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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Análise descontraída



Canções no tempo

Nós, seres aficionados por música, temos o privilégio de vivenciar momentos inesquecíveis da criação dos nossos cantores/compositores, de todos os tempos, de todas as línguas e de todos os estilos. Sou feliz de, como apreciador da canção popular, acompanhar o surgimento de um sucesso, a descoberta ou até redescoberta de uma canção. Tem sido assim comigo dos anos 60 pra cá. É certo que na década de 60 eu ainda era um menino e não me ligava tanto em música, também o acesso era muito difícil, salvo aqueles momentos que ainda me lembro: eu ouvindo aquelas inocentes canções num rádio ABC. Na década seguinte aí sim, meus ouvidos já estavam mais apurados e os sentimentos afloravam a todo instante. Ouvia de tudo. O romântico, o rock, o religioso, o samba, o cafona (que hoje costumam chamar de brega). Tudo era uma festa para mim. E todos esses anos tenho vivido momentos maravilhosos, outros nem tanto, todos eles acompanhados de boas canções. Dou-me a esse luxo, escolho sempre a trilha sonora das minhas emoções. Impossível listar aqui as músicas que as tomei como parte da minha história. Algumas que de tanto coincidir com o que vivi ou estou vivendo, até parece que o seu autor se espelhou em mim ou roubou a minha idéia. Curioso também o fato de hoje sentir saudade de algumas canções que na época eu chegava a descartar, algumas até debochadas, e que no auge do sucesso eu não lhes dava a devida atenção. Poderia citar como exemplo algumas músicas da cantora Gretchen (Conga Conga Conga, Freak Le Boom Boom), do Sandro Becker (Julieta, Tico-tico) ou do Zenilton (Todo Mundo Lá Tem Culpa, Mudança das Capitais). Pensando bem, era um tempo bom, e algumas letras tinham tão somente a intenção de divertir. E foi nesse universo musical que hoje resolvi comparar duas canções de tempos e sentidos distintos, apesar de ambas se referirem a um mesmo personagem: o simpático e peralta pica-pau. Então vamos lá...

O pica-pau
(Renato Barros / Lilian Knapp)
Gravação: Erasmo Carlos
(Lado "A" do compacto RGE 70.224,
agosto de 1966)

Com meu bem fui ao cinema
Assistir ao festival
Onde apareceu o pica-pau


Na hora de beijar meu bem
Na tela apareceu alguém
Ou, ou, ou, ou, ou, o pica-pau


Depois disso meu amor
Não me deu mais atenção
Só dizia que bichinho legal


Bem zangado então fiquei
Por causa desse meu rival
Ou, ou, ou, ou, ou, o pica-pau

É ou não é pura inocência? Muito, bem. Agora vamos a uma criação atual da banda Grafith:
Pica-Pau
Composição: Banda Grafith

Ei gatinha você está com sorte,
O pica-pau é o rei da zona norte (2X)
Você vem no rebolation e o pica-pau
de cavalinho,cavalinho,cavalinho,cavalinho. (2x)


Ei gatinha você tá vacilando,
enquanto isso o pica-pau tá rebolando (2x)
Você na bicicletinha e o pica-pau na sacanagem,
sacanagem,sacanagem,sacanagem.(2x)


O quê que a mulherada quer ? Rolar...


Pica,pica,pica, pica-pau
Alô galera esse swing é animal (4x)

E então? Tem comparação? Tenho o maior respeito aos músicos da Banda Grafith, pois sei da competência e profissionalismo de todos eles, mas assim é querer prostituir a pobre ave. Meu Deus, chamem o IBAMA!

Créditos:
Texto: R&C
Fotos ilustraticas: internet

Um comentário:

C.Henrique disse...

Vale lembrar que sempre a associação de personagens infantis à sexualidade e a pornografia musical causam sérios danos ao público dessa faixa etária, no qual o marketing é forte e sem ressalvas.
C.Henrique