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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

domingo, 18 de setembro de 2011

Por que será?

“Esses senhores se sentam à mesa
Decidem por nós...  Negociações...
Estúpidos e idiotas da política!
Dólares, tanques e mísseis
Meu coração tropical não aguenta
E o Cruzeiro do Sul, que não nos orienta?”
(“No Maior Jazz” – Belchior)


Cultura, vaidade e individualismo na terra do Engenho Guaporé



Aprendi na escola primária que cultura são as expressões e crenças de um povo transmitidas entre as gerações e que a mesma deveria ser preservada. Também aprendi que a cultura une os povos, ou pelo menos aqueles que seguem um conjunto de hábitos e tradições comuns a um grupo social. Aprendi também que a cultura está em nossa mente, coração e alma e que deveria ser despida de interesses individuais, haja vista que é algo que se constrói coletivamente.
Entretanto, acontece que o que aprendemos na escola às vezes é bem diferente da realidade. Muitos ditos entendidos em cultura a fazem por interesses privados, pessoais, e não pelo trabalho de preservar as tradições e história de um povo. Outros até tentam fazer algo em prol da cultura, mas esbarram em dificuldades financeiras, na falta de capacidade técnica, na burocracia do Estado ou no pessimismo daqueles que só sabem atrapalhar.
Diante disso, acho lamentável o que temos presenciado ultimamente na terra dos verdes canaviais. Como pano de fundo as ruínas da casa grande do Guaporé, e no cenário principal, grupos “brigando” pelo direito à redenção daquele prédio, um dos ícones da história e cultura da terra do barão de Ceará-Mirim. Farpas daqui, farpas dali! Na platéia, o público, formado por boa parte de desentendidos em cultura, mas que acham graça nas matérias postadas nos blogs locais.
Sinceramente, minha humilde ignorância não entende! Se todos querem a mesma coisa, se ambos “brigam” pelo bem comum de todos, que é salvar a memória, a história e a cultura da terra de Madalena Antunes, por que não somam forças numa ação sinergética? Por que não trabalham numa grande equipe, cada um ajudando dentro de suas possibilidades e estruturas disponíveis?
A cultura do verde vale clama por socorro! Precisamos acabar com a vaidade e o individualismo e preservar uma história e cultura que vão muito além de casarões, brasões e barões, símbolos de uma cultura canavieira latifundiária e escravocrata.
Já dizia o Raul Seixas: “Nunca se vence uma guerra lutando sozinho / Cê sabe que a gente precisa entrar em contato / Com toda essa força contida e que vive guardada.”
Viva a cultura!
Ilton Soares
Geógrafo e professor universitário
Membro do Movimento Alternativo Goto Seco.


Foto: Blog do professor Gibson Machado (Link ao lado)

7 comentários:

ELIEL SILVA disse...

Muito bem, professor Ilton! Concordo com você.

Anônimo disse...

PREZADOS,
GOSTARIA DE DEIXAR CLARO QUE ESTE ARTIGO NÃO TEM NENHUM CUNHO POLÍTICO-PARTIDÁRIO. SEU OBJETIVO É UNICAMENTE TRAZER À TONA A DISCUSSÃO DE QUE A HISTÓRIA E CULTURA DE CEARÁ-MIRIM SÓ SERÃO REALMENTE PRESERVADAS QUANDO SOMARMOS FORÇAS, E NÃO COM LUTAS DE GRUPOS ISOLADOS.
ILTON SOARES.

Anônimo disse...

Sr. Ilton, seria ótimo se estivéssemos todos "lutando" por um ideal comum.
O museu do Guaporé foi abandonado desde outrora, quando alguns componentes da ACLA abaixaram suas cabeças às determinações de Gerônimo, que pretendia transformá-lo num hotel fazenda.Porquê só agora se manifestaram?
Eliel e Sr. Ilton, os senhores realmente acreditam que os Melo realçados pela figura de Gerônimo,tem algum respeito pelos cidadãos de Ceará-Mirim? com todo o respeito à pessoa de vocês, eu creio que os dois vivem momentos de franca ingenuidade. Onde estavam os defensores da cultura de Ceará-Mirim quando a casa grande do Engenho Divisão foi destruída? E a Usina Ilha Bela não fazia parte de nossa cultura? Aguardo resposta. Waldeck Araujo de Moura. Diretor da FNP.

ELIEL SILVA disse...

Caro Waldeck, conheço o seu esforço no sentido de resgatar esse patrimônio, e é por isso que estou a concordar com o professor Ilton, a sua preocupação também é a minha. Mas acredito que o bom senso vá prevalecer nessa causa. Conte comigo!

Anônimo disse...

Esses "doutores" que hoje, falam em salvar a cultura cearamirinense são os mesmos "doutores" que praticaram EUTANÁSIA contra ela no passado.
Quero, preciso e agradeço qualquer ajuda, que venha de qualquer pessoa, interessada no resgate de nossos patrimônios culturais, desde que não sejam os falsos "médicos", que não tiram as máscaras por estarem contaminados pelos gestores que outrora administraram Ceará-Mirim.
_Waldeck Araujo de Moura.

Anônimo disse...

Caro Waldeck
Permita-me discordar de vossa senhoria, Diretor da FNP. Em nenhum momento houve ou há ingenuidade de minha parte e do Eliel Silva, não defendemos grupos e/ou partidos políticos. O que há sim, são discursos e ações retrógradas e vazias de alguns. Pouco importa agora se A ou B quis acabar com o Museu, e sim, o que será feito daqui para frente. Acusações, verdadeiras ou falsas, não trarão a redenção do Guaporé. E repito, vaidade e individualismo pouco contribuirão com a cultura de Ceará-Mirim. Veja o exemplo da Revista de Poesia Contemporânea de Ceará-Mirim, lançada no último dia 11 de setembro. Só tornou-se realidade, graças a parceria entre 17 poetas e poetisas, o Movimento Goto Seco e o apoio de uma empresa privada. É assim que acredito que podemos contribuir com a cultura de Ceará-Mirim. “Mirem-se no exemplo...”
Em tempo: senhor Waldeck, em nenhum momento em meu texto defendi a quem o senhor ataca com tanta veemência. Minha crítica é solidária às instituições que “brigam” pela redenção do Guaporé.
Ilton Soares.
Professor e poeta nas horas vagas.

Anônimo disse...

Sr. Ilton,folgo em saber que o sr. também é parceiro da nossa cultura.Não sou vaidoso nem individualista, quem é meu amigo sabe disso,portanto, não me enquadro neste quesito e é por crer sinceramente em sua hombridade,que o convido desde já a participar junto conosco, da alegria de ver até dezembro, o GUAPORÉ abrir suas portas para o povo.
Só conto até agora na minha "briga" para reabrir o museu, com a PMCM, administração Peixoto- compromisso com o povo.