-

"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mestre

“Sai dessa onda, que seu barco tá furado
Tu tá rouco, tá cansado
Como quem já se afogou

Entra na nossa feijoada à brasileira
Cauby canta a noite inteira
E ele é o nosso professor.”
(Vai Escutar Cauby Cantar Benito Di Paula)


CAUBY, CAUBY! – ETERNO CAUBY!

Paulo Roberto França

Não era um show do Roberto Carlos, mas vivi grandes emoções na noite de 6ª feira ao assistir pela primeira vez Cauby Peixoto cantando ao vivo. O seu público cativo vestido como nos anos dourados parecia ir ao Copacabana Palace. Senti-me um menino no meio daquilo tudo. No alto dos seus 80 anos e com a saúde debilitada que só permite cantar sentado, Cauby mostrou que a voz continua a de sempre, ou seja, maravilhosa e única. No repertório alguns clássicos internacionais como “New York, New York”, passando por duas canções dos Beatles, porém inovou nas belas versões que deu para “Lembra de Mim”, de Ivan Lins e “Guerreiro Menino”, de Gonzaguinha. Neste momento senti que seus fãs legítimos pareciam incomodados com a inovação. O cantor talvez pressentindo o mesmo, logo tratou de avisar que iria atacar de “Cauby Peixoto” e deitou o vozeirão com suas pérolas como a eterna “Conceição”, mas o que me emocionou mesmo foi  a interpretação de “Bastidores”, presente que recebeu de Chico Buarque no final da década de 1970, que para mim é a mais pura tradução de Cauby Peixoto. Para completar a maravilha de show, ele cantou duas canções da dupla Roberto e Erasmo. “A Distancia” e “Desabafo” ,esta em ritmo de tango que ficou um barato. No final, amparado por uma senhora, ficou de pé e deu alguns passos a beira do palco para pegar na mão dos fãs que o ovacionavam. Confesso que não resisti à tietagem e apertei sua mão. Percebi várias mulheres chorando. Não podiam mais rasgar seu terno que continua brilhante. Os sapatos idem. O velho e bom cantor não abre mão do luxo e da perfeição. Se falando a idade pesada às vezes atropela o raciocínio, cantando, mesmo com uma banda resumida, continua divino. Foi o primeiro show que vi dele e talvez o último, porém com certeza não me esquecerei desta noite. Nem me incomodei ao receber o comunicado de que o mesmo não receberia os fãs para autógrafos e fotos depois de esperar meia hora. Entendi seu cansaço. Sai feliz. Acabara de ver um mito que “cantou, cantou, jamais cantou tão lindo assim” e “todo o cabaré o aplaudiu de pé quando chegou ao fim”.

* Imagem: Internet

4 comentários:

ELIEL SILVA disse...

Valeu, Paulinho, meu professor! Maravilha de texto. Obrigado por estar de volta ao R&C.

Filippo Damasio disse...

Tive o prazer de produzir esse show, e tenham certeza, foi um dos momentos mais felizes da minha vida.

Rildo Andrade disse...

É um imenso prazer participar dessa família chamada Trupe - Promoção e Entretenimento, o qual produziu este show espetacular.

Edvaldo Morais Lopes disse...

Valeu, Paulinho!
Grato por partilhar conosco estas emoções.
Edvaldo Morais