REQUERIMENTO
...e assim, Excelentíssimo Senhor Juiz, venho por meio deste,
solicitar autorização para que eu possa, neste 7 de setembro do ano de 2017,
tomar a minha caipirinha, cujos ingredientes, limão, açúcar e cachaça, foram
comprados com recursos do meu parco salário do mês (eu até contava com o
adiantamento do décimo, mas foi só boato). Outrossim, garanto a Vossa
Excelência que o dinheirinho deixado no mercadinho não é proveniente de Caixa
2.
Assinado,Eliel Silva - funcionário público, e nas horas vagas, poeta e boêmio
Assinado,Eliel Silva - funcionário público, e nas horas vagas, poeta e boêmio
07 de setembro de 2017
Hoje sinto a dor de um grito de
independência dado há dez anos, uma simples mudança com resultados
exorbitantes, de uma simples casinha branca para outra maior, onde minha vida mudaria, não necessariamente para o que eu
queria.
Aquela casinha branca, a casa dos sonhos, hoje chora pela distância que a independência causou, chora de saudade, não somente dos quatro rockeiros e do cachorro, mas também dos meus avós que davam vida ao nosso lar, pessoas essas a quem devo a vida, devo tudo que tenho e o que sou.
Sinto saudades de ver meus avós da janela, das plantas, de arranhar o joelho no cimento, do supermercado às sextas, da feira aos sábados, de ouvir meu avô responder ao "bom dia, boa tarde, boa noite, até amanhã" do jornal, do bolo com suco de acerola e laranja no fim de tarde, do jeito único que meu avô tinha de tomar café, da maneira que vovó refogava o arroz, da minha mãe arrumando meu cabelo, do meu pai me acordando fazendo cócegas no meu pé, do meu irmão indo jogar bola com os amigos na rua da frente...
Temos que tomar cuidado com o grito de independência dado por nós, muitas vezes silencioso, nem sempre o caminho mais fácil é ausente de dor.
Talvez futuramente eu pule um número ou dois, mas hoje minha rua preferida ainda é a Rio Água Azul, e a casa 23.
Aquela casinha branca, a casa dos sonhos, hoje chora pela distância que a independência causou, chora de saudade, não somente dos quatro rockeiros e do cachorro, mas também dos meus avós que davam vida ao nosso lar, pessoas essas a quem devo a vida, devo tudo que tenho e o que sou.
Sinto saudades de ver meus avós da janela, das plantas, de arranhar o joelho no cimento, do supermercado às sextas, da feira aos sábados, de ouvir meu avô responder ao "bom dia, boa tarde, boa noite, até amanhã" do jornal, do bolo com suco de acerola e laranja no fim de tarde, do jeito único que meu avô tinha de tomar café, da maneira que vovó refogava o arroz, da minha mãe arrumando meu cabelo, do meu pai me acordando fazendo cócegas no meu pé, do meu irmão indo jogar bola com os amigos na rua da frente...
Temos que tomar cuidado com o grito de independência dado por nós, muitas vezes silencioso, nem sempre o caminho mais fácil é ausente de dor.
Talvez futuramente eu pule um número ou dois, mas hoje minha rua preferida ainda é a Rio Água Azul, e a casa 23.
(Bel
Silva, 7 de setembro de 2016)
E foi como eu já esperava: até aqui,
somente a vaca mugiu!
Juro que eu não tenho absolutamente
nada contra o amor. Portanto, não me provoque: meu golpe de carinho pode lhe
ser fatal.
Hoje eu acordei com um desejo enorme de
que já fosse o natal.
Hoje fiquei tão feliz com o nada por
fazer que sequer dei um cochilo. Acostumado com a correria diária, ficar parado
me deu uma trabalheira danada.
Esse silêncio não tem preço, e me veio
de graça, quando eu já estava disposto a pagar o dobro por ele.
(Eliel Silva)
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