Agora um conto

A menina e o poeta

Ele sempre foi um romântico incorrigível, e buscava inspiração nas canções de amor, nos poemas românticos. Declamava trechos (nunca esquecendo de citar seus autores) quando o momento pedia aquele contexto, e desde que tivesse alguém merecedor de tal galanteio. Foi sempre assim. Anos e anos de romantismo e sonhos. Assim, num desses momentos de pura emoção (e inspiração emprestada dos velhos menestréis), ele cruzou na rua com aquela amiga de infância, então, já uma moça feita, e mandou essa: “moça, me espere amanhã!” Ela sorriu, achou aquilo o máximo, e respondeu: “Vou esperar!” Isso talvez sem intenção nenhuma. Minha avó paterna (que Deus a tenha!) costumava dizer que a gente deve sempre falar e pedir coisas boas, porque, segundo ela, no céu tem um anjo sempre dizendo “amém!”. Depois de tanto tempo recordo as palavras de minha avó e vejo que ela tinha razão. Aquela moça tão meiga, a partir daquele dia em que se encontrou com o poeta, seu amigo de infância, e recebeu aquele recado, pareceu estar fadada a lhe esperar pela vida afora. Viveram amores diferentes, se desencontraram. Perderam-se em sentimentos errôneos. Amores indecisos. De forma que quase chegaram a perder a esperança de um possível reencontro. Que nada! Aquele anjo, do qual falou a minha saudosa avó, estava de sentinela, e cuidou em refazer a história. O fato é que a menina e o poeta se reencontraram muito tempo depois e descobriram que havia um pacto firmado entre eles, quase que por acaso, há muito tempo. Mas já era um caso escrito nas estrelas.

OBS: Isso é pura ficção. Aproveitando o momento em que rendemos nossas homenagens ao cantor/compositor Wando.

Músicas citadas: “A Menina e o Poeta” – composição de Wando, gravada por Roberto Carlos no ano de 1976. “Moça”- composição de Wando, gravada pelo autor no ano de 1975.

Texto: Eliel Silva
Imagem: Internet