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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Pequeno perfil de um cidadão comum

JOHNNY SOM


"João, o tempo
andou mexendo com a gente,
sim!"
(Belchior)


O meu conhecimento a respeito do Johnny Som vem da segunda metade dos anos 1970. Naquele tempo do Clube Ypiranga onde ele promovia memoráveis festinhas. Foi lá que numa bela noite eu tirei uma jovem pra dançar e embalados ao som da canção Sunshine On My Shoulders, do John Denver, parecia que estávamos protagonizando um papel digno de novela das oito, já em alta por aquele tempo. A ponto de o vocalista da banda descer do palco e cantar juntinho a nós, valorizando ainda mais aquele momento. E o Johnny, cujo sobrenome (apelido) fazia jus a sua profissão, era um incansável pesquisador e inovador na área de som e embarcou de vez numa nova onda quando do advento da discoteca. O Clube Ypiranga ficou pequeno para tanta gente que queria participar daquelas festas e, cada um a seu modo, e como podia, chegar quem sabe, o mais próximo possível das performances do John Travolta, no filme Os embalos de sábado à noite, ou da Sônia Braga na novela Dancin' Days. E foi assim que a discoteca do Johnny Som se instalou no Centro Esportivo e Cultural de Ceará-Mirim. Ali eu participei de várias matinês, o que a minha idade na época permitia. E sem querer bancar agora o Don Juan, um pé-de-valsa, ou coisa parecida, só queria relatar outro fato envolvendo a boa música daquela época. Naquela tarde de domingo, as potentes caixas de som tocavam uma música internacional daquelas que não deixam ninguém ficar parado. Não lembro qual era a canção, mas lembro que alguém lá na pista de dança quis se alterar por algum motivo. Johnny parou o som na mesma hora, fez um pequeno sermão e retornou com a programação. Só que ao invés de continuar tocando aquela música apressada, talvez de propósito, deixou rolar Não chore mais, com Gilberto Gil. Ora, eu que estava bem próximo a uma girl não me contive, peguei em sua mão e a tirei pra dançar. Soube depois que ela comentou com umas amigas que eu havia dançado com ela. Coisas de um adolescente: fiquei imensamente feliz!
De outra feita, aficionado por disco de vinil como sempre fui, visitei certo dia a lojinha que o Johnny tinha ali próximo à Rua da Cruz. Me encantei com o LP do Hermes Aquino, Desencontro de Primavera. Quis comprá-lo, mas ele disse que não estava à venda, mas poderia me emprestar. Quase não acreditei, aquele cara que nem bem me conhecia ia confiar me emprestar aquela preciosidade. Peguei o disco e corri para o estúdio do amigo Erivan que na mesma hora passou para uma fita cassete, que tenho até hoje, no outro dia no momento marcado, voltei à loja e lhe devolvi o LP com mil "muito obrigado".

Passado algum tempo, nessas idas e voltas que a vida tem, me encontro outra vez com o comunicador na 91 FM. Seu irmão, o Juscelino, apresentava um programa naquela emissora e de vez em quando me convidava para participar. E assim outros amigos também estiveram lá: João Palhano, Erinho, Giancarlo, Washington, Janaína. Pegávamos os nossos CDs e partíamos para uma viagem no tempo. As vezes o Johnny chegava por lá, meio enfezado e cortava o nosso barato, dizendo que naquele momento ia entrevistar alguma "figura importante" da cidade. A gente ficava chateado mas depois até que entendia, era preciso fazer o sonho acontecer, manter a emissora no ar, e só com aquele nosso sonzinho descompromissado seria difícil segurar o tranco.
Hoje existe um novo horizonte, não é Johnny?! Talvez ainda não à altura do que se mereça, se levarmos em conta os anos de batalhas que você viveu e enfrentou, sempre com muita garra e determinação. Vamos acreditar mais um pouquinho... E obrigado pelo espaço que você concedeu na 87 FM ao Edvaldo Morais para apresentar o programa Jovem Guarda Especial. Fui me infiltrando na programação e hoje eu já me sinto um tremendão (com muita humildade, que fique bem claro!). Ah, mas eu ainda sinto saudade daqueles jogos que você narrava, juntamente com Muniz, no estádio do Centro Esportivo e Cultural. Gostava de ver você "passar a bola" da locução para o outro companheiro, enquanto você se deliciava tomando um sorvete. Ai o Muniz mandava ver. Eita, tempo "bão"!

Créditos das fotografias:
Foto 1 - Paulo Costa
Fotos 2 e 3 - Eliel Silva

Um comentário:

Unknown disse...

Prezado ELIEL grato pela lembraça, que bons tempos! 87 abraços Jony Som.