"Às vezes saio a caminhar pela cidade
À procura de amizade
Vou seguindo a multidão
Mas eu me retraio olhando em cada rosto
Cada um tem seu mistério
Seu sofrer, sua ilusão."
("Casinha Branca" - Gilson/Joran)
Era mais de meio dia.
Eu me dirigia ao trabalho, tranquilo e a pé. De repente, na avenida principal,
vejo um pequeno engarrafamento. No seu velho FIAT, e às voltas com a marcha ré
que não queria colaborar, um homenzinho tentava fazer um retorno. Aos poucos,
alguns carrões modernos foram se aproximando. Percebi que quase todos os seus
condutores pareciam irritados com aquela cena. Poxa vida, eles tão bem
acomodados nos seus automóveis: ar condicionado, vidro escuro e prestações altíssimas. Eu, com o sol queimando a moleira, seguia o meu
rumo sereno, até arriscando um sorriso vez em quando. Foi aí que comecei a me
preocupar comigo: será que sou normal? Eu aqui, a pé e no sol, e ainda
sorrindo? Passei numa farmácia e pedi a mocinha para verificar a minha pressão
arterial, e saber se, de repente, eu até não estava com um pouco de febre. Ela
falou que para a minha idade até que estava tudo normal (que consolo!). Fui em
frente. Fui trabalhar. É... acho que o mundo ao meu redor foi que adoeceu. rsrs (Eliel Silva - maio/2017)