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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

sábado, 3 de novembro de 2012

Visitinha de beija flor

“Eu sou o consumo
de um sol sem calor.

Enfim,
sou resumo do riso e da dor.
Eu colho a tristeza
em forma de flor.
Na paz da certeza
onde canta o amor.”
(“Resumo” –
Mário Marcos / Eunice Barbosa)
 
Mosaico

Ora, quem sou eu, incapaz de ouvir estrelas.
Sem ser poeta, eu só falei,
e uma delas me ouviu atentamente, pacientemente,
com aquele seu brilho discreto.

Nunca em minha vida eu fiz tanto uso de sabão em pó.
Diz o ditado que “roupa suja se lava em casa”
e assim eu fiz.
E naquela bucha que eu lavava a louça
espremia todo o meu drama
que escorria por entre os meus dedos.
Num pano de prato, único,
Uma velha estampa que não passava da quinta-feira.

Meus dias eram sempre iguais.
Só, com os meus botões,
imaginando um futuro incerto,
eu prosseguia.

Os amigos, esses desapareceram,
salvo dois ou três.
E com esses poucos, porém sinceros,
eu montava a minha tropa de combate.

Também por aqueles dias eu troquei gato por cães,
depois por lebres, que desapareceram também,
exceto um gato vadio que lhe dei guarida.
Esse não me abandonou.
Me procura até hoje.

Uma rezadeira me alertou
para eu me cuidar de pessoas muito próximas.
Seguindo seu conselho,
fui ficando cada vez mais sozinho
e  assim busquei meu caminho.

Em todo esse tempo eu contava os dias,
as horas, os minutos...
O momento de tudo mudar.
Meses e meses, eu contava as luas.
Subia e descia com a maré.
Já que amar é assim...
Sorri um pouco nas “festas de abril”
Sonhei com um “sol de primavera”
Mas me veio um setembro negro
Um anjo triste se apossou de mim
Aí foram rezas e curas
que muito me valeram.
Criei coragem aos poucos.
Mudei meus planos.
Acreditei.
Tudo mudou.
Hoje estou mais feliz.
Créditos:
 Eliel Silva – novembro de 2012.
Imagem 1: Internet
Imagem 2: Eliel Silva

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