-

"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

O professor

"Cantei, cantei
Nem sei como eu cantava assim
Só sei que todo o cabaré
Me aplaudiu de pé
Quando cheguei ao fim."
("Bastidores" - Chico Buarque)



Cauby Peixoto, 80 anos

A vida e a obra de um artista que já nasceu velho como cantor
Pedro Alexandre Sanches, repórter especial iG Cultura

O homem que completa 80 anos nesta quinta-feira (10 de fevereiro) gosta de se resguardar e de poupar ao máximo as energias que armazena. Anda em passos curtos. Prefere ficar sentado que de pé. Responde com frases curtas às perguntas daqueles que se amontoam ao seu redor numa segunda-feira, o único dia da semana em que ele costuma, religiosamente, sair de casa. “Olha, eu gostaria de sair mais se pudesse, se não fizesse mal. Beber, por exemplo, eu não bebo, porque sei que não é bom”, explica o resguardo, no dia da exceção.
Em algum momento da noite ele soltará de vez a voz, conhecida Brasil afora há 60 anos. E provará que ela, a voz, é a única coisa que ele, o cantor, extravasa sem economia de esforço. Niteroiense radicado em São Paulo, Cauby Peixoto mantém-se há oito anos em temporada contínua no igualmente histórico Bar Brahma, de São Paulo. É ali que ele dissipa a energia ainda acumulada no auge de seus 80 anos.
Na noite de 17 de janeiro, o mítico compositor paulista Paulo Vanzolini abrilhanta a plateia do bar, o que confere simbolismo extra à “cena de sangue num bar da avenida São João” de "Ronda", interpretada por Cauby três vezes durante o show, em português e em espanhol. A voz de trovão, acredite, está em grande medida preservada. Imóvel, Cauby faz ela verter pelo salão como se fosse o sangue do verso de Vanzolini. A plateia retribui acenando-lhe lenços brancos improvisados em guardanapos de papel. Ele devolve o gesto e o afeto, balançando em gestos mínimos seu lenço de linho.
Fonte: iG Último Segundo
Endereço para ler matéria na íntegra:


Nenhum comentário: