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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Panis et Circenses

Circo, carnaval e cinzas

Olhando na quarta-feira as ruas vazias
Com os GARIS dando um jeito em nossa moral
Custei a compreender que fantasia
É um troço que o cara tira no carnaval
E usa nos outros dias por toda a vida
Dizendo: "Olá! Como vai?" e coisas assim
O nó da gravata apertando o pescoço...
(Fantasia - João Bosco e Aldir Blanc)
Juro que eu bem desejei ir àquele circo. Certa tarde passou um carro de som na minha rua e o locutor anunciava mais um dia de espetáculo (depois disso, por uns três ou cinco dias seguidos ouvi anunciar a última apresentação). E tocava umas canções do momento que ele dizia fazer parte da programação daquela noite, garantindo aos ouvintes a audição daquelas “pérolas” que seriam tocadas lá. Também como atração haveria um concurso para quem melhor dançasse o “créu”. Isso ele falava em alto e “bom” som com todos os agudos possíveis. Para completar saiu uma que dizia “olha o ‘baculejo’ do negão”. Achei melhor não ir naquela noite. Não estava em minhas emoções circenses ver “baculejo” de negão nenhum. Mas no outro dia, para aquele domingo à tarde, haveria uma programação diferente. A matinê contaria com um concurso para avaliar a maior boneca (o brinquedo!) que fosse levada ao circo naquele espetáculo. Tai algo que achei interessante, diferente, educativo. Pensei logo no desafio: ainda existem crianças tão interessadas assim por bonecas?! Me empolguei pra ver, ainda mais com aquelas musiquinhas (agora eram outras) cantadas por uma então inocente Simony e a sua turma do Balão Mágico.

Mas que diabos, logo naquela tarde em que haveria uma programação de carnaval de rua na praça das cinco bocas, promovida pela prefeitura municipal em parceria com algumas secretarias. Optei pelo desfile, coisa que há muito tempo não se via por aqui. E fui lá. E foi bom. Foi muito bom presenciar toda aquela gente se espremendo naquela nova Sapucaí daqui para ver as atrações anunciadas para aquela tarde/noite. E quase na hora marcada começaram os desfiles dos grupos carnavalescos tradicionais aqui da terrinha: Índios Comanche, Índios Tupinambá de Gravatá, Escola de Samba Império do Vale e Bambelô Asa Branca.
E os nossos foliões não decepcionaram. Fizeram bonito, cada qual a seu modo. O evento contou com a presença do prefeito da cidade, Antônio Peixoto, e alguns assessores: Lula, Waldeck e Francisco Navegantes. E foi só. Os demais secretários certamente estavam nadando em “outras praias”. No meio do povo também se encontrava Rossini Cruz, o homem da Budega Véia, grande incentivador cultural da nossa cidade.
Encerradas as apresentações, peguei a reta da Meira e Sá, de volta pra casa. No caminho me encontrei com algumas crianças que vinham do circo, acompanhadas de seus pais. Algumas portando belíssimas bonecas. E uma dessas bonecas, possívelmente a vencedora do concurso, era enorme. Tanto que estava sendo transportada nos ombros de um senhor, cheio de alegria. Cheguei a conclusão de que, por mais que se diga que o mundo é muito pequeno, que a vida é curta, e tantas outras filosofias, há sempre espaço pra todo mundo, é só cada um conquistar “o seu quadrado”. Não se pode deixar que os anseios de um povo simplesmente se transformem em cinzas. E haja pão e circo para toda essa gente!
Crédito das Fotografias:
Circo: internet
Desfile e foliões: Eliel Silva

3 comentários:

Ceicinha Câmara disse...

ELIEL, PARABÉNS POR ESSA BELA DESCRIÇÃO! GOSTO MUITO DO SEU GÊNERO TEXTUAL! continue assim, amigo!

Um abraço!

ELIEL SILVA disse...

Obrigado, Ceicinha. Que bom que esse meu jeito brejeiro de escrever agrada a você. Vamos em frente!

Anônimo disse...

AMIGO ELIEL, SÓ MESMO VOCÊ COM ESSA CAPACIDADSE INTELECTUAL NOS LEVA ÀS LÁGRIMAS COM TANTA FACILIDADE.ESTOU DISTANTE MAS, RETORNO COM FACILIDADE AO NOSSO RICO PASSADO E MATANDO SAUDADES VIAJANDO ATRAVÉS DO SEU BLOG, PARABÉNS.[FERNANDO DIAS]