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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

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UNIFORMES


“Você se espanta com o meu cabelo
É que eu saí de outra história.
Os heróis na minha blusa
Não são os que você usa.
E eu não te entendo bem.”
(“Uniformes” – Leoni/Léo Jaime –
Grav.: Kid Abelha)


Taí uma coisa que eu curto muito: estampar no peito fotos de pessoas pelas quais tenho grande admiração. Mania que trago da minha juventude e que me acompanha vida afora. Existem várias figuras que eu gostaria de tê-las nas minhas camisas, algumas das quais já perderam o viço pelo tempo de uso (Renato Russo, Cazuza...) e outras, infelizmente, não estão disponíveis no mercado.
Me orgulha ainda mais o fato de algumas terem sido pintadas por artistas amigos meus. Duas delas tem um significado especial: a pintura da capa do "Self Portrait", disco do Bob Dylan, que o Ruy Lima reproduziu fielmente para mim e outra que idealizei a partir de uma canção do Zé Geraldo, “Vaqueiros Urbanos”, um trabalho do artista plástico Euds Martineri. E por que são tão especiais? Bem, primeiro, como já falei, por se tratar de um trabalho feito por mãos amigas; depois porque existem historinhas envolvendo as tais pinturas.
Certa vez fui a um show do Belchior, no Teatro Alberto Maranhão, em Natal/RN, e, pensando até em homenagear o cantor cearense, porque, como ele mesmo diz numa canção, “nossos ídolos ainda são os mesmos”, o que para mim é uma verdade, então naquela noite vesti a camisa do Bob, Self Portrait. Depois do show fui ao camarim daquele “rapaz latino americano” batalhar um autógrafo e qual não foi a minha surpresa ao ver que o cantor ficou impressionado com a pintura na minha camisa. Se aproximou, analisou, e admirado me perguntou quem havia pintado e que tipo de tinta usou. Sobre a tinta eu não soube dizer nada, mas sobre o pintor falei com entusiasmo. O trabalho do meu amigo Ruy impressionou o também pintor Antônio Carlos Gomes Belchior Fontenelle Fernandes.
Outro trabalho que me deixa orgulhoso é o do Euds Martineri, Vaqueiros Urbanos. Houve um tempo em que eu tinha uma idéia fixa de montar “um regional” para tocar rocks rurais na cidade grande. Falei para o Euds da minha idéia, disse mais ou menos como queria a pintura e o cara simplesmente criou uma obra prima. Mesmo o grupo não tendo decolado, fiquei com as lembranças do projeto e a camisa que guardo como um amuleto.
E assim eu saio pela vida carregando comigo esses heróis. Ah, por opção e por precaução, nunca usei camisa de político. Os meus ídolos ainda são os mesmos. E eles são outros.
Fotos: Eliel Silva

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