"Seja mais humano
Seja menos canino
Dê guarita pro cachorro
Mas também dê pro menino
Se não um dia desse você
Vai amanhecer latindo
Uau! Uau! Uau!..."
Seja menos canino
Dê guarita pro cachorro
Mas também dê pro menino
Se não um dia desse você
Vai amanhecer latindo
Uau! Uau! Uau!..."
(Rock da Cachorra - Eduardo Dusek)
DE BICHOS E GENTE
Paulo Roberto França
Não sou contra os animais, apesar de não gostar de cães. Até já criei gatos e bons canários na infância quando não existia as frescuras do Ibama. Sou a favor da convivência entre os seres e da punição severa aos maus tratos sejam aos gatos, cachorros, micos, baleias ou homens. O que me deixa perplexo e enjoado é essa onda de exagero e idolatrismo que tem ditado as relações entre as pessoas e seus animais. Hoje se gasta fortunas com roupas, rações, veterinários, salão de beleza, psicólogo, hotéis, viagens e cemitérios com o tal bicho de estimação. Tem gente que jura conversar com o seu cachorrinho, outros entendem miado de um gato, muitos acham que não existe companhia melhor e por ai vão os delírios caninos, felinos, etc.
Sem querer filosofar, acredito que este apego cada vez maior aos irracionais se deve em parte ao descrédito do homem com o seu semelhante. Na falta do bom dia, do abraço, da parceria, da honestidade, as pessoas procuram a compensação em outros seres, que poderia ser até em ETs que viessem a terra, mas na ausência deles serve o animal comprado, presenteado, adotado, isso mesmo, adotado, para terem a sensação que além de comer, cagar e sujar a casa, ele também é o companheiro ideal. O pai, a mãe que partiu, o marido, a mulher ausente, o irmão que só pensa em droga, o amigo que não te liga mais, a namorada ou namorado traira. Tudo isso o bichinho substitui com a vantagem de não discutir a relação.
Sei que desde o início o homem divide espaço com animais de forma amistosa, mas colocá-los no patamar de igualdade humana que vemos hoje é de uma irracionalidade sem fim. Será que o dono do cão de raça, o gato siamês ou do vira lata já visitou um hospital infantil para exercer alguma forma de voluntariado? Será que dá atenção aos familiares idosos ou os manda para um asilo? Já procurou participar de um programa de ajuda aos drogados ou alcoólatras? Já deu uma "ração" ao morador de rua? Já deu uma aula gratuita a uma turma do ensino público?
Calma pessoal, isto não é discurso moralista. É um chamamento a reflexão, porque se Francisco de Assis deu lição de irmandade amando o irmão sol, a irmã lua, o irmão lobo, que se crie e cuide bem dos seus bichos, mas não precisa esquecer que o Maior de Todos disse que o mistério do bem viver está em amar ao próximo. Simples. Antes que me apedrejem, vou avisando que não pretendo fazer campanha no facebook para que se extinga o Louro José, apesar da chatice dele. A Ana Maria Braga não. Esta é humana, apesar de parecer uma ave exótica, mas peço que também não façam campanha junto à Unesco para criar o "Bichinho Esperança". Enquanto isso ouço Eduardo Dusek a cantar "troque seu cachorro por uma criança pobre".
Imagem: Internet
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