“Há muito tempo atrás
na velha Bahia
Eu imitava Little Richard
e me contorcia
as pessoas se afastavam
pensando que eu tava tendo um ataque
de epilepsia (de epilepsia)”.
(Rock 'n' Roll - Raul Seixas / Marcelo Nova)
Eliel, Erinho e João
Maluquez Revisitada
(A história que talvez não foi contada)
Conte cinco sábados a partir de hoje. Nos encontraremos então no Centro Esportivo e Cultural de Ceará Mirim para o 22º Tributo a Raul Seixas. Pois é, há vinte e dois anos estamos nessa. Mas como será que tudo começou? Vocês me permitem contar um pouco essa história? Olha, eu estava lá, naquele primeiríssimo, no número um. Foi assim...
Segundo o Erivan Lima (que à época, ainda não era “Seixas”), apesar de já ter todo aquele acervo do Raul, viver e respirar o ídolo, como contou certa vez o Mércio, outro fã do maluco; bem, segundo ele, e eu já nem me lembrava mais, tudo começou a partir de uma conversa entre eu, ele e o Giancarlo sobre fazer uma homenagem ao cantor, que naquele agosto do ano de 1990 completaria um ano de falecimento. O nome do evento, esse eu lembro e nunca poderia esquecer, fui eu quem sugeriu. Pegando carona no clássico disco de Bob Dylan Highway 61 Revisited, de pronto eu falei: que tal “Maluquez Revisitada”? E cuidei em justificar: é que significava rever toda aquela maluquez do Raul, naquele momento, uma vez por ano. Para o bem de todos (para o meu mais ainda) e felicidade geral da nação raulxeixista, a ideia foi aceita pelos outros dois. E até hoje permanece esse título. Agradeço ao Erinho, meu amigo de longas datas por manter a tradição de tudo, celebrando assim as boas e velhas amizades e o bom e velho rock ‘n’ roll.
Eliel, Erinho e Ionaldo
Mas, e como fazer aquele evento se a gente não tinha um tostão? Foi ai que surgiu a ideia de “cair em campo” e pedir ajuda dos amigos, amantes da boa música. Recorremos ao velho guru, Manoel Ubiratan, que na época exercia um cargo importante na Secretaria Municipal de Educação, que nos cedeu um material para confecção de um livreto com matérias sobre o cantor homenageado. Inclusive eu, que havia escrito um longo poema para o Raul, Réquiem para uma estrela, achei por bem publicá-lo naquele momento. Assim, com a ajuda desses vários amigos, e de outros que citarei adiante; com aquele bendito livrinho, que no dia do tributo a gente distribuiu com as pessoas presentes, em troca de qualquer ajuda financeira para pagar as despesas com o equipamento de som da banda “Forró do Povo”, do nosso amigo Luiz, foi possível dar o primeiro passo para àquele que mais tarde se tornaria o evento mais tradicional da cidade, reconhecido aqui no estado e em todo o país. O espaço do Centro Esportivo nos foi cedido de graça e de forma muito generosa pelo então presidente João Maria (conhecido como João Maria do SAAE). Certo dia, conversando com o Erivan “Seixas” (hoje ele já pode se considerar assim), comentamos sobre a importância daquele gesto do presidente, acreditando no nosso trabalho, e olha que se tratava de música ROCK, gênero marginalizado na cidade por aqueles tempos (e se brincar, até hoje). Naquele momento, um “não” pra gente seria fatal. Porque ficaríamos desestimulados para prosseguir. Felizmente tudo tem dado certo, apesar das dificuldades.
Giancarlo, Ionaldo e Eliel (a "grande" banda -
o fotógrafo escondeu o baterista Naldo e/ou Manoel -
o garotinho que observava lá no fundo do palco
talvez não visse futuro nenhum naquilo)
E a banda pra tocar? Ora senhoras, ora senhores, se não tínhamos dinheiro nem para o som, como poderíamos contratar músicos. Então é como diz o dito popular: se não tem tu, vai tu mesmo. E fomos! Foi ai que entraram em cena, além dos já citados aqui, também o Ionaldo Oliveira, o João Palhano, os filhos do saudoso Etewaldo Santiago, Manoel e Naldo. Montamos “a banda” com os nossos poucos recursos. Fizemos a festa. O pequeno cartaz (pequeno é apelido, era minúsculo, porém de muita importância) foi um trabalho do João Maria Câmara, um velho amigo nosso que na época trabalhava numa gráfica em Natal.
No próximo sábado se vocês me permitirem eu conto mais.
Créditos:
Texto: Eliel Silva
Fotos: Acervo pessoal
Créditos:
Texto: Eliel Silva
Fotos: Acervo pessoal
8 comentários:
Grande Eliel,
É com enorme ansiedade e contando nos dedos as semanas que esperamos o mês de agosto para podermos nos reunir e curtir o som o Maluco Beleza. É bom ver naqueles que ali estão presenteS a satisfação de poder curtir um evento que a cada ano vai tomando proporções cada vez maiores. Talvez seja somente uma única vez no ano, em um sábado do mês de agosto que nossa cidade receba um número tão grande de visitantes, alguns chegando cedo para curtir os "quitutes" do mercado e outros se reunindo em grupos ao longo da rua Manoel Sobral, em frente ao CEC, esperando a hora do evento começar.
Aproveito para agradecer pelas palavras em nome do meu pai, sei que quando se trata de eventos de gente da terra e de pessoas responsáveis ele nunca mediu esforços de ajudar quando esteve a frente do CEC.
Um grande abraço.
Eliel, boa sua ideia de contar em "fascículos" semanais um pouco da história do tributo. Assim vc vai trazendo velhas lembranças à tona e aumentando a ansiedade dos adeptos ao tributo e ao Rauzito.
Abraço.
Ilton.
É sempre muito bom ver como tudo começou, embora já tenha ouvido várias vezes algumas dessas histórias pessoalmente, me divirto muito com elas faladas ou escritas.Até o próximo sábado.
Hérmano Kda2
Essa lembraças me trazem uma certa nostalgia do não vivi (haha), mas é como se sentisse sua empolgação em ter estado lá, por que vivo a alguns anos esse prazer unico por ano de estar tambem lá, junto a uma galera que em torno das músicas do rauzito troca idéias e vive realmente um dia pra recordar! viva a raul e viva seu texto cara, muito massa!
Eduardo - GOTO SECO
Caro Eliel, eram tantos bateristas na época que posso até arriscar que poderia ser eu, eheheheh, ams bricadeiras a parte seu blog está cada vez melhor. abrços Washington
Grande Eliel, isso mostra que a força de vontade somada a vontade de fazer, tem seus frutos garantidos. Apesar das pedras, a vitória dos humildes sempre prevalece. Fazer o que se gosta acima de tudo e por tudo! Abraços a todos que fizeram e fazem parte desta história.
Carlos Henrique
Gostei amigão, não vou perder um só capítulo desta história, ainda mais sabendo que se trata de gente da gente. Um abraço do seu amigo Bombeirinho(Ozair).
Como eu gostaria de voltar a esse tempo, onde nós fazíamos tudo sem pensar no depois. Não existia a preocupação de fazer e aparecer e sim a emoção de estar ali naquele momento e vivê-lo intensamente. Não havia estrelas, muito menos constelação. Éramos nossos próprios fãs e ao mesmo tempo protagonistas de toda aquela situação. O movimento cresceu, mudou e tomou outro rumo. Não preciso dizer aquilo que todo mundo já sabe, o sucesso é total... O que me conforta é saber que eu também fiz parte dessa história. (IONALDO)
Postar um comentário