Sei que pode parecer abandono, mas é apenas espera.
Espera que o tempo de ajeitar as coisas possa vir. Tem sido assim por toda essa
vida. Agora não seria diferente. E então chegará a vez de fazer a faxina geral,
espanar os móveis, mover a poeira, eliminar as traças, remover as teias de
aranha. Com o tempo aprendi que o pó e a cinza até ajudam a conservar
determinadas coisas, as deixam intactas para um futuro indefinido. E assim,
como já falou o poeta: “resta a espera, que sempre é um dom”. (Eliel Silva - 29 de setembro de 2016)
sexta-feira, 29 de setembro de 2017
sexta-feira, 22 de setembro de 2017
É primavera...
A FLORZINHA
Eu fui pelo mato
Assim seria mais perto chegar
E evitar tanto arrodeio...
E no meio daquele mato
Encontro uma florzinha amarela
De tanto medo.
Pensei leva-la pra casa
Não deixa-la ali, sozinha
Mas ela se agarrava no mato
Desconcertada, me pedia
Pra ficar com ela
E não ir embora
Eu que nunca entendi essas coisas
Menti que voltaria
Fui pensar numa ação de resgate
Voltei no outro dia, era tarde
A flor já não existia
(Eliel Silva - 20.09.2017)
quarta-feira, 20 de setembro de 2017
Na rua em que eu morava
Acabei de passar lá na rua em que eu morava, coisa que faço vez em quando, pois não dá para deixar tudo aquilo para trás. Excepcionalmente hoje, não me senti bem com o que presenciei: não mais encontrei aquela casa em frente a dos meus saudosos pais. Sim, estava faltando o lar de “Pai Minga” e dona “Santa”, do mestre Joaquim e dona Teresina. Aquela casa que me acolheu tantas vezes, para uma partida de futebol com caixas de fósforo, onde fazíamos do piso da sala o nosso estádio. Partidas memoráveis foram realizadas ali com os anfitriões Bão (que mais tarde veio a ser meu compadre), Doca e Jangada, além, claro, dos tantos outros meninos de então, vizinhos e amigos. Fiquei chocado e ao mesmo tempo com raiva daquela máquina que, pouco a pouco, demolia paredes e ia retirando os escombros e colocando numa caçamba, apagando assim muito das nossas lembranças. Nem mais sinal do forno de lenha, onde o casal e seus filhos assavam as deliciosas raivas. E aquela janela de frente, que me permitia apreciar, lá da minha calçada, aqueles velhinhos simpáticos numa cumplicidade de dar inveja: Pai Minga e Mãe Santa. É bem certo que faz muito tempo que nem moro mais naquela rua, mas nas vezes que passo ali, um filme volta a ser exibido na minha mente. Agora vou ter que puxar mais ainda pela memória para “rever” a nossa gente, já que parte do cenário foi retirada. É bem verdade que devemos estar abertos ao progresso, mas isso às vezes é um processo que dói demais. (Eliel Silva - 17.09.2017)
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