Festa modesta
Fui
somente para cumprir o prometido. Na verdade, um programa bem melhor seria
ficar em casa ouvindo os meus rocks, os meus blues. Mas àquela festa, já
tradicional na cidade, eu havia faltado talvez as duas últimas. Dessa vez não
tive como fugir. Diz o ditado que “de graça, até injeção na testa”. Pois então!
O músico amador se esforçava para fazer o povo dançar. Não é tão fácil assim,
logo no início do baile. A não ser que um casal mais afoito, e sempre aparece
um, se atreva, tome a iniciativa. E não é que apareceram uns dois ou três. Mas
interessante mesmo foi quando, numa sessão de samba, uma morena, bem
“apanhada”, se levantou e começou a mostrar os seus dotes de sambista. Ele,
meio tímida, dentro de uma saia bem curtinha, ficou por ali, perto da sua mesa.
Até que uma colega, a feia, e sempre aparece uma, também entrou no clima, e
convenceu a rainha a ir para o salão de dança. Ai foi desconcertante. A morena
ficou mais estonteante, mais solta, dançava com uma sensualidade que chamava a
atenção. A moça feia se batia, remexia, mas jamais superaria aquela deusa.
Falando em feia, dizem que o céu está cheio delas. Imagine só o plantel! As
boazudas, as carnudas, estão é mais para o inferno. Elas já infernizam a vida
de qualquer um aqui nesse chão. Demorei pouco naquela festa modesta. Mas foi o
suficiente para me encantar com aquela dançarina. A morena. E sentir pena, mas
muita pena mesmo, da outra moça. A feia.
Ela que também tanto sambou, rodopiou, se esforçou, mas não convenceu. E pelo
jeito, somente eu lhe prestei atenção. De tão observador que sou.
Eliel Silva /
dezembro.2013
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