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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Coisa nossa


 “Eu ando pelo mundo
divertindo gente,
chorando ao telefone.
(...)
Eu ando pelo mundo,
e meus amigos, cadê?”
(“Esquadros” –
Adriana Calcanhoto)


Bicho de 7 cabeças

Hoje em dia, não é tão difícil você pegar uma dúzia de canções, sucessos já consagrados pelos grandes intérpretes, ir para um estúdio e gravar o “seu” CD. Porque, como diz o Belchior, “tendo dinheiro, não há coisas impossíveis.” Mas imagine você querer gravar um disquinho, com quatro canções, e isso no ano de 1981. Calma, não é o famoso e na moda EP de hoje, não! Naquela época era compacto (disco em vinil). Simples ou duplo. Os nossos heróis aqui em questão tinham esse propósito. Sete rapazes, no auge da juventude e já sonhando o futuro. Mas como arranjar grana pra tocar em frente esse projeto? De quem foi a ideia não me pergunte, pois não sei. Mas eles saíram com uma lista de possíveis compradores daquele futuro disco. Colheram as suas assinaturas, e, claro, suas contribuições. Fizeram a contabilidade e, fechado o valor da gravação, partiram para o trabalho. Foi assim que Maurício Aquino, Adeildo Neto, Edivaldo Saraiva, Marcos Câmara, Alexandre Lacerda, Gilvan Soares e Ivan Pinheiro conseguiram gravar o trabalho autoral “PÉ D’ÁGUA”, do “Bicho de 7 Cabeças”. Quatro canções. Duas no lado A (“Pé D’Água” – Maurício Aquino/Adeildo Neto e “Sócrates Kid” – Adeildo Neto) e duas no lado B (Sêca Maior – Adeildo Neto e “Saudade” – Alexandre Lacerda/Marcos Câmara/Adeildo Neto).
 


Detalhe: o disco tem capa dupla e encarte com as letras. O que não era comum para um compacto. Sendo assim uma edição de luxo. E mais: a capa interna reproduz as assinaturas de todas as pessoas que contribuíram para a gravação daquele disco. Uma jogada de marketing, mas feita com o coração. E o que dizer das canções. Lembro de, quando no seu lançamento, ter comentado com alguns amigos que elas tinham (tem até hoje) a qualidade de uma canção do Zé Ramalho, do Geraldo Azevedo e tantos outros cantores/compositores do gênero. Queria só relembrar um pouco desses sete rapazes, botar de novo pra tocar na vitrola o compacto (o que faço agora!) e fazer uma viagem de volta no tempo. Dê uma espiada nos seus guardados. Você pode ter também uma preciosidade dessa em sua casa. E viva o nosso som! Viva a nossa gente!

Eliel Silva/janeiro de 2014
Imagens: Arcevo doautor do texto

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