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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

New Morning


Quando cheguei nessa terra
com uma mão na frente, a outra atrás
O corpo comprava briga,
a alma clamava paz...”
(Uai, Bichinho – Zé Geraldo)

Entre sucatas e gurus

Bringing It All Back Home* 

E então eu desci aquela ladeira antiga, naquele dia, feriado para uns e outros não. Uma multidão caminhava pelas ruas da cidade clamando paz. Eu, que em tempos idos era um  caminhante também, estava alí, estático, coração meio que desconcertado, mas com uma fé refeita. Cuidei em arrumar as minhas tralhas, e me apeguei a elas como quem se apega a uma tábua de salvação.  Nas paredes pendurei algumas peças de sucata, estampei meus ídolos, afugentei fantasmas.
"Meu violão verdadeiro que
grita não sei pra quem!"
Meu velho toca-disco de vinil me ajudou, foi solidário, e resolveu funcionar mesmo depois de tanto tempo parado, esquecido. O meu mundo digital entrou em pane, foi totalmente deletado naqueles dias. Revirei minha velha lixeira, encontrei vários diamantes esquecidos no tempo. Mas o que vou ouvir primeiro? A quem recorrer nesse momento tão meu, e eu tão só?! Não quis recorrer ao rei, pra não ficar repetitivo, e além do mais, a hora não era de tanto romantismo, mas de luta, de recomeço... Peguei um velho Dylan e pus pra tocar. Aos primeiros acordes de “New Morning” tive a certeza: é com esse que eu vou (mais uma vez). 

Simples acordes
Quantas vezes eu já havia recorrido às suas canções, que sempre me soaram como verdadeiros mantras, para me ajudar a tocar em frente, me dar coragem. É certo que depois muito "Roberto" rolou na vitrola, e tanto Chico, tanto Zé, e até Piaf, "Non, je ne regrette rien" ("não, eu não me arrependo de nada"); mas naquele momento primeiro Bob foi mais uma vez o meu guru. 
Diamonds and rust
E assim, meio “Like a Rolling Stone”, fui ficando por aqui, no “abrigo da tempestade”. Finquei outra vez as âncoras nesse chão, meu novo (antigo) recanto de paz, de busca, de meditação. Tô vivendo, tô assim... tentando alcançar o paraíso antes que me fechem os portões.
Flores novas
* (Trazendo tudo de volta para casa)

Texto: Eliel Silva
Fotos: Eliel Silva e Bel Silva

2 comentários:

Anônimo disse...

Amigo Eliel, estamos sujeitos a experiências diversas na vida, porém, devemos nos esforçar ao máximo para não perdermos nossa identidade, a vida é assim, falo por experiência própria, acho que temos algo encomum, a música nos faz revigorar e ao mesmo tempo nos dá força para seguir em frente ultrapassando barreiras maiores que nós mesmos(se bem que não sou tão grande). "Acordes simples" as maiores coisas são ditas através deles, apesar de estarmos envolvidos em uma imensa floresta harmônica sempre se faz necessário retornarmos a introdução de onde viemos e pra onde iremos, com tudo, sempre um intermezzo dentre uma estrofe e outra intercalando com improviso nos faz seguir driblando as dificuldades obstáculos e incerteza que a vida por ventura nos coloca em meio a melodia da vida. Abraço, Dedé.

ELIEL SILVA disse...

Obrigado, Dedé, companheiro de arma (a canção), pelas palavras de carinho e conforto. Pela força... Obrigado a todos os amigos e amigas que ligaram, que me falaram, me abraçaram, me pararam e/ou me levantaram. A vida é isso mesmo... Até!