Raridade de 1984, disco de Waldick cantando Roberto é lançado em CD
Embora pouco conhecido na discografia de Waldick Soriano (1933-2008), o álbum merece ser redescoberto e tem detalhes interessantes
Hagamenon Brito | Redação CORREIO
Primeiro lançamento da extinta gravadora Arca, inaugurada por Ary Carvalho em 1984, o disco Waldick Soriano Interpreta Roberto Carlos estava fora do mercado há 26 anos. Pelo selo Discobertas, do jornalista, pesquisador e produtor carioca Marcelo Fróes, ele ganha sua primeira edição em CD.
Embora pouco conhecido na discografia de Waldick Soriano (1933-2008), o álbum merece ser redescoberto e tem detalhes interessantes, a começar pela responsabilidade dos arranjos e regências do trabalho: Eduardo Lages. É o maestro de Roberto, com quem trabalha desde 1977.
Interpretados pela voz inconfundível de Waldick Soriano, os clássicos compostos pelo Rei e Erasmo Carlos (que completou 70 anos domingo) ganham, quase todos, o andamento abolerado que marcou a obra do autor de pérolas como Eu Não Sou Cachorro, Não e A Dama de Vermelho.
Privilégio
Poucos intérpretes brasileiros tiveram autorização de Roberto Carlos para gravar discos com canções do seu repertório. Waldick Soriano foi o primeiro grande nome masculino a merecer tal privilégio, integrando um time que tem também as divas Nara Leão (1942-1989) e Maria Bethânia. As duas lançaram releituras em 1978 e 1992, respectivamente. A própria edição agora em CD contou com a autorização do Rei.
Com 12 faixas, incluindo os medleys Como Vai Você/Os Seus Botões/Outra Vez e Desabafo/Seu Corpo/Falando Sério, o repertório de álbum reúne Não Se Esqueça de Mim; Proposta; Café da Manhã; Amada Amante; Escreva uma Carta, Meu Amor; Esqueça; A Distância; Não Quero Ver Você Triste; Cavalgada; e Eu Quero Apenas.
Gravada originalmente por Roberto no disco Jovem Guarda (1965), e composta por Pilombeta & Tito Silva, a ingênua Escreva uma Carta, Meu Amor vira um precursora do arrocha baiano na versão de Waldick. O mesmo acontece com Esqueça (1966), versão de Roberto Corte Real para Forget Him.
Brega
Baiano de Caetité, no sertão do estado e a 757 km de Salvador, Waldick Soriano trabalhou como lavrador, engraxate e garimpeiro antes de se tornar cantor popular de muito sucesso na década de 60. Um dos maiores ícones da chamada música brega, pois não.
O que hoje chamamos de brega romântico - canções de sentimentos exacerbados sobre brigas de amor, rotina de solitários e encontros e desencontros amorosos - não nasceu com a Jovem Guarda, nos anos 60. Suas raízes aparecem, por exemplo, nos arroubos operísticos de Vicente Celestino (décadas de 20, 30 e 40); e nas músicas de Adelino Moreira imortalizadas por Nelson Gonçalves a partir do final dos 50.
Mas, próximo ou no rastro da Jovem Guarda, foi que floresceram artistas muito populares como Waldick, Wanderley Cardoso, Antonio Marcos, Paulo Sérgio, Márcio Greyck, Nelson Ned, Agnaldo Timóteo e, mais tarde, José Augusto, Fernando Mendes e Amado Batista, entre outros.
Como Roberto liderou a Jovem Guarda e é o maior ídolo da história da música romântica brasileira, toda essa turma teve influência do Rei em algum momento de sua carreira. Portanto, nada mais natural que um dia Waldick Soriano tenha gravado um disco homenageando RC. Sobre Waldick, que criou um personagem machão que lembrava um cowboy do sertão, vale a pena ver o documentário Waldick, Sempre no Meu Coração (2007), de Patrícia Pillar.
Fonte: CORREIO / O QUE A BAHIA QUER SABER
http://www.correio24horas.com.br/noticias/detalhes/detalhes-1/artigo/raridade-de-1984-disco-de-waldick-cantando-roberto-e-lancado-em-cd/
2 comentários:
Eliel, eu consegui numa loja de raridades este disco convertido para cd e confesso que me surpreendi com a qualidade. Vc tem razão nos seus comentários. Apesar de brega como se autodenominava, Waldick primava pelas boas produções. O repertório é bom e o seu estilo deu uma roupagem novas aos sucessos do Rei. Vale a pena.
Abraço
Paulo Roberto França
É isso mesmo, Paulinho. Waldick tem bom gosto e é um excelente cantor e compositor. Fiquei feliz em saber que o relançamento foi autorizado pelo próprio Roberto. Tomara que ele também autorize relançar o de Nara Leão com o seu título original. Entre essas raridades também tem um do Ricardo Braga (esse eu também tenho o LP) pela RCA.
Valeu, amigo!
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