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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Via Crúcis

Quando Jesus Passar

“Mas tu quando orares entra no teu aposento,
e fechada a porta, ora a teu Pai em secreto;
e teu Pai, que vê o que se passa em secreto,
te dará a paga.”
Mat. 6,6

Um dia, quando Jesus passar na minha rua, eu quero estar na soleira da porta da minha casa e, mesmo que, menos digno que Zaqueu, vou convidá-lo a entrar. E quero que seja bem na hora em que uns vizinhos que eu tenho, que se dizem pessoas de Deus, estejam naquela algazarra de fé. Sinceramente, eu não entendo o que se faz por aí “em nome de Jesus”. Trabalhamos o dia inteiro, o que é também uma forma de oração, e quando chega a noite, pensamos em descansar, eis que começa aquela balbúrdia que vai até altas horas. Será que Jesus aprova tal comportamento? Será que para ser ouvido por Ele é preciso mesmo tanto alarido? Dizem que a fé é cega, mas certamente Jesus não é surdo. E é correto em nome de uma religião (ou por puro fanatismo) perturbar o sossego do semelhante, quando esse só quer mesmo é um pouco de paz? Tenho a esperança de uma dia obter respostas para essas questões. Vou esperar Jesus passar!
O leitor amigo pode estar a estranhar esse meu relato. Para uma semana tão santa como a que vivemos cairia bem escrever somente sobre coisas boas. Mas eu não tenho mensagens, tenho vivência. Confesso que em certas ocasiões eu estou mais para Tomé do que para Simão Pedro. Muito embora, seja qual for a situação estarei disposto a encarnar o papel do outro Simão, o Cirineu. Só que não dá pra se viver constantemente “curtindo” um “heavy metal do Senhor” sem se manifestar. Prefiro o som do silêncio. Não aquele silêncio de Adão, que não reage nem discorda. Mas o silêncio de Maria, de obediência e de confiança. Quero aquele silêncio de Jesus diante do interrogatório de Pilatos. Um silêncio que diz tudo! Por toda essa semana eu prometo carregar a cruz com resignação, depois disso eu não sei não!

“Eu sei que da verdade eu não sou dono
eu sei que não sei tudo sobre Deus.
As vezes quem duvida e faz perguntas
É muito mais honesto do que eu.
(...)
As vezes muita gente não crê no que acredita
e afasta o seu irmão da religião.”
(Canção por um ateu - Pe. Zezinho, scj)

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