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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

domingo, 17 de janeiro de 2010

Amigo é coisa pra se guardar... - Revisitado

D A V I D
(26/09/1953 - 17/01/2006)

"É tão estranho, os bons morrem jovens.
Assim parece ser quando me lembro de você
que acabou indo embora cedo demais..."
(Renato Russo)

Há exatos quatro anos o baixista dos Formigões, do Alma de Borracha e de tantos outros grupos e o preferido de muitos artistas da música cearamirinense nos deixava. David, o músico que não fazia cara feia quando convidado pra tocar e tocava pra todo mundo. Nas Igrejas, nos clubes, nos bares, nos quintais. Ele era assim...

David Faustino de Lima nasceu no dia 26/09/1953. Filho de José Faustino de Lima e Maria Raimunda Tomaz de Souza. Natural da cidade de Eduardo Gomes, veio para Ceará-Mirim no início da década de 1970, quando seu pai, pastor da Assembléia de Deus, foi transferido para essa cidade. Em 1974, conheceu Conceição Barros e passaram a namorar. Dois anos depois se casaram e dessa união nasceram seus filhos Fabiano, Alane e Luciana. David, que sempre demonstrou ser um apaixonado por música, mesmo depois do fim do grupo Os Formigões, continuou tocando por todos esses anos para qualquer grupo ou pessoa que lhe procurasse. Não fazia cara feia, não fazia charme – prática comum no cenário musical. Com o seu contrabaixo, instrumento que dominava tão bem, estava sempre disposto a tocar: fosse num bar, num clube ou mesmo numa igreja. Sua dedicação era sempre a mesma. Um dos grupos em que ele mais se identificou foi sem dúvida a banda Alma de Borracha, onde tocou até dezembro de 2005, sempre se sentindo em casa. E nesse seu último dezembro, por ocasião da festa da padroeira, para confirmar o seu senso de humor, vou fazer um pequeno comentário a respeito de um episódio que nos sucedeu: estávamos tocando em um quintal, num palco improvisado, com um equipamento de som horrível. David, com o seu inseparável e infalível contrabaixo, olhava pra gente, fazia uma careta e caía na gargalhada. Quando ele se emocionava era como um Grande Otelo: chorava e sorria quase ao mesmo tempo. Uma maravilha singular!

Contrariando os meus princípios, de não querer invadir a praia de ninguém, naquele janeiro do ano seguinte, eu estava disposto a passar um dia com o velho amigo na praia de Jacumã, onde ele costumava passar o veraneio. E já imaginava como seria aquele dia de sol, a gente biritando e tocando violão... Tarde demais! Já era inverno em nossos corações! No meu trabalho, naquele dia 17 de janeiro de 2006, recebi um recado de sua esposa avisando que ele havia passado mal e assim, após ter sido atendido em um hospital de Ceará-Mirim, teria sido encaminhado para Natal. Sinceramente, eu gelei! Mesmo sem querer admitir, senti naquele momento que seria o fim. É que eu já vinha temendo aquele momento há algum tempo, pelo que eu observava em seu estado de saúde. Saí do trabalho, fui pra casa e à noite me veio a notícia que eu não queria ouvir. Sua filha me ligou para comunicar o seu falecimento. Nessa nossa história tão real, David não foi astuto o suficiente para vencer o gigante, e foi vencido. Fiquei com a árdua tarefa de ligar para cada um dos componentes da banda Alma de Borracha e comunicar o fato. Com a morte de David, o sonho de banda definitivamente ficou sem sentido. A gente até tentou seguir em frente, o que até seria uma forma de homenageá-lo. Ledo engano! Só mesmo a presença do nosso rei David para apaziguar as coisas e acalmar os ânimos exaltados desses caras que teimam em brincar de músicos. É John, por aqui também, “o sonho acabou!” (Eliel Silva)
Texto original postado no Blog Chaminé
setembro de 2007
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Na foto acima, ele aparece tocando violão no Pepper Bar, que funcionava no início da Rua Oscar Brandão. Foi no lançamento do jornal do artista plástico Ruy Lima, Gazeta Cultural, em novembro de 1995. David apareceu por lá naquela noite. Chegou bem à vontade e já “pronto”, como era o seu jeito de sempre chegar. Lá pras tantas, ainda mais inspirado, pegou o violão e com dificuldade de acertar os acordes e a voz quase falhando, cantarolou duas canções que eram uma constante em seu repertório: Preta Pretinha, do grupo Novos Baianos e Chuva de Amor, do compositor cearamirinense Tita dos Canaviais. Detalhe: tenho esse registro em áudio, que também faz parte dos meus arquivos raros.

David tocou no I Tributo a Roberto Carlos, em abril de 2005. No ano seguinte ele foi homenageado por ocasião do II Tributo. A gente vai sempre lembrar desse cara quando todos aqueles momentos passarem em nossas mentes como num filme que a gente revê, as vezes pra sorrir e as vezes pra chorar.

4 comentários:

Anônimo disse...

Impossível esquecer "Bem". O peito aperta sempre que ele vem na lembrança. Os olhos ficam rasos d'água. Seu falecimento, não morte, pois ainda está vivo e sempre permanecerá assim na recordação dos que conviveram com ele, veio como um grande choque que muitos não esperavam.
David foi embora cedo demais.

E com a mesma letra da canção do inicio da matéria encerro esse comentário.
"Lembro das tardes que passamos juntos, não é sempre, mas eu sei que você está bem agora, só que este ano o verão acabou cedo demais."
(Bel Silva)

Anônimo disse...

Eita ! Eliel, bela homenagem ao eterno David. Lendo o texto qualquer um que conheceu e conviveu com ele com certeza ficou emocionado. Assim me sentí, assim gostaria de mandar um abraço forte a Conceição e filhos. Rossine Cruz

Anônimo disse...

Valeu, Rossine! Obrigado pela deferência a esse humilde blog. Nosso objetivo é esse, tratar de diversos assuntos numa linguagem leve, mas acima de tudo sincera e bem original. É claro que, as vezes, por força das circunstâncias, a gente pega meio pesado, e isso pode causar algum descontentamento, mas se tudo soasse certinho demais eu ia desconfiar se era mesmo real. Mais uma vez o meu muito obrigado pela sua atenção! (Eliel Silva)

Zilene-profa disse...

Puxa,Eliel! Quase não consegiu ir a té o fim,difícil não se emocionar c essa bela demonstração de amizade q vc soube tão bem expressar.Ele tb teve uma ligação muito forte de amizade c Alex.DAVID É INESQUECÍVEL!
Bjs