minha, e fui ao enterro. Passou...

52º aniversário de Raul - No Pepper Bar 
(Rua Oscar Brandão - Dia 28.06.1997)

No ano seguinte, com as coisas mais ou menos em seus devidos lugares, com o Gian já tocando noutra banda e a gente tocando em frente, participamos do 8º Tributo. Antes, porém, celebramos o 52º aniversário do Raul, no dia 28 de junho de 1997, no Pepper Bar (com direito a bandeirinhas de São João, e tudo). E foi bom. Muito bom. Cada um na sua e Raul em todas! E aquele 8º Tributo teve a participação valiosíssima do músico cearense Geraldo Luz que, à convite do sebista Lisboa, veio com exclusividade se apresentar aqui na terra dos verdes canaviais. Com seu jeito irreverente, a La Raul, Geraldo Luz cantou, esbravejou, chorou, enfim, fez caras e bocas no palco. Lá pras tantas, com a sua performance já meio comprometida, o acompanhamento meio atravessado e a turma demonstrando sinal de cansaço, querendo já vê-lo fora do palco, ele percebendo o clima solta seu brado inesperado: “Eu estou com cirrose hepática, porra!” E desabou no choro. Foi o suficiente para que todos entendessem a solidão daquele gigante e passasse a aplaudi-lo.

Músico Geraldo Luz - "no Ceará tem disso, sim"

Erivan Seixas já segurava todas as barras, já se apresentava com participação em todos os grupos, já era “o cara”. O 9º Tributo marcou os primeiros registros em vídeo daquela festa bonita, com imagens importantíssimas capitadas pela câmera mágica do competente Careca. A partir de então, pudemos apreciar aqueles momentos, mesmo depois do show, através das fitas VHS. Imagens que ficarão guardadas para sempre. 
Público
Careca, primeiras imagens em vídeo

Créditos:
Texto: Eliel Silva
Fotos e depoimento: Erivan Lima "Seixas"

Um comentário:

Zilene disse...

Ver essas imagens (as duas primeiras vejo David, apaixonado por esse Tributo)passa um filme na minha cabeça e lembro qdo dos primeiros tributos, onde não tinham tantos reunidos mas os que tiveram coragem de entrar de cabeça nessa viagem de Erinho que hoje prospera em rede nacional. Bem lembradas imagens...