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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Enquanto “seu” lobo (não) vem

“Joga pedra na Geni
Joga bosta na Geni
Ela é feita pra apanhar
Ela é boa de cuspir...”
(Geni e o Zepelim – Chico Buarque)

Lobão, quase sereno

O eleito

A canção é de Chico, e também cantada por ele, mas naquela noite de bate-papo com o músico Lobão, me veio à cabeça essa canção sendo cantada pelo roqueiro brasileiro, endireçada ao grande mestre da MPB. Para quem assistiu recentemente a entrevista do Lobo no programa do Jô, onde ele até poupou os seus velhos “desafetos” (claro que, porque o entrevistador contribuiu para isso, não o instingando a tratar de tal assunto); naqueles momentos que antecediam a sessão de autógrafos na Livraria Siciliano, no Shopping Midway Mall, em Natal, naquela tarde/noite de segunda-feira, dia 4 de abril, dessa vez a sua lingua estava solta. Sinceramente, achei pra lá de deselegante uma pessoa pública desfiar tantos impropérios contra colegas de trabalho, seja qual for o seu estilo musical. Bom, mas em se tratando de Lobão o que se pode esperar? Elogios e rezas é que não. E o cara começou acabando com a MPB e seus grandes representantes: Chico, Gil, Caetano, Bethânia... Tropicália, Bossa Nova. Sertanejo, ele nem sequer quis mencionar. Também não ficaram impunes músicos da sua geração: Paralamas, Legião... Para ele, tudo cópia.
E seguiu-se o blá blá bla. O roqueiro respondendo às perguntas de algumas tímidas e educadas figuras presentes no auditório – talvez fosse um total de cinquenta pessoas lá - , eu, com a minha turma (mulher e filhos), calado estava e calado fiquei. Todo mundo só faltava morrer de rir quando ele descarregava a sua metralhadora giratória contra tudo e contra todos. Eu só me contorcia. Parecia que eu estava sendo atingido por tudo aquilo também.
Terminada a maratona, era chegada a hora da sessão de autógrafos. Fiquei num canto da escada esperando ele descer, e quando passou por mim, naquela disparada de sempre, perguntei: “E aí, Lobão, a vida é doce?” Fiz isso numa referência a uma canção sua, que também dá título a um dos seus discos. E ele repetiu: “A vida é doce!” Me deu vontade de perguntar ainda: “Então porque tanto amargor nas suas atitudes?” Claro que me faltou coragem para tanto. Deixa prá lá. Fui esperar a minha turma pegar a fila para ele então finalmente autografar o livro.
A família, depois do autógrafo

Em protesto contra tudo que eu ouvi, achei por bem não tirar uma foto ao seu lado. Mas fiquei um pouco afastado, sendo que, num ângulo onde permitia que ele aparecesse, e pedi que uma funcionária da livraria me fotografasse. Todos riram da minha idéia. Mas foi somente pra mostrar que eu estava alí. A princípio, pensei em pegar um livro do Chico Buarque que eu havia folheado pouco antes, e deixar bem exposto, para que saisse na foto, mas achei que seria uma afronta daquelas. E, afinal, o lobo alí era ele. Eu era apenas um simples cordeiro e, como o “Pedro pedreiro” do Chico, penseiro também, contive a minha “alegria alegria” de poder viver esse leque de sons do meu país, no “palco” dessa “vida bandida”, e me aquietei. Estou pensando seriamente em comprar a caixa do Lobão que traz seus primeiros discos, ótima fase do cantor/compositor, assim vou poder ouvi-lo cantar, sem me preocupar com as suas opiniões bombásticas.
Eu, com o livro "Rock e Gestão".
Mas bem poderia ser um da MPB

Em tempo: dia 9, próximo sábado, Lobão estará novamente em Natal para o show “Elétrico”, no teatro Riachuelo (ver postagem de 2 de abril, aqui no blog). A minha turma vai estar lá, eu não. Só espero que ele não faça nenhum mal aos meus três – com todo respeito, e todo o meu amor - “porquinhos”, porque aí então, Lobão, sou eu quem irá virar uma fera. Mas isso também já é outra viagem. Parece mesmo que "a vida é doce".

"Ele é o esperto, ele é perfeito
Ele é o que dá certo, ele se acha o eleito."
("O eleito" - Lobão/Bernardo Vilhena)

Citações das músicas:
• “Pedro Pedreiro” – Chico Buarque
• “Alegria, Alegria” – Caetano Veloso
• “Palco” – Gilberto Gil
• “Vida Bandida” – Lobão e Bernardo Vilhena

Créditos:
Texto - Eliel Silva
Foto 1 - Bel Silva
Fotos 2 e 3: Funcionária da Siciliano

5 comentários:

C.Henrique disse...

Sou fã do Lobão, mas essa de atirar pra tudo que é lado, detonando sem parar, é exagero. Ser rock'roll é bem mais que isso! Criticar Chico é bobeira grande!
C.Henrique

ELIEL SILVA disse...

Pois é, professor Carlos Henrique. Lobão vive a síndrome do escorpião. Não tem jeito!

Maluz disse...

Bobeira grande é conter opiniões pela uma falsa ética, que mal tem criticar o chico? ele é algum ser perfeito? acho ele falho até demais, e fizesse bem não mostrar o livro dele na foto do lobão seria dois contrastes grandes! Viva o velho e corajoso lobo, enquanto todos os outros viven de serem porcos medrosos.

ELIEL SILVA disse...

“Por ela é que o show continua
Eu faço careta e trapaça
É pra ela que faço cartaz
É por ela que espanto de casa
As sombras da rua
Faço a lua
Faço a brisa
Pra Luisa dormir em paz.”
("Luisa" - Chico Buarque e Francis Hime)

Maluz disse...

Tem muita Luisa no mundo amigo, essa ai é com s não tornaria fã dele por isso tom jobim tbm tem e bem mais bonita que essa!