Estranho Carnaval
(Escritos da Quarta Feira)
Eu quero de novo toda gente dessa cidade tão hilária, onde nada acontece, ou, tudo se faz do nada. Meu Deus, se é que Deus cabe nessa história, eu queria estar lá outra vez. Não é por nada, mas é pelos meus. E isso é muito importante. Soube que meu filho chorou querendo voltar pra casa. Ora, ele sabe que aqui é tudo e que aquele mar é nada. Eu estou só falando (escrevendo) coisas que eu nem sei se estarão corretas. São quase rimas, quase prosa. Bom, não sei, a vida é uma piada. Quero é que chegue maio. Porque aí eu rio e folgo. Não quero nem saber se alguém vai fazer festa. Eu fico só, no meu canto, e quase me evaporo. Só vou estar semente no ano que virá. Mas já é outra história. E já é outro chão. Quem disse que eu não via, a fé no outro irmão? Ele é só esperança. Bobo, louco ou ateu! Não faz a menor diferença. E eu quero que a vida recomece. Que se acabe esse carnaval, que, sinceramente, tá tudo tão estranho! Nem os céus quis participar e assim não mandou chuva. Então os tolos seguem com seus ‘chiliques’ por aí. E as poposudas iludidas a mostrarem os seus perfis. Tudo fogo de palha. Amanhã murcharão. E vai ser triste ver aquelas rugas avançarem feito um barranco que despenca. Sei lá, eu só queria mesmo era que essa vida fosse em frente e que eu me aguentasse durante e depois desse estranho carnaval.
Porque eu era pra lá e pra cá, pegando carona ou pagando car(r)o. Era sozinho em casa. E a televisão uma bosta como sempre (salvo a transmissão do desfile das escolas de samba). Mas o silêncio compensava e trazia paz ao meu bairro.
E assim fiquei só nesses dias. “Num indo e vindo infinito,” que felizmente findou. Chegou a quarta-feira de cinzas e não era só isso. Pois veio a chuva também e foi bom pra todo mundo. O ano começa agora, é o que dizem. Pior que é verdade, e eu acredito. Para uns o trabalho recomeça, para outros só continua, e para outros ainda será apenas enrolação. Os bestas que se esforcem e se enforquem. E haja plano de governo que pra que o povo carente diga: “vamos fazer menino!” Ora, carnaval bom, ou bom descanso, é pra quem pode ir pra barreira do inferno e se lançar foguete. O resto é só piada! Escrevi só pra passar o tempo, porque não tenho jogo de damas ou dominó, mas meu poema virou um quebra-cabeças. Vá entender o poeta... Ele é tão livre e tão doido, que faz um mosaico de coisas e não dá acabamento. Vende o seu peixe assim mesmo. E o carnaval já passou...
Créditos:
Texto: Eliel Silva
Inagem: internet
2 comentários:
Valeu poeta. Arrebentou.
Abraço.
Paulinho
Obrigado, meu professor Paulinho. Só agora eu entendi o seu comentário via e-mail. Vamos vivendo...
Postar um comentário