“Voar, voar
Subir, subir
Ir por onde for...
Descer até o céu cair
Ou mudar de cor...”
(“Sonho de Ícaro” –
Pisca e Cláudio Rabello)
Epílogo
Estava pra lá de cansado, quase já não podia falar.
Lembrei-me então daquelas missionárias que vi na TV e gritei (no mesmo tom do papagaio):
- Vamos, entrem em forma, todas! Vou mandá-las pra África do Sul.
Me veio uma velha meio caduca e perguntou:
- Em que iremos, comandante? Num avião da Força Aérea?
- Nada disso, vão numa dessas fobicas daqui, mesmo.
Ela pôs a mão na cabeça e gemeu: - Que horror!
Outras senhoras, tresloucadas, gritaram: - Peguem ele!
E avançaram pra mim com pedaços de pau.
Falei: - Eu me rendo. Mas me deixem chegar mais perto da varanda.
Disseram: - Tudo bem! Se você correr o chão lhe pega, se ficar a gente lhe come.
- Credo! Ficar ia ser pior.
Pulei lá de cima. E queria por fim aquilo tudo. Gritei seu nome, Baby. Fazia um frio na alma.
Ao descer senti que subia. E não me enganei, pois vi toda aquela confusão lá embaixo. Alguns me acenavam.
Alguém gritou bem forte: - Sejam felizes!
Achei estranho... mas te vi ao meu lado.
Fomos para o céu sem passaportes.
Texto: Eliel Silva
Imagem: Internet
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