“Eu ando pelo mundo
divertindo gente,
chorando ao telefone.
divertindo gente,
chorando ao telefone.
(...)
Eu ando
pelo mundo,
e meus amigos, cadê?”
(“Esquadros” – Adriana Calcanhoto)
e meus amigos, cadê?”
(“Esquadros” – Adriana Calcanhoto)
Bicho
de 7 cabeças
Hoje em dia, não é tão difícil
você pegar uma dúzia de canções, sucessos já consagrados pelos grandes
intérpretes, ir para um estúdio e gravar o “seu” CD. Porque, como diz o
Belchior, “tendo dinheiro, não há coisas impossíveis.” Mas imagine você querer
gravar um disquinho, com quatro canções, e isso no ano de 1981. Calma, não é o
famoso e na moda EP de hoje, não! Naquela época era compacto (disco em vinil).
Simples ou duplo. Os nossos heróis aqui em questão tinham esse propósito. Sete
rapazes, no auge da juventude e já sonhando o futuro. Mas como arranjar grana
pra tocar em frente esse projeto? De quem foi a ideia não me pergunte, pois não
sei. Mas eles saíram com uma lista de possíveis compradores daquele futuro
disco. Colheram as suas assinaturas, e, claro, suas contribuições. Fizeram a
contabilidade e, fechado o valor da gravação, partiram para o trabalho. Foi
assim que Maurício Aquino, Adeildo Neto, Edivaldo Saraiva, Marcos Câmara, Alexandre
Lacerda, Gilvan Soares e Ivan Pinheiro conseguiram gravar o trabalho autoral “PÉ
D’ÁGUA”, do “Bicho de 7 Cabeças”. Quatro canções. Duas no lado A (“Pé D’Água” –
Maurício Aquino/Adeildo Neto e “Sócrates Kid” – Adeildo Neto) e duas no lado B
(Sêca Maior – Adeildo Neto e “Saudade” – Alexandre Lacerda/Marcos
Câmara/Adeildo Neto).
Detalhe: o disco tem capa dupla
e encarte com as letras. O que não era comum para um compacto. Sendo assim uma
edição de luxo. E mais: a capa interna reproduz as assinaturas de todas as
pessoas que contribuíram para a gravação daquele disco. Uma jogada de
marketing, mas feita com o coração. E o que dizer das canções. Lembro de,
quando no seu lançamento, ter comentado com alguns amigos que elas tinham (tem
até hoje) a qualidade de uma canção do Zé Ramalho, do Geraldo Azevedo e tantos
outros cantores/compositores do gênero. Queria só relembrar um pouco desses
sete rapazes, botar de novo pra tocar na vitrola o compacto (o que faço agora!)
e fazer uma viagem de volta no tempo. Dê uma espiada nos seus guardados. Você
pode ter também uma preciosidade dessa em sua casa. E viva o nosso som! Viva a
nossa gente!
Eliel Silva/janeiro de 2014
Imagens: Arcevo doautor do texto
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