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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

quarta-feira, 14 de março de 2012

Só uma palavra me devora

Cícero, Willian e Ilton 
(em evento do Goto Seco)

O mar e a lua

O mar, a lua, eu e você
Eu, você, o mar e a lua
O mar, você, a lua e eu
A lua, o mar, eu e você
Todos juntos numa coisa só
Na mais perfeita representação da natureza

O que seria do amor sem o mar?
O que seria do mar sem o amor?
O que seria do meu amor sem as ondas do mar?
Que com seus vai-e-vem embriagantes
Levam meus poemas apaixonantes
Para a bela e solitária sereia
Que se esconde nos meandros
Dos parrachos de Maracajaú

O mar me alimenta
Não de peixes, mas de vida
Com sua imensidão, dilui minhas tristezas
E me fortalece com as energias do bem
Do além, além-mar

Tristes os que não contemplam o mar
Na simplicidade de suas marolas
Ou na imensidão dos tsunamis
Ma agora eu decreto: que todos amem
Amem o mar
O mar e a lua
Que despida, aparece nua
Para contemplar o mar

O mar, a lua, eu e você
Eu você, o mar e a lua
O mar, você, a lua e eu
A lua, o mar, eu e você
Tudo misturado numa coisa só
O mar é uma onda.

                                   Ilton Soares
***
Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Ferreira Gullar

 Imagens: Internet

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