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"Engolimos de uma vez a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga." Denis Diderot

domingo, 10 de outubro de 2010

"Mas que frio faz" agora

“O inverno vem chegando
e o sol não vai surgir
tu não estás aqui,
tu não estás aqui.
A noite vem decendo
com a escuridão a deslisar.
Mas que frio dá, mas que frio dá.”
(Mas Que Frio Faz (Ma Che Freddo Fa)
Migliacci - Mattone – versão: Leno
- Interpretação: Ed Wilson)

ED WILSON, UM JOVEM GUARDA

“Lá fora um corre corre , dos brotos do lugar era o Ed Wilson que acabava de chegar, hey,hey, hey, hey, que onda que festa de arromba...” Imagino que foi com essa canção que o cantor e compositor Ed Wilson foi recepcionado ao chegar no céu esta semana pelos companheiros da Jovem Guarda que já estão do outro lado da vida.
O poeta chileno Pablo Neruda disse: "Confesso que vivi" e eu digo confesso que chorei ao saber da morte de Ed Wilson, um dos grandes nomes da jovem Guarda, não só como cantor, mas também como compositor. Ele com seus irmãos Renato Barros e Paulo César Barros fundaram a banda Renato e Seus Blue Caps, uma das principais daquele movimento e amigo de Gileno Azevedo, o nosso conterrâneo Leno da dupla Leno e Lilian de quem gravou algumas músicas. Toda vez que morre algum artista daquela época sinto uma tristeza imensa e um vazio no peito ao constatar que a célebre frase de John Lennon. "O sonho acabou" está se concretizando. Daquele movimento musical já nos deixaram Rossine Pinto que foi, indubitavelmente, o seu maior versionista e o principal compositor ficando atrás apenas da dupla famosa; Roberto Carlos e Erasmo Carlos, o compositor Carlos Imperial, a simpaticíssima cantora Silvinha Araújo, mulher do cantor Eduardo Araújo, o genial cantor e compositor Antônio Marcos, o excelente músico Mingo da banda “Os Incríveis”, os cantores negros Tim Maia, Wilson Simonal, Valdir Anunciação dos Golden Boys, a compositora Helena dos Santos comprovavam que a Jovem Guarda não era formada só por brancos como alguns críticos desinformados tentam transformá-la num grupo racista quando na verdade isso não acontecia.
A Jovem Guarda foi a trilha sonora de um momento de sonho, alegria e felicidade, que mudou os costumes e ditou a moda dos jovens durante três anos, de 1965 a 1968. Esse foi um tempo em que o sonho e a realidade ocupavam o mesmo espaço, o mesmo lugar. O rei Roberto disse em uma de suas músicas que a Jovem Guarda é uma fruta que a gente comeu e jamais esqueceu. Apesar de muito criticada pelos pseudo intelectuais, o seu líder, o rei Roberto Carlos, transformou-se no maior artista do Brasil em todos os tempos. É ele quem melhor retrata aqueles momentos maravilhosos de romantismo e simplicidade; ”Canções usavam formas simples pra falar de amor, carrões e gente numa festa de sorriso e cor, jovens tardes de domingo, quantas alegrias, velhos tempos, belos dias...”
Depois que tomei conhecimento da partida do músico Ed Wilson relembrei com saudade do ano de 1968 quando saía do Colégio Municipal de Natal, que ficava ali no Baldo e ouvia no rádio Ed Wilson cantando “Solidão nunca mais terei, pois agora eu encontrei Sandra”, ou então o seu maior sucesso que dizia assim: ”Saudade de você minha querida, que era toda minha vida...”
José Normando Bezerra
Geógrafo e Professor
Natal, RN - outubro/2010

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