“Mais, quero mais,
nem que todos os barcos
recolham ao cais,
que os faróis da costeira
me lancem sinais.
Arranca a vida, estufa a vela,
Me leva, leva longe,
longe, leva mais...”
(Vida – Chico Buarque)
Mudança de hábitos
É você viver por quase toda uma vida ao lado de
alguém, que acaba absorvendo até as manias, dissimulando os defeitos, se
arranjando um jeito de seguir vivendo. Assim, “vão viver sobre o mesmo teto até
trocarem tiros”. E eis que alguns deles são tão certeiros! Não tem essa de bala
perdida, não. Elas tem sim, muita direção. Você refaz a sua rota, sai de cena
atingido “no corpo, na alma e no coração”. Sente-se uma fera ferida. Sobrevive.
Aos trancos e barrancos reconstrói sua fortaleza, encontra outro sentido pra
viver, “outro amor, outro lar”. Depois de algum tempo sozinho, recolhendo os
seus pedaços, você já nem sabe o que é errado e o que é o certo. Sai buscando
espaço pra seguir num caminho incerto. Assim tão blues, tão “meio bossa nova e
rock and roll”, vai matando um leão por dia pra sobreviver. A vida lhe aponta
outro horizonte, lhe oferece outra chance e você se apega a ela como se fosse
tábua de salvação. Sabe que aparecerão outros dissabores. Onde há vida, há o
caos. Seres são mistérios, seres são mutantes. “Gente nasceu pra querer”. Há
que se adaptar a outras manias, outros hábitos, outros costumes, e até quem sabe, a outras vestes.
E é bom que fique bem atento, porque pode ser também que depois de tantas
mudanças, tantas adaptações, você descubra que a sua alma não é mais a mesma. Mas
“há que se cuidar do broto”, e o tempo se encarregará de lhe dar a flor e o
fruto. Você é um novo estudante... um eterno aprendiz.
Texto:
Eliel Silva - fevereiro/2013
Imagem:
Internet
Um comentário:
Texto perfeito...
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